Jornal Estado de Minas

OPINIÃO

Cruzeiro na Série B: fomos rebaixados dentro e fora de campo

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Estamos vivendo o pior momento da nossa história. Chegamos ao fundo do poço. Então só existe um caminho: melhorar.  Mas, antes disso, precisamos fazer uma reflexão importante para que o conjunto de erros não se repita. O futebol brasileiro vivia em uma ilusão que foi destruída por um fato que aconteceu no próprio Mineirão, mas o maior de Minas não estava em campo. Estou falando do 7 a 1 contra a Alemanha.



Nós aprendemos pouco com aquele resultado.

O retrato atual do futebol brasileiro é, em sua maioria, uma prateleira de baixo, onde ficam os produtos baratos. E esse processo foi acontecendo aos poucos, e como consequência de vários fatores. Para começar, uma legislação ineficiente e que facilita oportunidade de qualquer pessoa, movida por interesses diversos, se tornar dirigente de clube e sem qualquer responsabilidade jurídica caso faça uma gestão desastrosa.  Esse é o sonho de qualquer pessoa: poder fazer o que quiser e sem o risco de pagar a conta caso aconteça algo errado.

O rebaixamento do Cruzeiro é o manual do que não se deve fazer com um clube de futebol. De que adianta uma torcida que antes era fria, racional e calculista ter se tornado apaixonada e presente nos estádios? Não existe azar porque Thiago Neves perdeu pênalti, porque o Fred não jogou o que imaginávamos ou porque o adversário marcou um gol de canela nos instantes finais e nos tirou pontos preciosos.  Fomos rebaixados pelo que fizemos dentro e fora do campo. O que acontece dentro das quatro linhas é exposto pela classificação do campeonato. Entretanto, o que é feito fora das quatro linhas é obscuro e sem transparência. O Cruzeiro tem a terceira folha de pagamento mais cara do atual campeonato e isso, nem de longe, se traduziu em resultados dentro de campo. Nós, torcedores, vimos de camarote dribles mirabolantes de dirigentes em decisões judiciais na tentativa de permanecerem de maneira tóxica no poder, seguindo com suas majestosas e indignas vantagens.

Não começamos a perder o nosso lugar na Série A na matéria que foi divulgada pelo Fantástico. Já estamos errando há um bom tempo. Viramos os vilões do campeonato. Potencializamos os erros de um meio viciado e pouco transparente. Um time caro e cheio de jogadores experientes, mas que não tem relação afetiva com o clube. Hora de pagar o preço por tanta ineficiência. Ganhamos quatro títulos nacionais nos últimos seis anos, mas agora chegou a conta de tanta ganância irresponsável. A velha desculpa dos dirigentes é: time tem que ganhar título. Mas a que preço?

Que o rebaixamento do Cruzeiro sirva de exemplo para que o futebol brasileiro pare com suas ilusões e mude o seu rumo de  modo a alcançarmos um ambiente mais transparente e profissional. Para que evitemos tragédias maiores, a torcida deve estar atenta a algo que lá atrás disse o autor da declaração de independência dos Estados Unidos, Thomas Jefferson: “A democracia, para ser eficiente, exige permanente vigilância”. Essa regra, no futebol, é perfeitamente simétrica. Chega de aventureiros que se aproveitam da nossa paixão pelos times para alavancar suas vidas e turbinar suas finanças.  Definitivamente, meu coração não está a venda.

* Músico, integrante da banda Skank