A chegada do técnico Rogério Ceni há quase um mês soou como esperança para que o Cruzeiro pudesse ter esquema de jogo diferente do que vinha sendo usado pelo antecessor Mano Menezes, com mais dinâmica e repertório do meio para a frente. Mas, além de não ter obtido as soluções ofensivas, a equipe vive momento de pesadas críticas ao setor defensivo, que levou sete gols nos últimos dois jogos. Esse desempenho ruim já faz o treinador mudar de ideia em relação ao sistema tático e, possivelmente, reforçar a marcação para evitar que os resultados negativos se repitam.
Uma das primeiras atitudes de Ceni foi colocar no banco o argentino Ariel Cabral e escalar um atleta com mais habilidade no passe como volante – o lateral-esquerdo Dodô e o armador Robinho foram usados na função. Agora, porém, ele vem repensando essa possibilidade, com intuito de dar mais solidez à dupla de zaga. A tendência é que nenhum deles possa ser utilizado na posição. Há ainda a opção de Henrique e Ariel Cabral voltarem a formar dupla ou pelo aproveitamento de Jadson. O novo sistema já deve ser visto contra o Palmeiras, sábado, às 19h, no Allianz Parque, no encerramento do turno do Campeonato Brasileiro.
Mesmo de cabeça quente depois da goleada sofrida para o Grêmio, Rogério já vinha sinalizando mudanças profundas no jeito de atuar do time celeste. “Talvez tenhamos que mudar a maneira de jogar. Por mais que goste de futebol ofensivo e de qualidade de jogo, eu preciso mudar. Talvez seja a hora de mudar a forma de jogo, preparar por 12, 13, 14 dias os jogadores do Cruzeiro. Está na hora de mudar um pouco para ter melhores resultados até o fim do ano”, afirmou o treinador.
Apesar da queda de rendimento defensiva, o Cruzeiro já vinha sendo vazado com frequência no Brasileiro até mesmo com Mano Menezes no comando. A Raposa já havia sofrido muitos gols nas derrotas para Flamengo (3 a 1), Internacional (3 a 1) e Fluminense (4 a 1), ampliando o questionamento sobre o setor. Não é por acaso que os mineiros já levaram 27 gols na Série A, números melhores apenas que Goiás e Fluminense (29) e Chapeocense (30).
Até mesmo um dos líderes do grupo vem sendo criticado. O zagueiro Leo, que falhou em dois gols na goleada sofrida para o Grêmio, defende que é fundamental acertar o posicionamento de todo o sistema para que a equipe não volte a sofrer: “O momento é de ajustes. A gente vem trabalhando para que tenhamos um equilíbrio defensivo na equipe e possamos buscar os resultados positivos. Rogério tem a maneira dele de pensar para que consigamos melhorar. Ele tem certa autoridade e vamos reunir forças para conseguir as vitórias que precisamos”.
Por causa da má fase técnica, o camisa 3 vê dificuldades para Rogério Ceni mudar o estilo de jogo do time celeste: “Esses números negativos ocorreram em jogos importantes. Vencemos o Santos, empatamos com o CSA, vencemos o Vasco e perdemos para Internacional e Grêmio. Procuramos identificar as falhas, corrigi-las... O Rogério, como comandante, vem sinalizando algumas coisas. Precisamos absorver o que o ele quer implantar. Sabemos que é um momento delicado para implantar coisas diferentes. Seria mais fácil absorver essas ideias num momento mais tranquilo, mas cabe a nós seguir o mesmo caminho para encaixar na ideologia dele e sair dessa situação”.
Reforço colombiano
O retorno do lateral Orejuela já é visto como importante modificação para a estabilidade defensiva. Ele desfalcou os celestes nos últimos dois jogos por defender sua seleção em amistosos nos Estados Unidos. Com isso, Edílson vai para a reserva. Leo continuará formando dupla de zaga com Fabrício Bruno, já que Dedé se recupera de entorse no tornozelo direito e não tem previsão de retorno aos treinos. O lateral-direito Weverton e o armador Rodriguinho seguem em trabalho de transição física e não devem estar aptos para enfrentar o Palmeiras. Rogério Ceni não apontou quais atletas também ficarão de fora em São Paulo para desenvolver preparação especial para suportar o restante da temporada.