A definição foi dada pelo técnico do Atlético, Levir Culpi, após a vitória sobre o Defensor, no Uruguai, pela Copa Libertadores, na quarta-feira. Um dos destaques da partida, o armador Cazares foi elogiado pelo treinador, que usou as seguintes palavras: “Esse é o cara bom de bola. Tem uma qualidade técnica elogiável”. Mas Levir não se limitou a enaltecer seu jogador. Também deu um leve puxão de orelhas (mais um, na verdade) no equatoriano: “Como tem muita qualidade técnica, pode fazer coisas ainda melhores, principalmente no campo defensivo. Pode participar mais, especialmente pela visão de jogo que tem. É um jogador inteligente, que sabe que pode se colocar em um sistema defensivo e ajudar o time. Vamos explorar essa situação, para que ele vá evoluindo e aprendendo conosco”.
Vitórias como essa que o Galo colheu em Montevidéu talvez sejam o momento mais oportuno para cobranças.
Que bom que Levir foi na contramão da manada. Poderia ter sido até um pouco mais duro, apontando erros na transição entre defesa e ataque e a fragilidade na marcação de meio-campo, falhas que acompanham o alvinegro há algum tempo e que, diante de equipes mais bem qualificadas, podem ser fatais.
Nesse contexto de “assopra e morde”, quem mais pode se beneficiar com as observações do treinador atleticano é o próprio Cazares. Muitas vezes chamado de joia bruta, ele parece sempre um passo aquém do jogador que pode ser. Que tem calibre para ser. É um duelo eterno entre seu potencial e o que de fato entrega.
Os números em campo demonstram a qualidade dele. Levantamento feito pelo site de estatísticas Footstats mostra que, desde que chegou ao Galo, no início de 2016, o armador é o segundo jogador com mais assistências no futebol brasileiro. No ano passado, foi o principal garçom do time alvinegro, com 11 passes para gols. Nesta temporada, tem se sobressaído ainda mais na função de servir aos companheiros: em seis partidas, foram cinco assistências – aquele lançamento magistral para Ricardo Oliveira marcar contra o Danubio, no Independência, deixou evidentes sua habilidade e visão de jogo.
Levir já confidenciou a torcida para que a versão 2019 de Cazares seja influenciada pela chegada do filho, Anthuan, que nasceu em dezembro do ano passado. “Um filho salva a vida de muita gente. Um filho pode transformar o cara. E ele está muito carinhoso, feliz da vida.
Aos 26 anos, o armador não é mais um garoto. Às obrigações como jogador tem agora somadas responsabilidades que a criação de um filho traz. Claro que não há regra nesse caso, não é automático virar pai e ganhar juízo (atire a primeira pedra quem não tem um exemplo bem próximo para citar de pai desajuizado). Mas ter se tornado pai pode ser o gatilho que ele precisava para amadurecer e vislumbrar uma carreira mais sólida.
De puxão em puxão de orelhas, Levir pode fazer de Cazares o jogador que ele pode ser. O primeiro aviso do treinador veio assim que ele retornou à Cidade do Galo, em outubro do ano passado. “Ouvi isso de todos. O Cazares tem qualidade técnica que poucos têm. Batedor de bola parada, ótimo passador. Presença técnica refinada. Mas precisamos traduzir isso para números.
Pois, como queria Levir, os números têm jogado a favor de Cazares. Que em 2019 o equatoriano também jogue a favor dos números.
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