As inúmeras lesões e batalhas contra o próprio corpo foram demais para Maria Sharapova. Dona de cinco títulos de Grand Slam e ex-número 1 do mundo, a tenista russa de 32 anos anunciou ontem que está se aposentando profissionalmente do esporte, que começou a praticar quando tinha apenas quatro. O anúncio foi feito em uma carta de despedida aos fãs publicada pelas revistas norte-americanas Vogue e Vanity Fair.
“Como você deixa para trás a única vida que você já conheceu? Como você se afasta das quadras em que treinou desde pequena, o jogo que você ama – um jogo que lhe trouxe lágrimas não contadas e alegrias indizíveis –, um esporte em que você encontrou uma família, junto com fãs que se uniram atrás de você por mais de 28 anos? Eu sou nova nisso, então, por favor, me perdoe. Tênis, estou dizendo adeus”, escreveu a russa.
Desde 2007, quando teve a sua primeira grave lesão no ombro direito (operado duas vezes), Sharapova batalhou com, pelo menos, outras nove lesões entre braço, cotovelo, coxa e tornozelo. Antes das contusões, conquistou o título de Wimbledon, em 2004, e o US Open de 2006. Já convivendo com elas, faturou o Aberto da Austrália, em 2008, e o Roland Garros por duas vezes – 2012 e 2014.
“Eu aceitei esses sinais finais quando eles vieram. Um deles aconteceu em agosto do ano passado, durante o Aberto dos Estados Unidos (US Open). Atrás de portas fechadas, trinta minutos antes de entrar na quadra eu tinha um procedimento para 'entorpecer' meu ombro... Compartilho isso não para obter pena, mas para pintar minha nova realidade: meu corpo se tornou uma distração”, contou Sharapova.
Em 2016, veio o pior momento da carreira da russa, que foi pega em um exame antidoping realizado no Aberto da Austrália daquele ano com o uso de meldonium – uma substância que tomava desde 2006, mas que se tornou proibida em 1º de janeiro daquele ano. Ela acabou suspensa por dois anos, mas recorreu e viu a pena cair para 15 meses. Porém, desde o retorno a russa sofreu com lesões e nunca mais repetiu o tênis de antigamente.
Carreira vitoriosa Na carta de despedida, Sharapova faz uma espécie de viagem pela própria carreira. Em Sochi, na Rússia, ela deu os primeiros passos no tênis aos 4 anos, inspirada pelo pai. Hoje, com 32, ela expressou gratidão ao esporte e garantiu que sentirá saudades da antiga rotina.
“Ao dar minha vida ao tênis, o tênis me deu uma vida. Sentirei falta todos os dias. Vou sentir falta do treinamento e da minha rotina diária: acordar de madrugada, amarrar o sapato esquerdo à direita e fechar o portão da quadra antes de acertar minha primeira bola do dia. Vou sentir falta da minha equipe, dos meus treinadores. Vou sentir falta dos momentos sentados com meu pai no banco da quadra de treino. Os apertos de mão – ganhar ou perder – e os atletas, sabendo ou não, que me pressionaram a ser o meu melhor”, disse.
A russa termina a sua carreira profissional no tênis com 36 títulos e somando 21 semanas na liderança do ranking da WTA. Ela ainda conquistou uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
Sharapova, que caiu para o 373º lugar no ranking mundial, vinha de quatro derrotas consecutivas, incluindo eliminações nas primeiras rodadas do US Open de 2019, diante de Serena Williams, e do Aberto da Austrália de 2020, contra a croata Donna Vekic, sua última partida.