O Defensor não ganhou de ninguém em sua casa. E daí? Detesto esses clichês no futebol, pois é o único esporte coletivo onde o mais fraco pode vencer o mais forte. O Galo é favorito, mesmo jogando na casa do time uruguaio. E, vencendo esta noite, não tenho a menor dúvida de que o torcedor poderá vislumbrar a classificação antecipada e já observar os adversários da fase de grupos: Nacional-URU, Cerro Portenho-PAR e Zamora-VEN. Não tenho dúvida nenhuma de que o Galo chegará às oitavas de final e, se bobearem, como o maior pontuador, levando vantagem até uma possível final. O torcedor dirá que o Atlético não é isso tudo. E não é mesmo. É apenas mais um grande time buscando sua identidade na temporada. No futebol brasileiro, combalido, com jogos fraquíssimos e times medíocres, ninguém desponta. Nem mesmo Flamengo e Palmeiras, que gastaram fortunas, conseguem ser referência. Portanto, qualquer equipe bem-armada, com um bom sistema de jogo, pode alcançar o objetivo. Como na América do Sul o futebol também é um fiasco, tudo pode acontecer.
O Atlético tem problemas graves nas duas laterais. Tem treinador que parece gostar de picuinha com a torcida. Levir é um deles. Insiste com Patric, como se fosse ele uma sumidade. Já o escalou até de ponta-esquerda, lembram-se? E para se fazer de engraçadinho, disse que “não gosta de Guga, pois ele é muito ruim”. Uma brincadeira sem a menor graça, haja vista que Patric não contribui em nada para o time. Emerson, caso não fosse vendido, seria o titular absoluto. Agora é a vez de Guga. Sei que Patric tem raça, vontade e realmente luta por cada centímetro do campo para que o Galo vença. O que falta a ele é mesmo mais qualidade técnica. Marca mal e não dá assistências. Fábio Santos é mais efetivo no apoio, porém, marca mal, vive sendo driblado e tomando bolas nas costas. Claro que a cobertura cabe aos volantes, mas o lateral não pode se descuidar a todo momento. Acho difícil uma equipe com laterais tão deficientes chegar aos títulos.
Que bacana ver Levir e Éder trabalhando juntos. Éder Aleixo, um dos maiores pontas-esquerdas que vi jogar e tive o prazer de cobrir, foi desafeto de Culpi quando esse teve uma passagem pelo clube, se não me engano em 1994. Hoje, Éder é auxiliar técnico, uma imposição do presidente Sérgio Sette Câmara, que tem valorizado os ex-jogadores, haja vista que Marques é o diretor de futebol. É isso mesmo, presidente. Na Europa isso é normal. Valoriza-se o ídolo. Quem jogou bola, e muito, que é o caso de Éder, tem mais condições de entender o que se passa numa equipe. O auxiliar de Levir sempre foi Luís Matter, seu cunhado, aquele mesmo que tirou um gol, no Paraná, quando a bola ia entrar contra seu time. Ele era preparador físico. Com Éder, que jogou Copa do Mundo, as chances de acerto são maiores.
O Galo tem tudo para conseguir um grande resultado esta noite e voltar praticamente classificado do Uruguai. A equipe ainda precisa evoluir muito, principalmente no meio-campo. Cazares, que tem grande potencial, precisa acreditar nele mesmo e ser mais regular. Não adianta fazer um jogo como “Pelé”, e 10 como “Macalé”, só para usar uma linguagem figurada. Ele tem que ser o maestro da companhia, pois tem uma qualidade ímpar. Não me agrada a presença de Luan na equipe. Todos sabem o que penso sobre esse jogador, que adora fazer média com a torcida, mas que é pouco efetivo para o time. Recentemente, fez média com o treinador, dizendo que ele é como se fosse “seu pai”. Está garantido no time o ano inteiro. Minha função aqui é analisar o jogador, pois a pessoa não conheço e nem quero conhecer. Como joguei bola e, modéstia à parte, conheço um pouco, pois trabalho no futebol há quase 40 anos, sei muito bem o que estou falando. Jogador que dá carrinho com a bola saindo para levantar o torcedor não serve. Elias, a quem sempre coloquei como dos melhores volantes do país, ainda deve seu melhor futebol.
E, lá na frente, Ricardo Oliveira começou a temporada voando alto. Nove gols em 5 jogos, uma média excepcional, de quem se cuidou a vida toda e continua colhendo os frutos, mesmo aos 38 anos. Acho que ele precisa de um parceiro, tipo Róger Guedes, que a torcida detestava, mas que calou a boca de todos, inclusive de parte da imprensa. A maioria gosta de jogadores que fazem média, que se colocam como bonzinhos, que dizem que dão a vida pelo clube, mas que ganham R$ 400 mil mensais, um descalabro para um futebol tão medíocre. De qualquer maneira, como escrevi acima, nosso futebol agoniza e não precisa de muita coisa para tornar uma equipe campeã. Como a maioria das equipes é medíocre, não dá para apontar um provável campeão. E a Libertadores já promoveu muitos times ruins, que chegaram a pôr a mão no caneco. LDU, Cerro Porteño e outros menos votados já chegaram lá.
Acordo
O Flamengo está propondo acordo com as famílias dos 10 garotos que morreram queimados no CT Ninho do Urubu. Os valores são mantidos em segredo. Será que a vida de um garoto, ou de qualquer ser humano, tem preço? Quero ver a Justiça colocar na cadeia os responsáveis pela tragédia, ou então o Brasil nunca será um país sério. Nos Estados Unidos, negligência, seguida de morte de 10 crianças, daria, no mínimo, prisão perpétua. E, em alguns estados, pena de morte. No Brasil, com certeza, os responsáveis vão ficar impunes. É sempre assim.