Jornal Estado de Minas

Jaeci Carvalho: Sem bons laterais não se chega a lugar algum

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Levir Culpi é um ótimo treinador, que sabe arrumar a casa de qualquer time, mas que comete muitos erros também. A manutenção e a insistência com Patric na lateral direita é um desses absurdos. Patric é excelente profissional, dedicado e muito responsável. Sempre disposto a ajudar. Porém, seu futebol é limitadíssimo e ele não consegue acompanhar o ritmo da maioria dos atletas. É muito comum vê-lo indo e voltando ao ataque, mas não consegue executar bons cruzamentos e ainda compromete a marcação. Com a venda de Emerson ao Barcelona por R$ 50 milhões, Guga parece que vai herdar a camisa 2. Teve uma estreia um tanto quanto apagada, mas me parece que será útil ao time.

Lembro-me de Levir escalando Patric na ponta-esquerda em sua última passagem pelo clube. Outro grande equívoco. Não é “privilégio” do Atlético não ter um bom lateral-direito. A maioria dos clubes brasileiros vive o mesmo drama. É uma posição para a qual não se revela muita gente, não sei o motivo. O Galo também tem problemas na lateral esquerda. Fábio Santos, já com idade avançada, 33 anos, não consegue mais acompanhar os velozes atacantes.
Um time de futebol sem bons laterais está fadado ao fracasso.

Vou agora citar um grande acerto de Levir Culpi: não ter apoiado a contratação de Diego Tardelli. Não por ser Tardelli um mau jogador. Ao contrário disso, para mim é um dos jogadores mais talentosos que vi no futebol brasileiro, excelente caráter, um cara do bem demais, de quem gosto muito. Porém, é inadmissível para qualquer clube do país pagar R$ 1 milhão mensais a um atleta, seja ele quem for. O Galo não poderia jamais assumir tal compromisso, e nesse ponto Levir foi decisivo. Sabemos da paixão da torcida do Atlético por Tardelli e vice-versa. Porém, paixão tem limite e um dirigente tem de agir com a razão, jamais ser passional. Tardelli acertou com o Grêmio, que parece nadar em dinheiro.
Que seja feliz lá no Sul, pois é artilheiro por onde passa. E, além do mais, o Galo está muito bem servido com Ricardo Oliveira, com nove gols em cinco jogos, voando e dando gosto de vê-lo jogar, aos 38 anos de idade. Reflexo de quem sempre se cuidou e tronou-se atleta na acepção da palavra. Responsável e criterioso. Que os bons ventos continuem soprando para o lado dele.

Em maus lençóis
O volante Arthur, do Barcelona e Seleção Brasileira, vive dias ruins na Catalunha. Depois de estar machucado e ir à festa de Neymar, foi chamado pelo clube, que lhe passou um “pito” pela falta de compromisso e responsabilidade. Sim, na Europa funciona. Um jogador lesionado não deve ir a festas e sim se cuidar junto ao departamento médico, full-time. No Brasil é uma zona, uma bagunça, e os jogadores fazem o que bem entendem. Os dirigentes parecem que são seus empregados.
Na Europa a banda toca diferente, e o jogador tem direitos e deveres que precisam ser respeitados na íntegra. Além de pegar mal no clube, Arthur ficou mal com seus companheiros, pois eles também reprovaram sua ida ao aniversário de Neymar. Vejam, leitores e leitoras, como essa festa de Neymar fez mal a alguns atletas, sempre os brasileiros. Douglas Costa teve a atenção chamada pela Juventus. Arthur, pelo Barcelona. Os jogadores brasileiros não são bons profissionais, essa é a verdade. Não duvidem se o Barça emprestar Arthur ou livrar-se dele. O clube catalão preza pelo respeito e comprometimento. A quem não se enquadrar na filosofia determinada, a porta da rua estará sempre aberta.

Correndo com Wladimir, ex-lateral do Corinthians e Seleção Brasileira, hoje com 64 anos, pai do Gabriel, ex-lateral-direito do Fluminense e outros clubes, ele me disse que se Neymar fosse seu filho, não o deixaria fazer uma festa para 500 convidados num momento em que se recupera de lesão. A festa deveria se restringir a familiares.
Wladimir sempre foi um gentleman, um cara do bem. Tive a honra de fazer a cobertura do Cruzeiro pela TV Globo, quando ele jogou no time azul. É ponderado, respeitoso e um dos ídolos da torcida corintiana.

Pergunta que não quer calar
Quando as autoridades do Rio de Janeiro irão lacrar o Ninho do Urubu, concentração do Flamengo? A morte de 10 jovens das divisões de base foi, no mínimo, crime de negligência. Os responsáveis precisam ser identificados, punidos e presos.
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