Twitter: @gustavonolascoB
Seria só mais um passo para manter a escrita de ser o único brasileiro incaível na fase de grupos da Copa Libertadores. Ou mesmo apenas uma partida para pedir goleada maiúscula. Mas para quem é apaixonado por futebol, ou faz loucuras para acompanhar o seu clube amado por onde ele for, é impossível passar ileso à dramática saga do Desportivo Lara para estar em campo amanhã à noite.
A Venezuela sempre foi o patinho feio do futebol sul-americano. Ela e a Bolívia são os únicos países que nunca tiveram um clube disputando as fases finais de uma edição da Libertadores. No máximo, beliscaram uma oitavas de final do certame.
Na época da Libertadores Raiz, quando só campeões e vices de cada país a disputavam, no sorteio para chaveamento dos grupos toda torcida esperava a sorte de enfrentar algum venezuelano ou boliviano. No caso de sair um adversário da Venezuela, o alívio era ainda maior, pois nem a temida altitude das cidades bolivianas viria pela frente.
O Cruzeiro, por exemplo, desde a sua primeira participação na Libertadores, em 1967, enfrentou times venezuelanos por 14 vezes. Venceu 12 e empatou duas. Uma barbada de 52 anos.
Mas amanhã, na Toca da Raposa 3, mais uma vez repleta de torcedores azuis, no pré-jogo, será desumano desmerecer a agremiação do Deportivo Lara, seus jogadores, dirigentes, torcedores e por que não, todos os seus conterrâneos venezuelanos.
Mesmo sabendo o quanto o episódio está envolto numa crise humanitária e, ao mesmo tempo, num sórdido jogo político de chantagem das grandes economias mundiais, na noite de amanhã, prefiro ficar longe da discussão para além da esfera esportiva.
Por isso, amanhã, entrego-me somente à magia do futebol! A epopeia dos venezuelanos para estar em campo contra o maior clube brasileiro da história da Libertadores, o nosso Cruzeiro “La Bestia Negra”, pede honrarias à altura da nossa história de academia, de futebol arte, da troca de passes e gentilezas.
Amanhã, ávido por mais um momento histórico da instituição Cruzeiro, sonharei com uma entrada em campo triunfal. Nossos jogadores surgindo no túnel, de mãos dadas com os atletas venezuelanos, os conduzindo até o centro do gramado. E lá, os colocando em local de destaque e puxando uma salva de 40 mil palmas azuis pela vitória deles terem chegado ali a tempo de simplesmente jogar futebol.
Depois disso, limpando as lágrimas de emoção e orgulho de ser Cruzeiro, quando começar a girar os 90 minutos de batalha no Gigante da Pampulha, voltarei a ser mais um louco nas arquibancadas. Gritando por três pontos. Pedindo “mais um” a cada gol.
Sendo assim, Deportivo Lara, serei por você até que o apito do juiz nos separe, pois quando a pelota rolar, yo soy Cruzeiro y nada puede detenerme!
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