Júnior Chávare ainda não completou dois anos no comando da base do Atlético, mas os resultados já estão aparecendo. Além da presença frequente de jogadores no time principal, o Galinho alcançou nesta semana a vaga na final do Campeonato Brasileiro Sub-20 - o alvinegro não chegava à decisão desde 2009. O adversário na briga pela taça será o Athletico-PR.
Ainda com o futuro indefinido no clube, Chávare avaliou as mudanças profundas comandadas por ele nas divisões de base do Atlético. Desde que chegou ao Galo, o coordenador traçou uma estratégia de captação mais agressiva, com atletas em processo mais avançado de formação.
Em entrevista ao Superesportes, Chávare relembrou toda a trajetória na base do Galo para que o time alcançasse resultados expressivos. De acordo com o coordenador, o método adotado por ele no clube possibilitou a formação de um time vencedor e capaz de auxiliar a equipe principal.
“Mais do que falar quem eu trouxe e quem eu não trouxe, é falar do método para a montagem disso tudo. No ano passado, começamos a fazer a remodelagem das categorias e fizemos alguns investimentos pontuais para o sub-20. Um dado importante é que tivemos apenas cerca de 15% da captação em jogadores de 18 a 20 anos. Os demais são jogadores mais novos. O maior coeficiente de captação que a gente teve no ano passado foi de jogadores de 16 anos para baixo, algo em torno de 75%. A gente fez uma remodelagem desde o sub-14 até o sub-20. No sub-20, a gente buscou posições que a gente necessitava de um pouco mais de peso, consistência. ”, disse o dirigente.
Para o coordenador, o planejamento feito pelo Atlético possibilitou que as equipes de base não sofressem com as constantes solicitações de Jorge Sampaoli no time profissional.
“Planejamos o ano de 2020, antes da pandemia, com dois times competitivos. Um time para jogar o Campeonato Brasileiro e outro time, mais jovem, para competir no Mineiro. Nossa ideia era jogar o Mineiro com os atletas de 18 anos na equipe sub-20 e os atletas de 16 anos na equipe sub-17. Desta forma, os times principais ficaram para as competições de maior peso”, afirmou, completando.
“Isso aconteceu de uma certa forma, em função do modelo de jogo do Jorge Sampaoli. Temos 15 atletas do sub-20 e outros dez do sub-17 que ficaram disponíveis à equipe principal. A única coisa que pedimos foi para fazer um rodízio, e o Sampaoli foi muito solícito. Desta forma, girou todo o elenco da base. Todos que estão lá são jogadores de alta relevância que poderiam contribuir muito”.
Captação agressiva
Chávare já havia feito o mesmo processo nas divisões de base de outros clubes. No Atlético, buscou jogadores em todos os cantos do país e montou uma equipe forte. O processo de contratação é idêntico para todos os atletas: empréstimo gratuito com opção de compra de um grande percentual do atleta por um valor baixo.
Um dos exemplos de sucesso foi o do jovem Calebe, que faz parte do grupo principal comandado por Sampaoli. Ele pertence ao São Paulo e deve ser comprado pelo alvinegro ao fim do vínculo por empréstimo.
Sem contratos longos, Chávare consegue fazer uma avaliação minuciosa de cada atleta e decidir se ele tem condição de permanecer e ser um bom ativo para o clube. E, de acordo com o dirigente, o clube consegue mapear todos os times das três principais divisões do futebol brasileiro.
“Aí a gente volta naquela grande remodelação que aconteceu. A captação do Atlético voltou a ser agressiva, ela conseguiu mapear todos os estados do Brasil. Posso garantir que o Atlético sabe quem quer em cada um dos 20 clubes da séries A, B e C”, concluiu.
Apesar do trabalho feito no clube, Júnior Chávare não tem a permanência definida no Atlético. Nos bastidores, se fala em mudança no comando da base. No entanto, o dirigente ainda não conversou com o presidente Sérgio Coelho e a situação segue indefinida.