Galo vence o Fortaleza e continua vivo na briga pelo título do Brasileirão

Missão dada. Missão cumprida. O Atlético fez o dever de casa, confirmou a campanha quase perfeita como mandante e, ontem, no Mineirão, pela 33ª do Campeonato Brasileiro, venceu o Fortaleza, por 2 a 0, e continua vivo e na briga pelo bicampeonato. Nesta reta final, o Galo vivendo uma gangorra de resultados e a torcida ora sonhando ora se decepcionando (ou desconfiado) com a possibilidade do título, às vezes, desperdiçando tropeços dos adversários diretos pela conquista, renovou a esperança e segue acreditando.

E, novamente, o Galo contou com o tropeço do São Paulo, que perdeu para o Atlético-GO (2 a 1), e com maior posse de bola, controle do jogo, domínio da partida, mostrou a competência necessária para assegurar mais três pontos. E, de quebra, os atleticanos que não venciam duas partidas seguidas desde a 20ª e 21ª rodadas, na abertura do returno, em novembro, ao bater Flamengo (4 a 0, no Mineirão) e Corinthians (2 a 1, na Arena), voltou a ganhar consecutivamente, e sem sofrer gols. É o melhor ataque da competição.

“Até o fim, nosso protagonismo será fundamental para saber onde terminamos o campeonato. Foi um jogo bom contra o Fortaleza, sem pressão, apesar do primeiro tempo o adversário ter ficado muito atrás, com muitas linhas. Temos de ser precisos para não errar a transição. Controlamos e foi justo vencer. Cada jogo será complicado, mas primeiro nosso jogo e depois o sonho”, analisou o técnico Jorge Sampaoli.

Arana também comemorou o resultado: “Acreditar na gente, e temos cinco finais pela frente. Não há o que negociar. O Fortaleza veio para defender e tivemos paciência para encontrar a melhor jogada. O futebol nos proporciona momentos incríveis. Há dois jogos (contra o Vasco), um erro meu e o time perdeu, mas não me abalou, é normal para quem está em campo e trabalha para dar o melhor, o máximo, a vida para o meu clube”.

Agora, é pensar na próxima missão, outro time que luta contra o rebaixamento: Goiás, quarta-feira, às 21h30, em Goiânia. E depois, o Fluminense, segundo jogo seguido fora de casa, com os cariocas na busca por uma vaga na zona de classificação para a Libertadores. Hora do Atlético melhorar o aproveitamento como visitante. Não tem outra opção.

Maior posse de bola. Domínio do jogo. Controle das ações. Nada disso foi suficiente para o Atlético superar o Fortaleza e garantir vantagem no primeiro tempo. O gol não saiu, apesar das tentativas. Mérito do adversário cearense que, apesar de lutar para sair da zona de rebaixamento, foi competente na marcação. Ocupou o espaço e impôs mais dificuldade aos atleticanos. Ontem, aliás, o técnico Enderson Moreira, que testou positivo para a COVID-19 e se recupera internado em hospital de Fortaleza, não comandou o time, que ficou sob a responsabilidade de Leo Porto.

Com o trio ofensivo formado por Savarino na direita, Vargas na esquerda e Saha pelo meio, com o apoio de Hyoran, podendo trocar de posição, as chances foram criadas, mas desperdiçadas. A mais clara de Hyoran, aos 16min, depois de triangulação com Vargas e Savarino. Hyoran chutou rasteiro, cruzado, passando à direita da trave de Felipe Alves. O artilheiro e garçom Keno fazia falta, mas com uma luxação com ruptura ligamentar no cotovelo esquerdo não tem data para voltar a atuar. Aliás, Sampaoli aprovou o trio: “Gostei. O Vargas na diagonal e dando profundidade com a chegada do Arana, diferente do um contra um do Keno. Sempre buscamos opção ofensiva, alguma alternativa”.

O Atlético falhava nas finalizações e, apesar de dominar a partida, também se atrapalhava nas bolas longas e áreas. Com o Fortaleza fechado, às vezes recuado e apostando no contra-ataque, outras marcando a saída de bola do Galo, o jogo alvinegro precisou ser de paciência. Já o time cearense investia nas jogadas em cima de Guga, que errou passes e lançamentos, e teve trabalho com a velocidade de David. A saída atleticana era furar o bloqueio. Aos 42min, boa chance após cobrança de escanteio. Réver cabeceou para a área, Vargas pegou o rebote, dominou e chutou, mas a bola desviou na defesa e foi pela linha de fundo. Logo depois, outra oportunidade. Savarino cruzou na medida para o meio da área, Eduardo Sasha cabeceou para o chão e Felipe Alves salvou o Fortaleza em grande defesa.

Sem alterações de jogadores no início do segundo tempo, Sampaoli apostou em mudança tática. Com Vargas deslocado por dentro e Arana com mais liberdade ofensiva pela esquerda. No entanto, o jogo repetia a mesma configuração da primeira etapa com o Atlético tomando a iniciativa, pressionando, com mais qualidade, e o Fortaleza se defendendo como pôde.

Na base da paciência e persistência o jogo mudou para o Atlético. Aos 11min, enfim, o Galo superou a marcação cearense. E mereceu. Guilherme Arana recebeu cruzamento de Hyoran na segunda trave, nas costas de Tinga, e chutou no canto esquerdo de Felipe Alves: 1 a 0.

Com o gol, o Atlético diminuiu a pressão e com o resultado favorável obrigou o Fortaleza a abrir a marcação, buscar o ataque, o que deu mais espaço aos atleticanos. Assim, aos 19min, com revisão do VAR, o árbitro Leandro Vuaden marcou pênalti de Jackson em Sasha. E aos 21min, Vargas chutou forte no canto direito, Felipe Alves defendeu, mas no rebote o chileno fez: 2 a 0.

Quando imaginava ter a tranquilidade para ditar o ritmo da partida, aos 27min, de novo com revisão do VAR, Vuaden também marcou pênalti de Jair em David. A pressão voltaria, mas na cobrança Osvaldo finalizou na trave, no canto direito. Melhor para o Galo. À frente do placar, o Atlético passou a cadenciar o jogo até o árbitro encerrar a partida com 10 minutos de acréscimo. Tudo saiu como planejado pelos atleticanos.

Everson; Guga, Réver, Junior Alonso e Guilherme Arana; Allan, Jair (Gabriel 42 do 2º) e Hyoran (Franco 34 do 2º); Savarino (Calebe 

52 do 2º), Eduardo Vargas (Marrony 34 do 2º) e Eduardo Sasha (Nathan 34 do 2º)

Técnico: Jorge Sampaoli

Felipe Alves, Gabriel Dias, Jackson (Quintero 23 do 2º), Wanderson 

e Carlinhos; Felipe, Ronald e Luiz Henrique (Mariano Vázquez 44 do 2º) e Tinga (Bergson 36 do 2º); David (Éderson 37 do 2º) e Wellington Paulista (Osvaldo 23 2º)

Técnico: Leo Porto

Estádio: Mineirão

Gols: Guilherme Arana 11, Vargas 21 do 2º

Cartão amarelo: Jackson

Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)

Assistentes: Jorge Eduardo Bernardi (RS) e José Eduardo Calza (RS)

Árbitro de vídeo (VAR): Daniel Nobre Bins (RS)

Próximos jogos: Goiás (F), Fluminense (F) e Bahia (C)

Clubes PG J V E D GF GC S A(%)

1. Internacional 65 33 19 8 6 57 31 26 65.7

2. Atlético-MG 60 33 18 6 9 58 41 17 60.6

3. Flamengo 58 32 17 7 8 57 43 14 60.4

4. São Paulo 58 33 16 10 7 53 36 17 58.6

5. Fluminense 53 33 15 8 10 48 40 8 53.5

6. Palmeiras 52 32 14 10 8 45 31 14 54.2

7. Grêmio 52 33 12 16 5 43 32 11 52.5

8. Athletico-PR 45 33 13 6 14 31 31 0 45.5

9. Ceará 45 33 12 9 12 47 44 3 45.5

10. Corinthians 45 32 12 9 11 39 38 1 46.9

11. Santos 45 32 12 9 11 44 44 0 46.9

12. Atlético-GO 45 33 11 12 10 34 38 -4 45.5

13. RB Bragantino 44 33 11 11 11 46 39 7 44.4

14. Vasco 37 33 9 10 14 34 47 -13 37.4

15. Bahia 36 33 10 6 17 38 54 -16 36.4

16. Sport 35 32 10 5 17 26 41 -15 36.5

17. Fortaleza 35 33 8 11 14 28 34 -6 35.4

18. Goiás 29 33 7 8 18 33 57 -24 29.3

19. Coritiba 28 33 6 10 17 28 44 -16 28.3

20. Botafogo 23 32 4 11 17 27 51 -24 24.0


Rodada

Líder com sobra. O Inter chegou à nona vitória consecutiva no Campeonato Brasileiro ao superar o Bragantino, por 2 a 1, gols de Patrick e Edenílson, com Helinho fazendo para os paulistas, pela 33ª rodada. Nunca uma equipe venceu tantos jogos seguidos na era dos pontos corridos. Um recorde que diz muito sobre o tamanho da campanha e do trabalho do técnico Abel Braga, até pouco tempo apontado como defasado e em fim de carreira. Foi um jogo duro, disputado, e o Colorado se saiu melhor na disputa entre os times com as melhores campanhas do segundo turno. Quem vai pará-lo? O Bragantino, que vinha de cinco jogos sem perder, teve a escalada interrompida.

Já o São Paulo tropeçou pela sexta vez seguida ao ser derrotado pelo Atlético Goianiense por 2 a 1, no Estádio Antônio Accioly, em Goiânia. E segue o calvário do badalado técnico Fernando Diniz. A afobação na hora de criar jogadas, os erros técnicos básicos de passe na saída de bola e o desentrosamento foram, mais uma vez, responsáveis pelo resultado ruim fora de casa, deixando o time do Morumbi cada vez mais longe de voltar a acirrar a briga pelo título. São quatro derrotas e dois empates nos últimos seis jogos. Já o adversário conseguiu a terceira vitória seguida.

Com mais de 10 desfalques, o Grêmio viu sua sequência negativa no Brasileiro aumentar ao ficar no empate contra o Coritiba, por 1 a 1, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba. Os gaúchos perderam inúmeras oportunidades, inclusive um pênalti, e pagaram o preço com gol sofrido no segundo tempo. Paulo Miranda e Wilson anotaram os tentos da partida. Longe da disputa pelo título, os gremistas viram a diferença para o G4, que dá vaga direta na fase de grupo da Copa Libertadores, ficar ainda maior. Já o Coxa chegou ao quinto jogo sem derrota, mas segue na luta para escapar do rebaixamento.

Vasco e Bahia seguem respirando e na luta contra a ameaça de rebaixamento. Em São Januário, o empate sem gols foi ruim para os dois. Mais preocupados em evitar a derrota, as duas equipes não se arriscaram ao ataque, não fizeram uma boa exibição e continuam perto da zona de rebaixamento. No Castelão, em confronto direto, o Athlético-PR venceu o Ceará por 2 a 0. Com a vitória, o Furacão deu mais um passo rumo ao sonho de uma vaga para disputar a Copa Libertadores.

Com mais um confronto pela 33ª rodada, hoje tem duelo de opostos na Ilha do Retiro, no Recife. O Sport, na luta contra o rebaixamento, recebe, às 20h, o Flamengo, que está brigando por mais um título do Brasileiro. Sob pressão, o Leão entra em campo com atenção para a qualidade individual e o poder decisivo do rubro-negro carioca.