Deus do céu, não bastasse o pomar de laranjas ter se transformado num agronegócio, não bastasse o Queiroz desaparecido na chuva dourada, o Temer solto, o Jucá solto, os assassinos de Marielle soltos, o Aécio deputado, agora estamos desprovidos até mesmo do ópio do povo. A vida está a praticar um golden shower com o atleticano. E nesse caso, como se viu no pornô presidencial, nem dá para desejar que levantemos a cabeça.
Assumo a culpa pela derrota na Libertadores. Sim, já relatei aqui, em outras oportunidades, a lei que não falha: se algo de perturbador me ocorre antes de qualquer jogo do Galo, em geral a coisa não acaba bem. Pode ser um dedo mindinho esquecido num pé de cama, pode ser um boleto vencido, o sistema que saiu do ar. Dessa vez, a gambiarra que me permite assistir aos jogos desde São Paulo, onde vivo, não funcionou. Agredi o teclado, mordi o mouse, comi um bloco de post it que estava sobre a mesa. Como se pode notar, este escriba não possui televisão.
Quando finalmente me sentei à mesa do bar, a locução da tevê em desacordo com as imagens, eu tive a certeza da derrota.
O time também não ajuda. Há dois Patrics, cada um numa lateral. Diz-se sempre que a única função dos estaduais, além de iludir o torcedor, é servir como treino, espécie de pré-temporada em que se fazem testes, ganha-se alguma confiança, prepara-se fisicamente. Essa pré-temporada acabou prejudicada pela pré-Libertadores.
O mesmo se pode dizer do Mineirão. Se era pra mudar, por que não mudamos antes, a tempo de nos sentir de novo em casa, de os jogadores se adaptarem ao gramado e às novas referências? O engenheiro de obra pronta é um ser desprezível, e eu mesmo apoiei a volta ao Mineirão, nosso salão de festas. Mas depois da desastrosa estreia, tem-se a impressão de que o Atlético funciona como o meu sistema de logins e senhas para jogos do Galo – uma gambiarra que opera ao seu bel-prazer.
Técnicos têm sido tão impopulares no Atlético como Bolsonaro em blocos de carnaval. Pergunto, Mino, aos meus solidários botões se o problema não é outro, visto que ninguém presta. Os botões tocam a passar o VT da peleja, e não há esquema de jogo a não ser acionar os dois Patrics, confiar na disposição do Luan e na instável genialidade de Pelezares. Se Pelezares não brilha, como não brilhou na quarta-feira, danou-se tudo. Fica difícil não dar ouvidos à única instituição brasileira que segue funcionando e a plenos pulmões, a instituição da corneta.
Levir escreveu um livro chamado Burro com sorte. Pelo visto na quarta-feira, não foi um livro, mas um tratado de sincericídio.
Por último, a arbitragem. Ladrões, estelionatários, latrocidas, formadores de quadrilha! Ao soprador de apito e agitadores de bandeiras que atuaram no Mineirão, dedico todo o suco de caju que Bolsonaro teve de tomar durante esse carnaval. Que uma torrente do mais espesso golden shower desabe sobre suas cabeças ocas! Amém..