No pedido mandado de segurança para rescindir o contrato com o Cruzeiro, negado pela Justiça nessa quinta-feira, representantes jurídicos do zagueiro Dedé alegaram que o atleta estaria sendo submetido "a permanecer como um escravo" por não receber salários há vários meses.
O argumento utilizado não convenceu o desembargador que julgou o processo e repercutiu negativamente entre os torcedores nas redes sociais.
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Cobrando planejamento, organizadas do Cruzeiro marcam novo ato de protestoDaniel Guedes segue ligado ao Cruzeiro e terá futuro avaliado pela direçãoCruzeiro oficializa contratação do técnico Felipe ConceiçãoSérie B: com 'nojo' após vice, Salum diz que não será candidato no AméricaO argumento utilizado na ação do zagueiro também causou revolta em outros torcedores na rede social.
O desembargador do trabalho Paulo Maurício Ribeiro Pires, responsável por negar o mandado de segurança solicitado pelo jogador, lamentou o argumento de que o atleta estaria submetido a “permanecer como um escravo” no Cruzeiro.
Segundo o magistrado, a remuneração de R$ 750 mil foi paga a Dedé de maneira parcial ao longo dos anos de contrato com a Raposa.
“Sob outra ótica, lamenta-se a afirmação inicial de que o impetrante, cuja remuneração aduz corresponder a R$750.000,00 (e que ao menos parcialmente foi incontroversamente paga ao longo dos anos, conforme demonstrativo de id e2e85c8), esteja sendo submetido “a permanecer como um ‘escravo’". Lastimável comparação, notadamente em se considerando o crítico momento sócio-econômico por que passa a esmagadora maioria da população brasileira, em razão das consequências da pandemia que vem assolando o mundo, correspondente à disseminação da COVID-19 - muitos almejando meramente obter um emprego em que receba o salário mínimo, no ano corrente reajustado para o montante de R$1.100,00”, escreveu.
A Justiça indeferiu o mandado de segurança solicitado e ainda condenou o zagueiro a arcar com as custas do processo, no valor de R$ 277.813,33, calculadas sobre R$ 13.890.666,70 atribuídos à causa - considerando a soma de verbas rescisórias (R$3.390.666,66) e cláusula compensatória (R$10.500.000).
Na petição inicial, datada de 4 de janeiro, o atleta pleiteava R$35.258.058,64. Antes de requerer o mandado de segurança, Dedé tentou sair do Cruzeiro por meio de rescisão liminar indireta.
Ele teve dois pedidos negados: o primeiro pelo juiz Marco Antônio Ribeiro Muniz Gomes, em 5 de janeiro, e o segundo por Danilo Siqueira de Castro Faria, no dia 8.
Assim, o próximo passo do imbróglio é em audiência a ser marcada para a 48ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. O departamento jurídico celeste deve propor parcelamento de 60 meses ao zagueiro, da mesma forma que fez com o lateral-esquerdo Dodô (R$15 milhões) e o atacante Fred (R$25 milhões).
Dedé cobra do Cruzeiro mais de 10 meses de salários, direitos de imagem, férias, 13º e FGTS, além de uma cláusula compensatória de R$10,5 milhões relativa aos meses restantes de contrato (até dezembro de 2021).
No processo também há o requerimento de indenização por danos morais de R$3,75 milhões devido a um vídeo vazado do ex-presidente Wagner Pires de Sá detonando a parte física do jogador.
O defensor chegou à Raposa em abril de 2013, após ser contratado junto ao Vasco por R$ 14 milhões. Dedé jogou pela última vez em 19 de outubro de 2019, na vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians, em São Paulo, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Na ocasião, ele saiu machucado para a entrada de Cacá. Desde então, foi submetido a vários tipos de tratamento, desde o conservador até o cirúrgico - procedimento realizado no Rio de Janeiro, em março do ano passado, por profissionais de sua confiança. De 2015 a 2017, Dedé já havia convivido com inúmeras lesões que o fizeram passar grande parte do tempo no departamento médico.
Quando esteve em campo, mostrou-se um zagueiro forte, rápido e muito bom na bola aérea. Em 188 partidas pelo Cruzeiro, marcou 15 gols e conquistou sete títulos: dois Brasileiros (2013 e 2014), duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e três Campeonatos Mineiros (2014, 2018 e 2019).