Com chances praticamente nulas de voltar à Série A do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro já se prepara para mais uma temporada na Segunda Divisão e começou a reformulação pela diretoria de futebol: contratou André Mazzuco, de 42 anos, para assumir o cargo. Como 2021 promete ser ainda mais difícil, principalmente financeiramente, a Raposa busca alternativas para ter uma equipe competitiva gastando menos.
Com a medida, o ex-jogador Deivid volta ao cargo de diretor-técnico, ficando responsável pela integração das diferentes áreas do Departamento de Futebol, incluindo comissão técnica e atletas. Além disso, foi oficializada o fim da consultoria prestada por José Carlos Brunoro.
Mazzuco iniciou a carreira de gestor como gerente das categorias de base do Coritiba, em 2008. Virou superintendente de futebol profissional do Coxa em 2013, passando depois a executivo de futebol do Red Bull Brasil, do Paysandu, do Paraná e do Vasco, onde estava desde julho de 2019.
No clube carioca, se destacou por “garimpar” bons nomes, principalmente no exterior, sem gastar muito dinheiro. A principal contratação foi a do atacante argentino Germán Cano, responsável por marcar 11 dos 26 gols cruz-maltinos no Brasileiro. Também chegaram atletas como os colombianos Guarín e Torres e os argentinos Benítez e Parede.
Alguns reforços, porém, não deram resultado. E o time vem mal no Brasileiro da Série A (é o 17º, na zona de rebaixamento). Mas o importante foi não ter investido alto, o que teria ampliado o já dramático quadro de endividamento do Vasco.
“É um grande privilégio estar em um clube como o Cruzeiro, com nove milhões de torcedores apaixonados, uma estrutura fantástica, com condições de trabalho vantajosas para todo profissional do futebol. Vejo que o grande desafio do Cruzeiro é, além de se reorganizar através da gestão profissional que já vem sendo feita pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues e toda a equipe, voltar a vencer, retomar as conquistas, algo extremamente fundamental e condizente com a história”, afirmou o novo diretor de futebol. Ele é formado em educação física pela Universidade Federal do Paraná, onde também fez mestrado em disciplinas ligadas ao esporte. Realizou ainda doutorado em desporto jovem na Universidade de Coimbra (Portugal).
CARÊNCIAS
Uma das primeiras missões de Mazzuco, que chega amanhã a Belo Horizonte, será definir com o técnico Luiz Felipe Scolari as carências do grupo. Há muitas situações pendentes, a começar pela do lateral-direito Orejuela, cuja transferência em definitivo para o Grêmio, antes dada como certa, parece ter sido cancelada por desentendimento quanto aos valores.
Já o zagueiro Manoel tem contrato apenas até o meio do ano. Entre os volantes, Filipe Machado só tem permanência garantida pelo Grêmio até o fim da Série B.
Como Régis não renovou o compromisso, vencido em 31 de dezembro, será preciso buscar um armador, pois o treinador só conta com Giovanni – Claudinho e Marco Antônio, ambos de 20 anos, são considerados muito jovens pela comissão técnica. No ataque, Arthur Caíke também tem vínculo apenas até o fim do mês e deve voltar ao Al-Shabab, dos Emirados Árabes Unidos.
Além da Série B, o Cruzeiro jogará em 2021 o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil. Mas a prioridade deve ser mesmo voltar à elite nacional.
Contratações de Mazzuco no Vasco
Jogador Posição Procedência
Léo Matos lateral-direito Paok-GRE
Jadson zagueiro Portimorense-POR
Marcelo Alves zagueiro Madureira
Neto Borges lateral-esquerdo Genk-BEL
Leonardo Gil volante Al-Ittihad-SAU
Guarín volante Shanghai Shenhua-CHI
Carlinhos armador Standart Liège-BEL
Martín Benítez armador Independiente-ARG
Clayton meia-atacante Atlético
Torres atacante Atlético Nacional-COL
Cano atacante Independiente Medellín-COL
Parede atacante Talleres-ARG
Ygor Catatau atacante Madureira
Até estatística agora ajuda o América
Embalado e liderando a Série B do Campeonato Brasileiro, o América terá pela frente na próxima rodada um dos mais fracos visitantes da competição, o Vitória. O time baiano, rival da noite de sábado, no Independência, tem o terceiro pior aproveitamento atuando longe de seus domínios. Faturou só 24,4% dos pontos disputados em 15 partidas, vencendo apenas uma. Foram oito empates e seis derrotas.
O Leão da Barra é o 15º colocado da Série B, com 37 pontos – dois a mais que o Náutico, primeiro clube no grupo da zona de rebaixamento.
Já o Coelho tem a quinta melhor campanha como mandante. Dos 16 jogos no Independência, venceu nove, empatou quatro e perdeu três. Foram 31 pontos somados, de 48 possíveis (64,5% de aproveitamento).
De acordo com o Departamento de Matemática da UFMG, o América tem 99,9% de chance de acesso à Série A. Agora, briga por um inédito tricampeonato da Série B (venceu em 1997 e 2017). A equipe mineira assumiu a ponta do torneio na última rodada, ao bater o Guarani por 1 a 0, no Brinco de Ouro, em Campinas. Tem 63 pontos, como a vice-líder, Chapecoense, mas ocupa a primeira colocação por ter uma vitória a mais que os catarinenses.
Já no caso dos baianos, a meta é somar nove pontos em seis jogos (18 em disputa) para alcançar uma margem de segurança. Uma equipe que obtiver 46 pontos tem apenas 1,4% de risco de cair para a Terceira Divisão nacional.
Nesta reta final, com vantagem no número de vitórias (18 a 17), primeiro critério de desempate da Série B, o alviverde mineiro precisa, na pior das hipóteses, de uma campanha “espelhada” à da Chape. O Departamento de Matemática da UFMG credita ao América 57,2% de probabilidade de título, e aos catarinenses, 42,2%.
Nos últimos seis duelos, além do Vitória, o América enfrenta Náutico (fora), Botafogo-SP (casa), Brasil de Pelotas (fora), Confiança (fora) e Avaí (casa). Já a Chapecoense encara Botafogo-SP (fora), Figueirense (casa), Vitória (fora), Ponte Preta (casa), Operário (fora) e Confiança (casa).
FEITO INÉDITO
Além de coroar o trabalho do técnico Lisca e o planejamento acertado da diretoria, o eventual título colocaria o time mineiro isolado na primeira posição entre os maiores campeões da Segunda Divisão. O posto é dividido com Coritiba, Goiás, Palmeiras, Paysandu e Bragantino, que também ganharam duas vezes cada.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Murta