Jornal Estado de Minas

SÉRIE B

Lisca e Felipão recusam proposta do Cruzeiro, que continua em busca de técnico



No momento mais difícil de sua história, o Cruzeiro não se acerta dentro e fora de campo e sofre rejeições consecutivas. Na zona de rebaixamento da Série B do Brasileiro, o clube demitiu o técnico Ney Franco e encontra dificuldades para escolher o substituto. Lisca, atualmente no América, e Luiz Felipe Scolari foram os primeiros a recusar o convite. Agora, a cúpula celeste busca a “opção C” para tentar conduzir a equipe ao acesso em meio a uma série de problemas sérios que vive o clube.





O treinador que aceitar o cargo vai encontrar um cenário muito difícil, que interfere diretamente no desempenho nos gramados. No mercado de ponta dos técnicos no país, há os nomes de Tiago Nunes (recentemente desligado do Corinthians) e Dorival Junior (demitido do Athlético) no mercado. Independentemente de quem assumir, terá de vir disposto a fazer algo diferente do que fizeram os antecessores, enfrentar os problemas diários e saber que terá muitas limitações. Além disso, estar ciente de que, se o projeto falhar novamente, o comandante será o primeiro a ser desligado.

A Raposa passa pela crise financeira mais grave de sua história, com atraso nos salários e impedimento de registrar jogadores, justamente por não ter quitado a dívida referente ao empréstimo do volante Denílson. A diretoria, por sua vez, sempre apostou na interrupção dos trabalhos numa expectativa de mudança de ares. Adilson Batista começou o ano no cargo, trazido pelo ex-dirigente Zezé Perrella, atualmente afastado do clube. Demitido no Mineiro, deu lugar a Enderson Moreira, que também não ajudou a equipe a dar liga. Por fim, Ney Franco ficou apenas sete jogos no comando celeste, com duas vitórias, um empate e quatro derrotadas.

Com o grupo totalmente desequilibrado e sem peças para mudar o panorama nas partidas, a campanha não poderia ser outra: 19º lugar na tabela, com apenas cinco vitórias em 15 jogos e 15 gols marcados. Se antes o desejo era obter o acesso, hoje a realidade é a fuga da zona da degola da Terceira Divisão.





A crise é escancarada pelos depoimentos fortes dos líderes do grupo. O goleiro Fábio foi o primeiro a soltar o verbo depois da inesperada derrota para o Sampaio Corrêa por 2 a 1, em pleno Mineirão, na semana passada. “A gente plantou lá atrás e agora está colhendo. E quem fez as coisas erradas no Cruzeiro está em casa”, afirmou o goleiro. Depois, o zagueiro Manoel também fez críticas à atual situação da equipe: “Não sei mais o que fazer, o que falar, não sei o que fazer para motivar meus companheiros. Vamos seguir trabalhando para sair dessa situação”.

Ainda que o cenário seja desanimador, o presidente Sérgio Santos Rodrigues se mantém confiante em reviravolta. No discurso do dirigente, é possível sonhar com o acesso, mesmo que as circunstâncias apontem um caminho totalmente dolorido nos próximos meses. “Temos no turno mais cinco rodadas, depois um turno inteiro ainda. Continuamos acreditando muito, muito, muito que é possível ainda conseguir fazer isso. Matematicamente é possível”.

Sim, ela é possível. Mas exigirá uma reação avassaladora da equipe. Segundo o departamento de matemática da UFMG, a Raposa tem apenas 1% de chance de voltar à Série A. Por outro lado, sustenta 53% de possibilidade de chegar pela primeira vez à Terceira Divisão, o que seria literalmente o fundo do poço.

EM ATIBAIA

Em meio ao ambiente conturbado, o Cruzeiro segue em Atibaia se preparando para o duelo de sexta-feira contra o Juventude, às 21h, no Mineirão. O auxiliar fixo Célio Lúcio, ex-zagueiro do clube, foi chamado às pressas para comandar as atividades até um novo treinador ser contratado. Caso a diretoria não chegue a acordo, ele ficará à beira do gramado.