As primeiras conversas para a formação de mais um time de futebol em Belo Horizonte se deram no distante 1916. Só com jogadores de origem italiana, um combinado participou de amistosos beneficentes cuja renda era voltada para a Cruz Vermelha. A maioria naquele scratch italiano era formada por componentes do Yale Athletic Club, que havia surgido em 1910. Não foi por acaso, então, que parte desse grupo estava entre os cerca de 100 desportistas que se reuniram em 2 de janeiro de 1921 no Centro de Belo Horizonte, para fundar a Societá Sportiva Palestra Itália.
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Com camisa verde, escudo do lado esquerdo do peito, calção branco e meias vermelhas – sob inspiração do designer Arthur Lemmes –, a equipe fazia em 3 de abril de 1921 seu primeiro jogo. Derrotava um combinado de Villa Nova e Palmeiras (ambos de Nova Lima) por 2 a 0, no Estádio do Prado Mineiro. Jogaram Nelio, Polenta, Ciccio, Quiquino, Américo, Bassi, Lino, Spartaco, Nani (que marcou os gols), Henriqueto e Armandinho.
Na segunda partida no Prado Mineiro, também amistosa, primeiro confronto com o Atlético, primeira goleada: um 3 a 0 implacável sobre o time que se tornaria seu maior rival. Viriam mudanças no gol (Nulio dá lugar a Scarpelli), meio (Bassi é substituído por Kalin) e ataque (Armandinho é trocado por Atílio). Nani e Atílio (duas vezes) balançaram as redes do alvinegro.
Desde o começo, as estruturas foram pensadas para que se transformasse num gigante do futebol. Em 1922, foi comprado o terreno no Barro Preto – área onde hoje fica o Parque Esportivo do Cruzeiro – em que construiria seu estádio, inaugurado no ano seguinte. Os bons resultados não demoraram. Vice-campeão de 1922 a 1927, quebraria o revezamento americano e atleticano, emplacando logo um tricampeonato: 1928, 1929 e 1930. Um cartão de visitas e tanto, com uma equipe que contava com os lendários irmãos Ninão, Nininho e Niginho, Bengala e Piorra.
As cores celestes
A equipe entraria na década de 1940 voltando a conquistar títulos, após jejum de nove anos. Melhor do que isso: vencendo a primeira decisão direta com o Atlético. No primeiro duelo, em 29 de dezembro, 3 a 1 sobre o rival em Lourdes, gols de Alcides e Niginho (dois). No segundo, em 5 de janeiro de 1941, derrota por 2 a 1 no Barro Preto. Mas no tira-teima, num 12 de janeiro, na Alameda (do América), Palestra 2 a 0, com Alcides e Niginho marcando.Aquela década marcaria a mudança obrigatória de nome em 1942, determinada pelo governo brasileiro, que havia declarado guerra aos países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão). Assim, o Cruzeiro Esporte Clube, agora em uniforme azul e branco, garantiria mais um tri mineiro (1943/44/45), dividiria o título de 1956 com o alvinegro e engataria nova trinca (1959/60/61).
Era a consolidação de uma trajetória que se tornaria hegemônica a partir da era Mineirão, quando se montou um esquadrão do qual fariam parte jogadores como Raul, Piazza, Tostão e Dirceu Lopes. Nasceria ali o primeiro penta celeste, de 1965 a 1969. Mais do que isso: um time que encantaria o país com a emblemática conquista da Taça Brasil sobre o Santos, de Pelé, em 1966.
Um Cruzeiro que, afinal, se provaria gigante em seus novos desafios. Campeão da Libertadores em 1976 e 1997, hexa da Copa do Brasil (1993, 1996, 2000, 2003, 2017 e 2018), tetracampeão do Brasileiro (1966, 2003, 2013 e 2014).
Colecionadores de taças
Duas Copas Libertadores, quatro Brasileiros, seis Copas do Brasil… A extensa galeria de troféus do Cruzeiro é motivo de orgulho e justificativa da torcida a qualquer provocação de rivais. Foram conquistas protagonizadas por muitos craques, mas também construídas por jogadores operários ao longo dos anos. E são muitos os que ficaram marcados como colecionadores de taças com a camisa celeste.
Na história do clube centenário, ninguém levantou mais troféus que Ricardinho. O ex-volante foi campeão 15 vezes pela Raposa. Em duas passagens pela Toca (de 1994 a 2002 e em 2007), Ricardinho disputou 441 jogos e marcou 46 gols. A principal conquista foi a Libertadores de 1997. O bicampeonato da Copa do Brasil, em 1996 e 2000, também é destaque na coleção do “Mosquitinho Azul”.
Abaixo no ranking está o artilheiro Marcelo Ramos. O baiano, em 365 jogos, fez 163 gols e conquistou 14 títulos, intercalados em passagens de 1995 a 2003. Piazza, volante nas décadas de 1960 e 1970, aparece em terceiro lugar, com 13 taças.
O único jogador do atual grupo entre os primeiros da lista de maiores campeões pelo Cruzeiro é o goleiro Fábio. O goleiro está na Toca da Raposa II há 15 anos – atuou brevemente em 2000 – e ganhou 12 títulos. Zé Carlos e Nonato detêm a mesma marca do camisa 1.
Os principais títulos
Internacionais
• Copa Libertadores: 1976 e 1997
• Supercopa da Libertadores: 1991 e 1992
• Recopa Sul-Americana: 1997 (disputada em 1998)
• Copa Ouro: 1995
• Copa Master da Supercopa: 1995
Nacionais e regionais
• Campeonato Brasileiro: 1966, 2003, 2013 e 2014
• Copa do Brasil: 1993, 1996, 2000, 2003, 2017 e 2018
• Copa Sul-Minas: 2001 e 2002
• Copa Centro-Oeste: 1999
OS papa-títulos
15
Ricardinho (volante)
Mineiro (1994, 1996, 1997
e 1998), Copa Ouro (1995), Copa Master (1995), Copa do Brasil (1996 e 2000), Libertadores (1997),
Recopa Sul-Americana (1998), Copa Centro-Oeste (1999), Copa dos Campeões Mineiros (1999), Sul-Minas (2001 e 2002) e Supercampeonato
Mineiro (2002)
14
Marcelo Ramos (atacante)
Copa Ouro (1995), Copa Master (1995), Mineiro (1996, 1997, 1998 e 2003), Libertadores (1997), Recopa Sul-Americana (1998), Copa do Brasil (1996 e 2003), Copa Centro-Oeste (1999), Copa dos Campeões Mineiros (1999), Sul-Minas (2001) e Brasileiro (2003)
13
Piazza (volante)
Mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977), Taça Brasil (1966), Taça Minas Gerais (1973) e Libertadores (1976)
12
Zé Carlos (volante)
Taça Brasil (1966), Mineiro (1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977), Taça Minas Gerais (1973) e Libertadores (1976)
Nonato (lateral-esquerdo)
Mineiro (1992, 1994, 1996 e 1997), Copa dos Campeões Mineiros (1991), Copa do Brasil (1993 e 1996), Supercopa Libertadores (1991 e 1992), Copa Ouro (1995), Copa Master (1995) e Libertadores (1997)
Fábio (goleiro)
Copa do Brasil (2000, 2017, 2018), Mineiro (2006, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018, 2019) e Brasileiro (2013, 2014)
11
Dirceu Lopes (armador)
Mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974 e 1975), Taça Brasil (1966) e Libertadores (1976)
Palhinha (atacante)
Mineiro (1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1984), Taça Minas Gerais (1973, 1982 e 1983) e Libertadores (1976)
Raul (goleiro)
Taça Brasil (1966), Mineiro (1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977) e Libertadores (1976)
10
Douglas (volante)
Mineiro (1984, 1987, 1992 e 1994), Taça Minas Gerais (1982, 1983, 1984 e 1985), Supercopa Libertadores (1992) e Copa do Brasil (1993)
Luís Fernando (armador)
Supercopa Libertadores (1991 e 1992), Mineiro (1992, 1994, 1996 e 1997), Copa do Brasil (1993 e 1996), Copa Ouro (1995) e Copa Master (1995)
Henrique (volante)
Mineiro (2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019), Brasileiro (2013 e 2014) e Copa do Brasil (2017 e 2018)
Rafael (goleiro)
Mineiro (2008, 2009, 2011, 2014, 2018, 2019), Brasileiro (2013, 2014) e Copa do Brasil (2017, 2018)