Jornal Estado de Minas

Gustavo Nolasco: Pacto por 100 anos de Série A e honradez

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis


Twitter: @gustavonolascoB

Não crescemos em berço de ouro. Tampouco tivemos padrinhos políticos para encobrir nossas incompetências ou tropeços inerentes à caminhada. Nascemos Palestra, operários e imigrantes. Caímos, levantamos e à beira de quase 100 anos, nos forjamos gigantes, Cruzeiro. Podendo estufar as cinco estrelas no peito, exatamente porque superamos tudo isso com as nossas próprias pernas.

Esse mantra deve voltar às mentes celestes sempre que um cronista hipócrita do Eixo RJ-SP, um empresário envolto em negociatas ou um Sapatênis Boy, sonhando com a nossa destruição, começar a salivar o nome do Cruzeiro a cada esquina. Energias ruins se combatem com verdades.

Vivemos no Brasil uma espécie de mar lamacento de gente má e notícias sufocantes. Vide a do clube milionário da oligarquia que se revelou asqueroso ao ponto de matar sonhos dentro de um contêiner... Ufa!

O drama e as rachaduras internas provocadas pelas dívidas milionárias da instituição Cruzeiro, acumuladas por anos e várias gestões, deixou os nervos à flor da pele.

Para nós, que nunca frequentamos o topo dos rankings por outro motivo que não o dos títulos, ver o nome do gigante incontestado comparado aos tradicionais superdevedores do futebol brasileiro trouxe incômodo.

O Cruzeiro nunca teve mecenas da agiotagem, CBF/Globo, Odebrecht, banqueiros ou Newton Cardoso ninando seu berço. Mesmo assim, desde jovem, superou inúmeras crises financeiras. O que dizer da quase insolvência na década de 1950, só definitivamente revertida na era mágica dos eternos Brandi/Furletti? Quem não se lembra das soluções mirabolantes dos irmãos Masci nos anos de 1980, quando nem dinheiro para pagar conta de luz tínhamos e, mesmo assim, voltamos a ser os supercampeões da América? Alguém duvida que os Perrellas, Gilvan e Wagner Pires de Sá também viveram apuros até nos fazerem multicampeões?

Ao contrário da história de outras agremiações, desde 1921 todos eles podem se orgulhar de nunca terem vendido um centímetro do nosso patrimônio duas, três, quatro vezes de forma irregular, por exemplo. E graças à palavra do presidente Wagner e ao aval dos mais de 300 conselheiros, também não será desta vez. Fiscalizemos!

A bola de neve cresceu de forma irresponsável, mas diretoria e conselho optaram pelo diálogo. Desta forma, firmaram um pacto para não abrirmos mão de chegar aos 100 anos vividos na honradez. Respiramos, colocamos a mão no ombro e tomamos o fôlego para seguir escrevendo a história de um clube nascido para dar felicidade à torcida.

Divergências internas sempre existirão.
Fiscalização e oposição, fundamentais num processo democrático e coletivo, também. Mas, ficar de um lado, apontando o dedo numa situação em que não há um único culpado, e de outro, negar o voto de confiança à diretoria que encarou o problema, não é inteligente e só serve de gasolina para a fogueira das disputas políticas.

Definitivamente, o Cruzeiro não tem no DNA a hipocrisia, o calote ou a certeza da impunidade inerentes aos clubes mantidos pela banda podre da elite brasileira. Somos gigantes pela história de títulos e por todos (t-o-d-o-s) os homens e mulheres que contribuíram para seguirmos em frente com as próprias pernas. Não somos só futebol. Ser Cruzeiro é ter um século de caráter.

.