Neymar foi a negociação mais cara do futebol mundial. Algo em torno de R$ 822 milhões. Philippe Coutinho também não foi barato. O Barcelona pagou ao Liverpool cerca de R$ 650 milhões. O que ambos os jogadores têm em comum, além de serem brasileiros? O fato de não terem dado certo. Neymar chegou para ser protagonista no PSG, que tinha em Cavani sua principal estrela. Brigou com o líder do time, ganhou antipatia da torcida – chegou a ser vaiado por todos que estavam no Parque dos Príncipes, em Paris – e acabou engolido por um jovem, que chegou depois dele, Mbappé, de apenas 20 anos, já campeão do mundo com a Seleção Francesa. Neymar joga num campeonato fraquíssimo, que não tem apelo, com jogos sofríveis, onde o PSG reina.
Na Liga dos Campeões, a banda toca diferente, e sua equipe é apenas mais uma, considerada a zebra caso chegue à final. Já Coutinho atua no Barça, que tem o grande gênio e protagonista Lionel Messi. Era ídolo no Liverpool, mas a cor do dinheiro falou mais alto. Hoje, é contestado pelos próprios dirigentes que o contrataram e pela torcida.
Neymar é nosso melhor jogador, não há dúvida disso. Joga como poucos, tem qualidade, visão de jogo e muita técnica. Porém, não é um Messi nem Cristiano Ronaldo nem Zico nem Ronaldo nem Romário nem Ronaldinho Gaúcho nem Zidane e nem um montão de craques que eu possa ter esquecido aqui. É apenas Neymar, grande jogador para o péssimo momento técnico que vive o Brasil.
Fracassou em duas Copas do Mundo, não conseguiu ficar entre os 10 melhores jogadores e vive um inferno astral, com nova contusão no mesmo quinto metatarso que quase o tirou da Rússia. Vai ficar no mínimo dois meses fora dos gramados. Eu sempre fui a favor de Neymar deixar o Barça e virar protagonista. Via nele todas as qualidades para tal. Porém, acho que ele foi para o time errado, PSG. O futebol francês tem apenas uma Champions League, conquistada pelo Olympique de Marseille, em 1992/93. Nem com todo o dinheiro do príncipe catariano acredito que o PSG possa levantar a taça. Vejo um time fraco, bem abaixo de equipes tradicionais, embora tenha vencido o Manchester United por 2 a 0 na terça-feira, jogo de ida, em Manchester.
Neymar deveria ter feito como Figo e Ronaldo Fenômeno, que saíram do Barcelona para o Real Madrid.
É bem verdade que lá havia um “tal” Cristiano Ronaldo, cinco vezes o melhor do mundo, cinco vezes campeão da Champions League e por aí afora. Porém, Neymar nem o clube projetaram a chance de Cristiano sair. Seria o grande momento para Neymar tornar-se protagonista e atuar numa equipe que todo ano é apontada como favorita ao título. É 13 vezes campeã, sendo tri nos últimos três anos. Por mais que Paris seja uma cidade encantadora, não vejo Neymar feliz lá. E essa obsessão em ser o melhor do mundo, sem produzir para tal, o está matando. Ele pode passar pela história como um dos jogadores mais ricos, fruto do seu trabalho – sem conquistar, porém, uma Champions ou o título de melhor jogador do Planeta. Aos 27 anos, ainda dá tempo, desde que ele mude seu comportamento, ouça alguns nãos em sua vida e se afaste dos “parças”, aqueles sanguessugas que o rodeiam e batem palmas para tudo o que ele faz, certo ou errado. Eu diria que ele tem mais quatro anos de futebol para mostrar ao mundo que não é um engodo. Se não conseguir até a Copa do Catar, pode desistir, vai ficar pelo meio do caminho, como tantos outros.
Já Coutinho é apenas e tão somente um bom jogador.
No Liverpool, tinha liberdade para ser um maestro. No Barça, é apenas mais um carregador de piano para Messi brilhar. Os homens têm a liberdade de escolha. Saber escolher entre o certo e errado é uma virtude. Tivesse ficado no Liverpool, não tenho dúvidas, seria o maestro da companhia, que tem Salah, Firmino e Mané. No Barça, é contestado por dirigentes e torcida, comparado a Vitor Baía, goleiro português, eleito o melhor do mundo, que foi um fiasco no Barça. Vale lembrar tanto a Neymar quanto a Coutinho que o dinheiro não é tudo na vida. Se tivessem ficado em seus cantinhos, estariam brilhando, com certeza. É melhor comer filé mignon tendo Messi de protagonista, no caso de Neymar, a comer feijão com arroz todo dia e não conseguir se destacar. Coutinho também era “rei” na terra dos Beatles.
Na Catalunha, apenas mais uma aposta do clube mais rico do mundo, que não deu certo. Uma pena, pois o futuro da Seleção Brasileira no Catar passa pelos pés desses dois jogadores, abrindo espaço para Vinicius Junior, Rodrygo, Paulinho, Pedro e Richarlison.
.