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Kelen Cristina: Missões pós-carnaval

Depois de rodízios, testes e afins nos primeiros dois meses do ano, a quarta-feira de cinzas anunciará o início de 2019 pra valer para Atlético e Cruzeiro


postado em 01/03/2019 05:10


Há uma máxima popular que diz que, no Brasil, o ano só começa depois do carnaval. Tudo o que acontece antes é mera perfumaria, ou, pelo menos, um aquecimento. Após a folia, prescreve o prazo para as desculpas, a vida tem de engrenar, nem que seja no tranco. No futebol, especialmente o mineiro, será exatamente assim. Depois de rodízios, testes e afins nos primeiros dois meses do ano, a quarta-feira de cinzas anunciará o início de 2019 pra valer para Atlético e Cruzeiro, com as partidas pela fase de grupos da Copa Libertadores.

No caso alvinegro, a expectativa é de que a partir desta etapa, o engajamento dos jogadores e a qualidade da atuação aumentem proporcionalmente ao grau de dificuldade dos adversários, mais qualificados que os frágeis Danubio e Defensor, oponentes na fase preliminar do torneio continental.

E não é apenas o torcedor que espera isso. O próprio técnico Levir Culpi reconheceu que a classificação do alvinegro não veio exatamente da maneira que ele queria – ou previa. “A verdade é que não teve muita graça. Não foi muito do que gostaríamos que fosse, mas foi legal. E justo. Achei que os jogadores fizeram o que tinham que fazer, e passamos dessa fase. Vamos esquecer o que aconteceu”, disse, após o empate sem gols com o Defensor, diante de um Independência lotado e igualmente frustrado.

Levir ainda deixou escapar uma frase que reflete bem como o sentimento dele é também o da torcida. “Agora, meus amigos, entramos na Libertadores.” Em outras palavras, agora não dá para perder dividida, não dá para ser expulso por falta desnecessária no meio-campo, não dá para finalizar de forma displicente, não dá para abrir o placar e amolecer, sob a justificativa de uma pretensa administração de vantagem. Vai ser a partir de agora que o Atlético terá de mostrar quão longe poderá chegar no torneio e se, de fato, a Massa poderá sonhar com o bicampeonato continental.

O Grupo E, em que o Galo entra agora, não pode ser chamado de “grupo da morte”. Nacional, do Uruguai; Cerro Porteño, do Paraguai; e sobretudo o venezuelano Zamora são melhores que Danubio e Defensor, porém, não chegam a tirar o sono de ninguém. Merecem respeito sim, como todo adversário, mas esse respeito deve ser traduzido em imposição física e técnica dos atleticanos. Além disso, haverá um fato importante daqui pra frente: jogando no Mineirão, com o dobro de torcedores que caberiam no Horto, o apoio será maior, mas a cobraça também.

Já o Cruzeiro começa sua caminhada na Libertadores’2019, o título mais cobiçado do ano. Todo o trabalho na temporada converge para isso. A montagem do grupo foi com esse objetivo (como a vinda de Rodriguinho), as estratégias do técnico Mano Menezes estão sendo traçadas vislumbrando a conquista, o planejamento dos preparadores físicos do clube foi feito para que os jogadores estejam na plenitude da forma durante o torneio. Enfim, tudo o que é feito na Toca da Raposa II, atualmente, é em função de buscar a terceira taça continental, alegria que a torcida viveu, pela última vez, há 22 anos. Não há outra obsessão a mover os desejos celestes nesta temporada.

Por isso, 2019 começará mesmo para os cruzeirenses na quinta-feira, quando o time enfrenta o Huracán, em Buenos Aires. Mesmo que a equipe ainda não tenha força máxima, já que o armador Thiago Neves dificilmente estará em campo, a estreia não deixa de ser um termômetro para o que está por vir. Não que dela sairão análises definitivas, mas decerto o time de Mano estará demarcando seu território.

Até aqui, são poucas as avaliações possíveis. No Campeonato Mineiro, não dá para deixar de dizer que o desempenho está abaixo do esperado ou, pelo menos, do que a Raposa tem obrigação de entregar, diante do investimento feito em comparação aos demais clubes. Os quatro empates em oito jogos – ainda que dois tenham vindo em clássicos – estão aquém do que o Cruzeiro deve apresentar. Mas fica sempre aquele atenuante de que o fôlego está sendo guardado para a reta final e, principalmente, para a Libertadores. Pois bem, quando o último bloquinho cruzar as ruas da carnavalesca Belo Horizonte, a hora da verdade chegará e o Cruzeiro terá de comprovar sua tese. Sem atravessar o samba.

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