Iron Biker já movimenta Mariana

Minas Gerais se prepara para receber, nos próximos dias, dois eventos que vão movimentar a economia e o turismo do interior do estado. Neste sábado e domingo, Mariana será a casa da 27ª edição do Iron Biker, uma das provas de mountain bike mais tradicionais da América Latina, que vai levar 2 mil atletas à cidade, que ainda se recupera das consequências humanas e econômicas do rompimento da barragem do Fundão, da Samarco, em novembro de 2015.

No fim de semana seguinte (21 e 22/9) é a vez de Itabirito ser a casa do mountain bike com a terceira etapa do ano da Maratona Internacional Estrada Real, com 1,3 mil competidores. Segundo os organizadores, cada etapa do evento, que este ano já passou por Ouro Branco (abril) e Mariana (junho), chega a movimentar até R$ 6 milhões na economia local, já que paralelamente à competição são organizadas feiras de negócios.

A história do Iron Biker se confunde com a própria trajetória do mountain bike no Brasil. A origem do evento remonta à criação do Mountain Bike Clube de Belo Horizonte (MTBC), há exatos 30 anos. O clube foi responsável por promover as primeiras provas da modalidade e, em 1993, o Desafio das Montanhas passou a ser chamado de Iron Biker, que desde então vem crescendo em número de participantes: de 300 ciclistas em 1993, passou dos mil inscritos em 2002 e, no ano passado, teve a primeira edição com 2 mil competidores.

“As inscrições se esgotam em 24 horas. Temos 2 mil inscritos, mas uma lista de espera com mais de 2,5 mil”, conta Lucas Fonda, um dos organizadores. O evento tem grande potencial de crescimento, mas a estrutura da cidade não comporta. “A gente tem uma demanda reprimida maior que a de inscritos”, conta.

É a sexta vez seguida que o Iron Biker é realizado em Mariana. O evento movimenta a economia durante o ano todo, aumentando a intensidade nas semanas que antecedem o evento. O reflexo é que a rede hoteleira de Mariana considera setembro como “alta temporada” para a cidade, com 100% das vagas ocupadas. São 2 mil inscritos, mas a organização tem a previsão de movimentar mais de seis mil pessoas, já que muitos competidores viajam com a família, aproveitando as cidades históricas vizinhas, como Ouro Preto.

“Em 2015, quando ocorreu o rompimento, a gente sentiu as dúvidas dos inscritos. Mas logo se transformaram em apoio, os competidores queriam vir para apoiar a cidade. O Iron Biker virou uma ferramenta positiva, movimenta o comércio, a hotelaria. Muitos competidores ficam mais tempo na cidade, tiram mais dias de folga para conhecer a região”, conta Lucas.

 

 

Embora Minas Gerais tenha um calendário com provas importantes que misturam esporte e natureza, o potencial de crescimento é grande, já que o estado desfruta de parques ecológicos e grande diversidade natural, que possibilitam práticas diversas. Segundo dados obtidos pela Pesquisa de Demanda Turística, realizada em 2017 pelo governo estadual, 39,9% dos turistas que viajaram a Minas Gerais têm como principal motivação o lazer ou passeio. Desses, 35,7% disseram que viajam com o objetivo de buscar contato com a natureza (cachoeiras, parques naturais) e apenas 1,5% buscam praticar esportes de aventura.

Segundo Felipe Avelar, idealizador e coordenador da Maratona Internacional Estrada Real, as cidades têm procurado incentivar eventos esportivos. “Esses eventos causam um grande impacto econômico nas regiões em que são realizados. É uma alternativa econômica. Esses projetos, quando bem-sucedidos, se tornam cases de geração de receitas para as cidades”, conta Avelar. Cada etapa da competição conta pontos para o ranking internacional da modalidade (UCI, em inglês) e, além de competidores brasileiros, atrai ciclistas da Colômbia, Argentina, Chile, México e Portugal.