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Estado de Minas CRUZEIRO

Queda e troca de acusações

Sob pressão, presidente saca Perrella e indica dirigente ligado à base do Cruzeiro. Em meio a ataques, Wagner diz que cartola pediu para sair. Ele alega ter sido derrubado


postado em 13/12/2019 04:00 / atualizado em 12/12/2019 23:28

(foto: QUINHO)
(foto: QUINHO)


A crise político-administrativa-financeira que levou o Cruzeiro à Série B do Campeonato Brasileiro não tem fim. Ontem, na tentativa de diminuir a pressão pela renúncia, a diretoria comandada pelo presidente Wagner Pires de Sá anunciou a troca no comando do futebol, saindo Zezé Perrella, que havia sido nomeado gestor, e assumindo Márcio Rodrigues como vice-presidente executivo de futebol.

O atual mandatário espera que, com a entrada de um novo membro na administração haja paz para reestruturar o clube. Especialmente sendo ele uma pessoa muito querida no Conselho Deliberativo e que esteve à frente das categorias de base, tendo feito bom trabalho durante a gestão de Gilvan de Pinho Tavares (2012/2017).

“O Márcio tem experiência, foi superintendente (na verdade, vice-presidente de futebol de base) por seis anos. Ele revelou muitos garotos, é um homem que tem experiência, já é iniciado dentro do futebol. Dentre aqueles grandes cruzeirenses, aqueles que desejam que o Cruzeiro cresça, ele é um nome que tem unanimidade entre os conselheiros. Então, a escolha não foi só minha. Eu diria que foi unanimidade”, afirmou o presidente celeste.

Ele acredita que o novo executivo terá condições de fazer o trabalho necessário e urgente para que o Cruzeiro reencontre o bom caminho. Porém, a situação não é tão simples, pois Zezé Perrella saiu atirando, expondo mais uma vez o racha político no clube desde que foram feitas denúncias de irregularidades contra a atual administração.
 

"Perrella pediu para sair, chegou a chorar em uma reunião, falou 'eu não vou continuar no Cruzeiro, eu estou recebendo muita pressão da família, de torcedores, de gente na rua. Eu não estou podendo sair na rua'" "A oposição no Cruzeiro é pequena, mas atuante. Eu diria que são cinco ou seis. São eles que fazem todo esse estardalhaço, criam mecanismos, soltam nas mídias sociais, criam robôs. Conseguiram derrubar o Cruzeiro para a Segunda Divisão" "São os robôs (que defendem a renúncia da atual diretoria). Nessas manifestações aparece um grupinho aí, eles pintam as paredes, picham, tiram a fotografia e já apagam na mesma hora. É terrorismo"

Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro

 
“Fiquei surpreso com a decisão (de trocar o comando do futebol) porque ele parece biruta de aeroporto. Cada hora fala uma coisa, vai para um lado. Mas ele tem direito, pois foi eleito. Eu sugeri que o presidente renunciasse, pois a presença não é boa para o Cruzeiro, e que fossem convocadas eleições gerais. Ele disse que ia continuar no cargo e me convenceu a ficar. Aí, hoje acordei, via a mensagem no celular, vi que não era mais o gestor de futebol do Cruzeiro. Não tiveram nem a consideração de conversar comigo. Liguei para o Wagner e sugeri a renúncia mais uma vez, sugeri dar oportunidade de outras pessoas ajudarem o Cruzeiro a sair dessa. Com a credibilidade que essa diretoria está hoje, porque quem continua a dar as cartas, tudo leva a crer, que é o senhor Sérgio Nonato (ex-diretor-geral) e o senhor Itair Machado (ex-vice-presidente de futebol), que devem ter orientado o Wagner a tomar essa decisão”, declarou Perrella, que assumiu há dois meses justamente depois da saída de Itair Machado.

Wagner Pires de Sá, porém, garante que não fala com o ex-vice-presidente de futebol “há dois meses”. Já sobre Sérgio Nonato, diz que, por ser sócio e conselheiro, é inevitável encontrá-lo nas dependências do clube, como o Parque Esportivo do Barro Preto. Ele descarta de forma veemente a volta dos dois auxiliares, que foram grandes avalistas de sua candidatura à presidência em 2017.

OUTRA VERSÃO

Ele também deu outra versão para a saída de Perrella. Segundo o mandatário, o presidente licenciado do Conselho Deliberativo já havia manifestado o desejo de se afastar das funções de gestor de futebol, pois estaria sendo muito pressionado, tendo se abatido ainda mais com a queda da equipe para a Série B. Assim, apenas teria concretizado o desejo do dirigente.

Agora, a diretoria, seja ela atual ou uma que venha a ser eleita em caso da convocação de eleições, tem um grande desafio. O rebaixamento para a Segunda Divisão fará as receitas despencarem, agravando ainda mais a já delicada situação financeira da Raposa – o clube deve dois meses de salários no departamento de futebol, além de não ter pago a primeira parcela do 13º. Há, além disso, atraso no pagamento de fornecedores.

“Minha maior preocupação agora é arrumar dinheiro para pagar as contas. Durmo e acordo pensando nisso. Temos algumas boas perspectivas, mas não acertamos nada ainda”, afirmou Wagner Pires de Sá, para quem a situação do Cruzeiro é como a de outros clubes brasileiros. “Nossa arrecadação é menor que o gasto. Temos de mudar isso. Jogadores recebem salários de padrão europeu, mas nossos torcedores não conseguem nem ir a todos os jogos por falta de dinheiro”.
 

"Saio com minha consciência tranquila" "De maneira alguma (quero voltar ao Cruzeiro). Quero voltar à arquibancada, para torcer. Não mexo com isso mais. A minha família agradeceu tanto ao Wagner quando mostrei a eles a mensagem. Então, presidente, a minha família ficou muito agradecida a você. Tchau" "Peço ao Ministério Público que agilize as investigações. Não precisa esperar a polícia, não. Faça paralelo. Eu fui investigado durante 10 anos por um promotor aí, o processo foi arquivado, não conseguiu provar uma denúncia. Investigue essa turma. E aproveita e investigue meu período também"

Zezé Perrella, ex-gestor de futebol do Cruzeiro

 

Torcida promete protestar na sede


A mudança na diretoria não diminuiu a insatisfação da torcida com a atual diretoria. Assim, está mantida a manifestação convocada para hoje, às 14h, na porta da sede administrativa do clube, na Rua Timbiras, no Barro Preto.

Uma das exigências era a saída de Zezé Perrella, que ocorreu. Mas os torcedores ainda querem “antecipação das eleições do fim de 2020 para janeiro; renúncia imediata do presidente do clube, Wagner Pires de Sá, e dos vices, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata; alterações no estatuto do clube, visando profissionalismo, modernidade e transparência; e direito a voto nas decisões do clube aos sócios-torcedores adimplentes há três anos”.

Ontem, torcedores divulgaram carta aberta nas redes sociais pedindo a ajuda do empresário Pedro Lourenço para “levantar” o clube. O texto coloca o sócio-diretor dos Supermercados BH como a pessoa mais indicada para liderar a frente que promete adesão a planos de sócio-torcedor e forte apoio ao time, caso uma nova diretoria assuma ainda no início de 2020, ano que a Raposa disputará a Série B do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história.



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