Pelé está para o futebol como Tony Hawk está para o skate. A comparação pode parecer uma heresia para os amantes do esporte bretão, mas não é. O norte-americano é o maior skatista de todos os tempos, com 12 Mundiais da categoria. Com tamanha importância para a modalidade, a ponto de virar personagem de uma sequência de games, ele sorri orgulhoso quando vê que sua modalidade será uma das novidades da Olimpíada, no ano que vem, em Tóquio.
“É a oportunidade que faltava para o skate ser visto por um novo público, ter uma audiência internacional gigantesca e mostrar para quem não apoia, seja por preconceito ou qualquer outro motivo, que o skate também merece respeito”, comentou Hawk.
Aos 50 anos e disposição de menino (ele ainda faz suas manobras, mas não compete em nível profissional), Hawk comemora o crescimento mundial da popularidade do skate e acredita que o esporte será ainda mais utilizado como forma de inclusão social, como ocorre com o futebol e o basquete dos Estados Unidos.
“O skate está em um bom momento e é algo que as crianças estão procurando fazer com maior frequência. Ele se tornou bem popular nos Estados Unidos, América do Sul, Austrália e em alguns países da Europa e isso me dá muito orgulho”, contou o atleta, que se tornou especialista na modalidade vertical.
Melhor de todos nos 12 campeonatos mundiais de vertical, 10 X-Games e mais três mundiais de Street Style, Hawk ainda compete em torneios menores, como diversão, e aproveita a fama para popularizar o esporte com as crianças – além de curtir a aposentadoria passando mais tempo com os três filhos.
Ele comanda a Fundação Tony Hawk, criada em 2002, que constrói parques de skates pelos Estados Unidos. Com a ajuda de patrocinadores, já gastou cerca de R$ 31 milhões em 611 projetos de “skateparks” no país. Mais de seis milhões de pessoas passam anualmente pelas pistas que tiveram o aval de Hawk.
BRASILEIRO Competindo desde os 14 anos, Hawk fez muitos amigos no mundo do skate. Um deles é bem conhecido do público brasileiro: Bob Burnquist, o principal atleta do país na modalidade.
Além da amizade, existe um respeito mútuo entre eles. Bob já disse diversas vezes que Hawk é um dos maiores que ele viu em ação. O americano também não poupa elogios ao colega. “Ele é fenomenal e mudou o mundo das rampas de skate. Apresentou manobras inacreditáveis, que acho pouco provável um dia conseguir repetir suas exibições”, comenta.
Mas quem é melhor? Bob ou Hawk? O norte-americano se esquiva da resposta. “Não gosto de comparar.
Das pistas para os games
Ao falar de Tony Hawk é impossível não associá-lo aos jogos de videogame que levam seu nome. Nos últimos 20 anos, muita gente passou horas na frente das telas de TV fazendo manobras radicais usando o astro do skate como personagem. Tornar-se um ídolo também no mundo virtual foi a realização de um sonho para o skatista.
De 1999, data do primeiro jogo, até hoje, foram 12 versões do game lançadas para vários consoles, sendo a última em dezembro do ano passado, só para telefones celulares. No geral, o jogo consiste em fazer manobras em pistas; quanto mais difícil a ação, mais pontos o jogador ganha.
“Sempre joguei e quando me sugeriram fazer o game aceitei na hora. Foi algo fantástico.” Hawk participou da produção e deixou os jogos “com a sua cara”. A trilha sonora, um dos pontos fortes dos jogos, foi escolhida pelo skatista e traz músicas, entre outras, de Red Hot Chili Peppers, System of a Down e Foo Fighters, suas bandas favoritas.
“Fiz questão de participar de tudo.
Além de Hawk, os jogos trazem também outros grandes skatistas da realidade. O brasileiro Bob Burnquist foi quem mais apareceu, ficando fora apenas de um dos games.
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