Róger Guedes ainda está na pauta de reforços do Atlético, mas o presidente Sérgio Sette Câmara considera muito difícil a efetivação da contratação. Segundo o dirigente, o principal entrave é o salário elevado recebido pelo atacante no Shandong Luneng, da China, que pagou 9,5 milhões de euros - cerca de R$ 43 milhões na cotação da época - por sua aquisição, em julho de 2018.
“Essa contratação é muito difícil. O Mattos já falou muito sobre isso. Além de ele ter sido contratado pelo Shandong Luneng por 9,5 milhões de euros, ele tem um salário muito alto, muito elevado. A gente sequer sabe se haveria a possibilidade de vir para cá, se o Shandong não gostaria de ter o jogador lá”, explicou Sette Câmara, em entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas.
O mandatário alvinegro lembrou a passagem de Guedes pelo Atlético, no primeiro semestre de 2018. Depois de um início discreto, o jogador se recuperou e protagonizou ótimo início no Campeonato Brasileiro, com nove gols em 12 partidas, até ser negociado pelo Palmeiras ao Shandong. Na ocasião, o clube mineiro faturou 2,5 milhões de euros com taxa de vitrine (R$ 11,3 milhões).
“Todo mundo sabe que eu, Sérgio, tenho um carinho muito especial. Foi um jogador que eu trouxe. Ele teve problemas, se falou na saída dele. Naquele momento de dificuldade que ele teve aqui, ele pediu muito apoio do Fábio Santos. O Fábio conversou com o Domênico (Bhering, diretor de comunicação do Atlético) sobre o fato de se tratar de um grande jogador, que precisava ter apoio, precisava ter oportunidade, que a gente tinha que insistir com ele. Isso chegou a mim e fiz questão de mantê-lo, conversei com o Thiago Larghi. E deu certo, ele ficou aqui. Depois de dois meses e meio ele estourou, saiu como artilheiro do Campeonato Brasileiro”.
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Além de afastar o rótulo de ‘Bad Boy’ de Guedes, Sérgio Sette Câmara elogiou o comportamento profissional do atacante e reiterou que o Atlético só teria condições de contratá-lo por empréstimo, com o Shandong pagando parte dos salários. Por isso, o presidente não quer criar nenhuma falsa expectativa nos torcedores que almejam o retorno de Róger à Cidade do Galo.
“Ele chegou aqui como uma espécie de ‘Bad Boy’, mas não é nada disso. É um cara bacana, de família, sempre estava brincando com o filho dele no campo. É um profissional sério, cumpridor dos horários, aplicado. É um jogador que consta na lista dos grandes clubes brasileiros, mas é uma situação difícil. Não temos condição de pagar o salário que ele recebe lá e também não teríamos condição de fazer o investimento que Shandong fez. Se fosse um empréstimo, parte do salário sendo pago pelo Shandong, até poderia caber. Não quero criar nenhuma falsa expectativa.
Troca por Cazares?
Assim que o interesse do Atlético por Róger Guedes se tornou público, veio à tona a informação de que o Palmeiras, dirigido à época por Alexandre Mattos, inseriu uma multa de 3 milhões de euros (R$ 17,8 milhões) caso o jogador viesse a se transferir do Shandong Luneng para outro clube brasileiro.
A existência da cláusula foi confirmada pelo próprio Mattos, executivo do Galo desde o início de março. E o jornalista Cosme Rímoli, do portal R7, noticiou a possibilidade de o Atlético ceder Cazares ao Palmeiras em troca do cancelamento da compensação financeira por Róger Guedes.
Sérgio Sette Câmara negou ter conversado com Maurício Galiotte, presidente do Verdão, a respeito do tema, embora admita que essa negociação poderia ser acertada por meio de uma troca de jogadores.
“Eu sou muito amigo do Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras. Além de ser uma pessoa muito simpática, a gente esteve junto no casamento do Mattos e em outras situações, ele me convida para aquelas festas comemorativas do Palmeiras, ele é uma pessoa muito alinhada, um dirigente bacana, moderno, diferente. Se tivesse essa situação, eu iria conversar. Ele não pode rasgar dinheiro, os contratos precisam ser cumpridos, precisa prestar contas para o conselho dele”, pontuou.
“A negociação poderia envolver algum jogador ou alguma coisa, mas não foi conversado nada sobre a situação do Cazares para a liberação do Róger Guedes. Nunca falamos sobre isso. Conversamos ontem, houve uma reunião do CNC, que já estava marcada. Ele me liga de vez em quando para falar sobre a volta, como está aqui, coisas normais de dirigentes de futebol, mas esse assunto de Cazares não foi falado em momento algum, posso garantir. O Mattos também tem muito contato com ele, saiu pelas portas da frente do Palmeiras, teve um ciclo vencedor lá. Ele tem uma relação muito boa com o Galiotte. Eu não esconderia de vocês se isso tivesse sido conversado, mas não foi”, complementou.
Cazares, de 28 anos, tem vínculo com o Atlético até dezembro. O diretor de futebol Alexandre Mattos já reconheceu a necessidade de resolver o mais breve possível o futuro do equatoriano, que pode, a partir de 1º de julho, assinar pré-contrato com outro clube. O meia-atacante marcou 41 gols e deu 46 assistências em 204 partidas pelo Galo.
Em janeiro, quando tinha Rui Costa como diretor de futebol e Rafael Dudamel de técnico, o Atlético recusou proposta de quase R$ 13 milhões do Al-Ain, dos Emirados Árabes Unidos, para vender Cazares. À época, o ex-executivo do clube ressaltou o desejo de estender o vínculo com o camisa 10 por mais uma temporada, o que não aconteceu.
A entrevista
Presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Na conversa, o mandatário alvinegro falou sobre finanças, contratações, política, relação com o técnico Jorge Sampaoli, Arena MRV, rivalidade com o Cruzeiro e vários outros temas. As reportagens serão publicadas ao longo dos próximos dias. Veja o que já escrevemos: