Jornal Estado de Minas

CRUZEIRO

Presidente do Cruzeiro revela valor de lucro líquido com clubes sociais: 'Dá para explorar melhor'

Vista aérea do clube do Cruzeiro na Pampulha (foto: Divulgação/Cruzeiro)
A negociação de patrimônios para amortizar dívidas ainda é um projeto distante no Cruzeiro, já que há a obrigatoriedade de aprovação por parte do Conselho Deliberativo. Também é necessário encontrar propostas que atendam as necessidades financeiras da instituição, cujo passivo total gira em torno de R$ 800 milhões. Enquanto a ideia não ganha corpo, o presidente Sérgio Santos Rodrigues pretende tornar os clubes sociais mais rentáveis. Segundo ele, os dois centros de lazer proporcionam lucro líquido mensal de R$ 200 mil.



“Hoje, pelos dados que a gente tem, o retorno é de R$ 200 mil por mês que os clubes dão de superávit para o Cruzeiro, de uma forma conjunta. Dá para explorar melhor”, disse o dirigente, em entrevista ao Superesportes e ao Estado de Minas.

Uma das medidas que Sérgio vislumbra implantar é a simplificação do processo de adesão, uma vez que as estruturas no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e Santa Branca, na Pampulha, comportam quantidade maior que os atuais 4.448 associados.

“Acho que pode ser mais bem explorado. O clube tem capacidade de ter mais sócios, mas para se tornar sócio, você tem de pegar uma ficha, um abonador, volta lá com uma foto 3x4 (...). Outro dia um colega foi se tornar sócio e nem sabia onde tirava uma foto 3x4. São coisas que não condizem mais com o novo Cruzeiro que a gente está fazendo. Já estamos fazendo uma nova forma de usar o próprio site, pagar no cartão de crédito e associar dessa forma”.



O presidente também tem planos para potencializar as receitas com os eventos internos. “É preciso explorar melhor as coisas lá dentro. Por exemplo, você conversa com qualquer produtor de evento, e ele fala que o Churrascão poderia dar um dinheiro absurdo. E não dá. Fazendo de forma profissional, achamos que são meios que podem dar mais retorno ao clube.

Mencionado por Sérgio Rodrigues, o Churrascão do Cruzeiro teve a 35ª edição adiada em razão da pandemia do novo coronavírus. Marcada inicialmente para 30 de maio, no clube da Pampulha, a festa foi reagendada para 19 de setembro, podendo sofrer nova alteração caso as autoridades de saúde assim determinem. O público iria desfrutar de variedade gastronômica de carnes, peixes, tropeiro, massas e caldos, além de curtir shows de Thiaguinho e da dupla Zezé di Camargo & Luciano. No último lote, o convite era comercializado por R$ 290.


Hoje, o interessado em se tornar sócio individual do clube paga R$ 425 de admissão (R$ 480 a prazo) e mensalidade de R$ 115. Já o plano familiar custa R$ 630 a admissão (R$ 690 a prazo) e R$ 300 de taxa mensal de administração.  No balanço patrimonial de 2019, o Cruzeiro registrou uma receita bruta de R$ 11.508.528,00 com “Associados e Escolinhas” e R$ 1.668.311,00 em “Eventos Sociais”. Em 2018, o faturamento foi ligeiramente inferior, de R$ 11.249.203,00 e R$ 1.578.994,00, respectivamente.



Permuta


Em 2013, o América fechou as portas de sua sede social para dar início a uma permuta com a Direcional Engenharia. O empreendimento no Bairro Ouro Preto, na Pampulha, em BH, ficou pronto no fim de 2015. Atualmente, os apartamentos de dois e três quartos são vendidos por valores entre R$ 300 e R$ 600 mil. De acordo com os balanços patrimoniais do clube, o ganho de 22,5% em cima do “Valor Geral de Vendas” já garantiu um faturamento de R$ 25.674.832,00.

No caso do Cruzeiro, o modelo do negócio precisaria ser avaliado.  “O primeiro passo é a regularização dos imóveis, que acredito que não se resolve em um mês, demora um pouco mais. A partir do momento em que isso ocorrer, aí sim podemos estar atentos a ouvir propostas interessantes, que leve a uma condição boa para o Cruzeiro. Assim que elas chegarem, temos de submeter ao Conselho, não depende da presidência. O Conselho entendendo que isso é bom, não vejo problema algum. Mas aberto às possibilidades, todos os cruzeirenses estão”, comentou Sérgio Rodrigues.

Entre os bens do Cruzeiro estão os clubes sociais; a sede administrativa do Barro Preto, na Rua dos Timbiras; um estacionamento em frente ao parque esportivo da Pampulha, na Rua das Canárias; e as Tocas da Raposa I e II. No levantamento da empresa de consultoria Moore, o patrimônio imobilizado da Raposa tem valor estimado em R$ 213.713.468,00 - menos de 27% da dívida total.


A entrevista


Sérgio Santos Rodrigues concedeu entrevista exclusiva ao Superesportes e ao Estado de Minas. Na conversa, presidente do Cruzeiro falou sobre finanças, contratações, patrocínios, entre outros temas relacionados ao início de sua gestão. As reportagens serão publicadas ao longo dos próximos dias. Veja o que já escrevemos: