Três anos depois de ter deixado as quadras, a oposto Sheilla, de 35 anos, está de volta. Vai defender o Minas na próxima Superliga Feminina de Vôlei sonhando com a conquista do bicampeonato, que se, ocorrer, será também o quarto título do time mineiro na competição. Ela, no entanto, sonha alto, pois conta que uma volta à Seleção Brasileira e a disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio’2020 não estão descartadas.
A jogadora já está fazendo recuperação física no clube. Todas as manhãs, ela faz uma hora de musculação e outros 20 minutos de bicicleta. E só o fato de estar na academia do Minas chama a atenção, pois as jogadoras das equipes de base vão para lá e ficam observando a ídola. Na sexta-feira, por exemplo, cinco jogadoras do time juvenil – Débora, que pela semelhança com a oposto é chamada de “Nova Sheilla”, Ana Flávia, Natali, Letícia e Kelen, todas de 17 anos –, se assentaram bem próximas da jogadora e observaram sua sequência de exercícios. Hoje, casada com Breno Blassioli e mãe de gêmeas, Ninna e Liz, que estão com sete meses, ela se divide entre ser mãe e jogadora.
RECUPERAÇÃO
“Agora tenho de ter paciência. Foram três anos parada. Tem de ser passo a passo. Estou dando o primeiro. Faço, agora, no máximo, uma hora e meia de exercícios. Preciso recuperar massa muscular. Tenho a vantagem, pela constituição física, de não ganhar peso. Por enquanto, faço minha recuperação física pela manhã, que é mais fácil, pois as meninas dormem. Creio que dentro de um mês e meio, quando as outras jogadoras se apresentarão, estarei pronta para acompanhar o ritmo delas.”
PLANOS
“Eu quero jogar bem. Isso vem em primeiro lugar. Mas penso também em voltar à Seleção Brasileira e, quem sabe, disputar mais uma Olimpíada. Eu me despedi em 2016. Minha última competição foi a Olimpíada do Rio. Acho que terei condições de realizar mais esse sonho.”
CARREIRA
“Fico pensando no começo da carreira, que foi no Mackenzie. Eu jamais podeira imaginar que aconteceria comigo o que aconteceu, ser campeã olímpica. Nunca, quando tinha 13 anos, que isso me passaria pela cabeça. Na verdade, não sabia nem o que era Seleção Mineira ou Brasileira. Fui jogar vôlei porque gostava. Só fui saber disso quando tinha quase 15 anos e fui chamada para a Seleção Mineira. Aí, mudei, radicalmente, minha maneira de pensar. Fui saber o que era Olimpíada. Aí, passei a querer ser campeã olímpica e a levar o vôlei mais a sério.”
FUTURO
“Olha, o Minas acaba de ganhar o título da Superliga. Saíram muitas jogadoras. Saíram jogadoras importantes, como Natália e Gabi. Mas o Minas continua forte e não digo que somos favoritas ao título, mas estamos entre as candidatas ao troféu de campeão. E tem também o Mundial. Esse título o Minas ainda não tem. Vamos atrás. O grupo de jogadoras é muito forte e tem condições para isso.”
DECISÃO
“Antes de decidir pelo Minas, pensei em jogar na praia. É que a família do meu marido tem casa na praia. Mas eu conversei com muitas pessoas e, entre elas, duas foram decisivas: o José Roberto Guimarães, técnico da Seleção, e Zé Elias, preparador físico da Seleção, que sempre foi uma espécie de meu terapeuta. Ambos me aconselharam a voltar a jogar, que ainda não era hora de parar. Além disso, percebi que se fosse para a praia, seria muito complicado, pois teria de viajar muito e, assim, não poderia ficar com minhas filhas e meu marido. Meu procurador espalhou, então, para clubes de BH e de São Paulo. Não poderia jogar em outro lugar. Mas tinha, sim, uma preferência em ficar aqui. Já estou em BH há muito tempo, desde que me casei. Moro em frente ao Minas, num prédio que tem também minha tia e minha avó. Já estou acostumada.”
SELEÇÃO
“O time é muito novo. Precisa jogar. Tem sustentação na Natália, Gabi e Tandara. Se precisarem de mim, se precisarem, quero estar pronta.”
FILHAS NA TORCIDA
“Estou doida para fazer meu primeiro jogo no Minas. Minhas filhas estarão lá. Elas dormem cedo, mas vou começar a esticar um pouco o horário de elas irem pra cama. Quero muito que elas estejam na arquibancada. E quero mais ainda, quando terminar o jogo, ir até onde estiverem e pegá-las no colo. Vou trazê-las para os treinos. Paula Pequeno e a Dani Lins faziam isso. Vou fazer igual. Quero-as na quadra e quero vê-las, daqui um tempo, pegando bola e correndo pela quadra. Depois, posso ensiná-las.”
ENQUANTO ISSO...
Triunfo na Liga
Depois de encontrar dificuldades em seus últimos jogos na Liga das Nações, a Seleção Brasileira Masculina de Vôlei venceu o Japão com facilidade no início da manhã de ontem, em Tóquio. O Brasil controlou o jogo e, com naturalidade, ganhou por 3 sets a 0, com parciais de 25/22, 25/19 e 25/21. Foi o quinto triunfo consecutivo na Liga das Nações. Estados Unidos (3 a 0), Austrália (3 a 2), Polônia (3 a 1) e Irã (3 a 2) já haviam sido batidos. O oposto Alan e o ponteiro Leal foram os destaques. O primeiro virou 16 bolas e foi o maior pontuador do jogo, enquanto o cubano naturalizado brasileiro fez um ponto a menos.