Cair e levantar. Quantas vezes forem necessárias. Para o jogador de futebol, a metáfora, muitas vezes, está fora de campo. São os “carrinhos da vida”, que levam a interrupções forçadas na carreira por episódios médicos, um dos maiores pesadelos da vida de um atleta. O volante Gustavo Blanco, do Atlético, teve a primeira lição em julho do ano passado, quando uma lesão no joelho esquerdo o afastou dos campos em momento em que atravessava grande fase. Na quarta-feira, o destino decidiu recolocá-lo à prova, com outra contusão grave no mesmo joelho. A má notícia ele já teve. A boa é que a recuperação e a volta aos gramados dependem sim dos médicos, mas também dependem muito dele.
Talvez o maior exemplo de superação recente por essas bandas, e em quem Gustavo Blanco deva se mirar, esteja na Toca da Raposa II: o zagueiro Dedé. Nos últimos anos, ninguém por aqui sofreu mais do que o defensor celeste com contusões graves e deu a volta por cima com tamanha excelência. Contratado pela Raposa em abril de 2013 por US$ 6,5 milhões (maior transação feita, até então, pelo clube em sua história), ele chegou carregando a alcunha de Mito, pelas grandes atuações pelo Vasco. Foi um dos pilares da conquista do Campeonato Brasileiro daquele ano pelo time celeste. O calvário começou em 2014, quando estava no auge da carreira – Dedé tinha 25 anos, apenas um a mais que Blanco.
A primeira lesão no joelho direito foi inicialmente tratada de forma conservadora. Não adiantou e, em 2015, foram nada menos de três cirurgias. Após 14 meses fora da equipe, o zagueiro voltou a atuar em fevereiro de 2016, mas a alegria durou só seis jogos.
Um ex-cruzeirense é outro exemplo para Blanco: o armador Montillo. Em junho de 2017, ele chegou a anunciar sua aposentadoria após cinco lesões seguidas em seis meses de Botafogo. Não suportou as dores físicas, nem o sofrimento emocional.
A biografia do futebol tem vários outros casos de superação para motivar Gustavo Blanco, mas uma delas foi, por assim dizer, fenomenal. O atacante Ronaldo sofreu e muito com as contusões durante sua vitoriosa carreira internacional. Quando não eram os problemas médicos, eram os físicos, decorrentes do tempo distante dos gramados. Psicologicamente, também precisou de acompanhamento para não sucumbir à pressão. Os primeiros sinais de problema apareceram em 1995, com tedinites crônicas nos dois joelhos. Na temporada 1999/2000, com a camisa da Internazionale, o rompimento do tendão patelar do joelho direito o tirou de combate por cinco meses. Na volta à ativa, após apenas sete minutos em campo em partida contra a Lazio, Ronaldo rompeu o tendão do joelho completamente.
A seu favor, Gustavo Blanco tem não só a juventude, mas também um amadurecimento acima da média no mundo da bola. Articulado, é o tipo de pessoa que pensa antes de falar – acredite, é uma grande virtude, que nem todos têm. Também é um jogador que em vez de se limitar a correr atrás da bola ou dos adversários, corre atrás de conhecimento.
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