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Estado de Minas

O gigante de Formiga na NBA

Túlio Henrique da Silva será o quarto mineiro a disputar a mais importante liga de basquete do mundo. Com o sonho realizado, o ala-pivô agora quer chegar à Seleção Brasileira


postado em 01/06/2020 04:00 / atualizado em 01/06/2020 09:35

Túlio começou a jogar em Formiga, foi para o Olympico, em BH, se transferiu para o basquete universitário norte-americano e agora chega à NBA(foto: Arquivo pessoal)
Túlio começou a jogar em Formiga, foi para o Olympico, em BH, se transferiu para o basquete universitário norte-americano e agora chega à NBA (foto: Arquivo pessoal)

 
Aos 23 anos, Túlio Henrique da Silva, de 2,03m de altura, será o quarto mineiro a disputar a NBA, maior competição do basquete mundial. Nascido em Formiga, no Oeste de Minas, o ala-pivô está nos EUA há cinco anos e formou-se em comunicação pela Missouri State. Destaque no Campeonato Universitário, acabou indicado para o draft. Ele se juntará a Raulzinho e Cristiano Felício. O quarto atleta do estado que disputou a competição já faleceu, Fab Melo.
 

"Eu nunca tinha pensado em jogar basquete, muito menos chegar à NBA. Estou vivendo um sonho"

 
 
A história de Túlio com o basquete se assemelha à de outro grande jogador, o ex-pivô Gersão, campeão dos Jogos Pan-americanos Indianápolis’87, falecido recentemente, que começou a jogar tardiamente, aos 17 anos. O mineiro de Formiga deu os primeiros arremessos aos 14 anos, “por acaso”, como ele mesmo diz.
 
“Por ser alto, fui convidado por Geraldo Higuita, técnico do time da Escola Estadual Aureliano Rodrigues Nunes. Eu não tinha nem tênis e nem calção. Nunca tinha pensado em praticar esporte. Treinei descalço e de calça jeans. Os treinos eram no Poliesportivo de Formiga”, conta o atleta, que ganhou do treinador o primeiro tênis de basquete e calções.
 

"Tenho que trabalhar meu drible. Preciso, também, aperfeiçoar o arremesso de fora, de três pontos. Isso é necessário para estar na NBA"

 
 
E foi jogando em torneios regionais por Formiga que acabou sendo visto por José Guilherme Lara Barcelos, o Papagaio, do Olympico, ex-presidente da Federação Mineira de Basquete (FMB) e vice da Confederação Brasileira de Basquete (CBB). “Foi ele quem me levou para o Olympico.”
 
Elmon Rabelo, treinador que formou dois dos maiores pivôs da história do basquete mineiro – Gersão e Fab Melo, se recorda de como tudo começou. “Eu e o Papagaio saímos pelo interior, para tentar descobrir talentos. Foi o Papagaio quem o encontrou, e aqui demos conselhos a ele.”
 

"Quero jogar na Seleção Brasileira e defender meu país em Jogos Olímpicos e Mundiais (...) Lutar para reerguer o nosso basquete, que já foi campeão mundial"

 
 
De família humilde, Túlio conta que ao chegar a Belo Horizonte foi morar na república de atletas do clube. “Morei lá enquanto joguei pelo Olympico. Meu primeiro técnico foi o Zânio, quando tinha 14 anos. Depois, aos 15, o treinador era o David Pezão. Nos dois anos seguintes, Matheus, filho do Papagaio.
 
O jogo de Túlio começou a chamar a atenção e aos 15 anos foi convocado para a Seleção Mineira. Depois disso, veio a Seleção Brasileira. Foram três convocações em três anos consecutivos, o que lhe abriu as portas para os EUA.
 

"Pretendo encerrar minha carreira no Brasil, no clube onde comecei [Olympico]. Tenho muita gratidão pelo que o clube fez por mim"

 
 
Ele foi para a escola Arlington Country Bay, em Jacksonville, na Flórida, onde se formou. Na sequência, entrou para a Universidade South Florida e, em seguida, foi para a Springfield College, no Missouri. A universidade terminou na quarta colocação no Campeonato Norte-Americano de Basquete Masculino.
 
 
 
Futuro Túlio não sabe ainda qual a sua posição no draft, mas já tem noção do que pretende daqui pra frente. “Eu nunca tinha pensado em jogar basquete, muito menos chegar à NBA. Estou vivendo um sonho e muito perto de realizar a parte mais importante dele. Nunca poderia imaginar em chegar aonde cheguei.”
 
O ala-pivô diz que precisa aprimorar alguns fundamentos. “Por exemplo, quero trabalhar meu drible. Preciso, também, aperfeiçoar o arremesso de fora, de três pontos. Isso é necessário para estar na NBA.”
 
A grande vantagem de jogar a NBA, segundo ele, é porque não existe, em nenhum outro campeonato no mundo, tamanha intensidade como se joga nos EUA.
 
Túlio confessa que tem outros sonhos a realizar. “Quero jogar na Seleção Brasileira e defender meu país em Jogos Olímpicos e Mundiais. Representar meu país será muito importante. Lutar para reerguer o nosso basquete, que já foi campeão mundial.”
 
Para o fim da carreira, ele reserva a gratidão maior. “Olha, quero encerrar minha carreira no Brasil, no clube onde comecei. Esse é outro sonho. Tenho muita gratidão pelo que o clube fez por mim. Espero que, até lá, o Olympico tenha um time adulto e um patrocinador para bancar tudo isso.”
 
Números de Túlio
 
10
média de pontos por jogo 
na última temporada


7,5
média de rebotes por jogo 
na última temporada


107
total de jogos como universitário

1.139
pontos nos campeonatos 
universitários (quatro anos)


729
rebotes nos campeonatos 
universitários (quatro anos) 
 
Os outros mineiros na NBA
 
Raulzinho
 
Eleito o melhor jogador do Campeonato Mundial Escolar, disputado em 2007, na Grécia, Raul Togni Neto, hoje com 28 anos, começou a jogar em Poços de Caldas, sua terra natal. Quando seu pai, o ex-armador, hoje treinador, Raul Togni Filho, transferiu-se do Minas para o Bauru, ele foi para o interior paulista e lá jogou numa equipe da cidade, o Luso. Quando o pai encerrou a carreira, a família mudou-se para Belo Horizonte e Raulzinho foi para o Minas. Jogou no time adulto do MTC de 2008 a 2011, quando se transferiu para o Gipuskoa Basket da Espanha. Lá se destacou e acabou sendo draftado na NBA, em 2013. Foi a 47ª escolha, sendo recrutado pelo Atlanta Hawks, que o negociou, no mesmo dia, com o Utah Jazz. Raulzinho não ficou no Jazz. Foi emprestado para Gipouska em 2013. No ano seguinte, foi para o Murcia. Somente em 2015 voltou ao time de Utah, onde ficou por duas temporadas, quando foi emprestado ao Salt Lake Stars. Em 2019, foi para o Philadelphia 76’ers, seu time atual. Disputou duas edições dos Jogos Olímpicos com o Brasil, Londres’2012 e Rio’2016. 
 
Fab Melo
 
Revelado pelo técnico Elmon Rabelo, no Olympico, ele foi para os Estados Unidos, indo estudar na Universidade de Syracuse, em 2009. Em 2012, foi indicado para o draft. Foi a 22ª escolha, pelo Boston Celtics. O clube considerou que ele ainda precisava ser burilado e o emprestou ao Memphis Red Claws, time que disputa a Liga de Desenvolvimento da NBA. Na temporada seguinte, ao retornar ao Celtics, foi trocado com o Dallas Mavericks, mas não deu certo. O mineiro de Juiz de Fora foi então para Porto Rico, onde defendeu o Caciques de Humacao. Retornou ao Brasil, tendo defendido Paulistano, Liga Sorocabana-SP e Lobos-DF. Desempregado, retornou para Juiz de Fora, sua terra natal, onde faleceu, em fevereiro de 2017, vítima de problemas cardíacos. 
 
Cristiano Felício
 
Nascido em Pouso Alegre, Sul de Minas, foi o único dos quatro mineiros a entrar na NBA sem participar do draft. Pivô, ele começou a carreira em sua cidade natal, indo, em 2007, para o Jacareí-SP, para disputar os Jogos do Interior Paulista. Lá, foi descoberto por Flávio Davis, então técnico do Minas, que o trouxe para o clube, onde permaneceu de 2009 a 2011. Ao sair do Minas, Felício foi para o Flamengo, clube pelo qual foi campeão da Liga das Américas’2014 e da Copa Intercontinental’2014, o que chamou a atenção dos norte-americanos. Felício foi para o Canton Charge para a disputa da Summer League. O clube é ligado ao Chicago Bulls, que o contratou em 2016 e no qual permanece. 
 
draft 

O draft 2020/2021 da NBA foi adiado, sem data definida, por causa da pandemia da COVID-19 e será marcado para depois que a temporada 2019/2020 for encerrada. A competição foi paralisada em 11 de março. O objetivo da NBA era encerrar a temporada em agosto, mas a data-limite deve avançar para setembro e os organizadores estudam a possibilidade de realizar jogos sem torcida. 

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