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Um clássico, por si só, tem ingredientes suficientes para motivar de forma especial o torcedor. Quando velhas rivalidades entram em campo, qualquer lance ganha tempero extra – as defesas são mais espetaculares, os gols, festejados de forma mais efusiva. No América x Cruzeiro de domingo, no Independência, contudo, há componentes adicionais para tornar o confronto ainda mais diferenciado. As equipes são as únicas que ainda não perderam no Campeonato Mineiro e, em jogo, estará a liderança da competição, atualmente com o Coelho. Moral da história: a derrota, além de amarga, será azeda.
Normalmente, se diz que, independentemente do momento dos times, confrontos desta natureza são marcados pelo equilíbrio e pela imprevisibilidade. Desta vez, porém, os números estão aí para embasar essa tese e mostrar que a partida tem tudo para ser mesmo bem parelha. Isso se evidencia pela semelhança na campanha das equipes – não por acaso, elas estão empatadas em número de pontos (14) na classificação. Fator determinante para a liderança, o ataque americano, o mais eficiente do Estadual, já balançou as redes 14 vezes.
O América é dono da segunda melhor defesa da competição, com três gols sofridos – desempenho superado apenas pelo Atlético, que levou um a menos. A defesa cruzeirense, por sua vez, embora tenha sido criticada pela irregularidade nos primeiros jogos, também tem números positivos, tendo levado somente quatro gols.
A grande superioridade dos times da capital em relação aos do interior ajuda a explicar bem toda essa estatística. Não é exagero dizer que o Cruzeiro será o primeiro grande teste do time de Givanildo Oliveira neste ano. Pelo menos tecnicamente falando. O Coelho começou sua caminhada empatando com a Caldense, no Ronaldo Junqueira (1 a 1).
Já o Cruzeiro estreou com o tranquilo triunfo sobre o Guarani (3 a 1), em Divinópolis. Como o Coelho, encontrou certa dificuldade diante do Patrocinense, conseguindo a magra vitória por 1 a 0, mesmo o duelo sendo no Mineirão. De novo no Gigante da Pampulha, empatou com o Atlético por 1 a 1. Na rodada seguinte, mais uma igualdade: 2 a 2 com o Boa, em Varginha. Aproveitou-se da fase ruim do Villa Nova, que ainda não tinha vencido, e goleou por 3 a 0 no Castor Cifuentes.
Há dois fatores que podem pesar no domingo a favor do time de Mano Menezes. A sintonia é a primeira delas, já que é praticamente a mesma base do ano passado e, por isso, atua quase que no automático. Como a estreia na Copa Libertadores será somente em 7 de março, não há motivo evidente para que o treinador celeste não leve força máxima a campo. A única baixa é o armador Thiago Neves, machucado. A incógnita recai em Fred, que, nos últimos dois dias, não foi a campo, ficou fazendo trabalhos físicos em academia na Toca da Raposa. Mas, via assessoria, o clube afirma não ser problema de lesão. Se ele não jogar, entra o perigoso Raniel. A experiência daria lugar à vitalidade. Vantagem nenhuma para o América.
Já o Coelho tem muitas mudanças em relação à formação que disputou o Campeonato Brasileiro do ano passado. Pior: perdeu peças importantes, como o goleiro João Ricardo e o zagueiro Messias, entre outros, e vem se moldando ao longo do Estadual.
Fato é que há muito tempo América e Cruzeiro não chegam tão equivalentes a um clássico. Qualquer resultado terá de ser encarado com naturalidade. Evitar apostar em um dos lados agora não é mero jogo de cena ou receio de ferir sentimentos. Aquele famoso clichê “não existe favorito” faz todo o sentido. Embora muita gente abomine isso, é hora de ser bem mineiro e ficar em cima do muro. E cá estou.
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