A partida contra o Sport, domingo, na Ilha do Retiro, foi a última do argentino Jorge Sampaoli como técnico do Atlético. Ele ainda comandará treino nesta terça e na quarta, na Cidade do Galo, mas, como foi expulso aos 40min do segundo tempo por reclamação, está suspenso do compromisso contra o Palmeiras, quinta-feira, às 21h30, no Mineirão, pela 38ª e última rodada do Campeonato Brasileiro de 2020. O alvinegro já garantiu classificação para a fase de grupos da Copa Libertadores e briga pelo terceiro lugar.
O treinador tem contrato até dezembro com o Galo. Com proposta do Olympique de Marseille-FRA, deve se transferir para a Europa. Para isso, terá de entrar em acordo com a diretoria atleticana ou pagar multa rescisória, hoje na casa de R$ 4,2 milhões.
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Nacho Fernández será o 18° argentino a jogar pelo AtléticoSampaoli se despede do Atlético e deixará clube após o fim do BrasileiroTricampeões se garantem, e Atlético conhece 43 adversários na LibertadoresFilosofia, perfil, entrevista: diretor do Atlético revela busca por técnicoO nome de Renato Gaúcho é o preferido entre os dirigentes. Porém, ele negocia a renovação com o Grêmio, além de estar concentrado na disputa da decisão da Copa do Brasil, contra o Palmeiras. Os jogos serão nos dois próximos domingos. Assim, só estaria disposto a conversar a partir de 8 de março.
Campeão da Libertadores com o Atlético em 2013, Cuca, dispensado domingo pelo Santos, pode ser uma das opções. Menos cotados, também figurariam na lista Fernando Diniz (ex-São Paulo) e Tiago Nunes (ex-Corinthians).
“Não houve um só dia no Atlético que abandonássemos nossa ideia sobre o futebol. Esta equipe teve a valentia de jogar dentro e fora de casa da mesma maneira. Jamais renunciamos pensar na meta rival. O Galo colocou seu coração em todo o país. Isso me dá um orgulho impressionante. Desejo que seja uma ideologia que fique no clube. O futebol brasileiro tem um talento infinito e me reencontrou com a beleza do jogo em uma marca que ficará em mim para sempre”, afirmou Sampaoli, em nota de despedida divulgada ontem. “Chegou o final. Na quinta-feira será o último jogo. Fica uma nostalgia de não poder ter comandado o time com o estádio cheio. Sei que teríamos emocionado a muitos. Queria viver esses vídeos que havia visto de uma torcida apoiando sem parar.”
No mercado
Como ainda não sabiam qual seria o futuro do argentino, os diretores estavam com as mãos atadas. Agora, com o anúncio, vão intensificar as negociações para buscar o substituto.
O ideal é que o novo treinador assumisse na sexta-feira, mas como o time principal será liberado para descanso e o clube usará um time alternativo no começo do Campeonato Mineiro, não haveria tanta pressa. A intenção é que o profissional a ser contratado tenha a ideia ofensiva de jogo defendida por Sampaoli. Até porque o clube está investindo em jogadores de ataque, como o meia-atacante Nacho Fernández e o atacante Hulk.
O Atlético deixou as portas abertas para um possível retorno. “Jorge Sampaoli teve papel importante para mudar o Atlético do patamar em que se encontrava nos últimos anos, graças a sua disciplina, enorme capacidade de trabalho e permanente espírito de cobrança. O Galo agradece ao treinador, deseja-lhe sucesso e sente-se honrado por tê-lo tido como técnico por cerca de um ano”, disse o clube por meio de nota. E fecha com “Saludos y hasta luego, Jorge!”.
De avassalador decepcionante ontra 'zebras'
A passagem do argentino e dos compatriotas que trouxe com ele foi marcada pela conquista do título mineiro e um início avassalador no Campeonato Brasileiro. Com um futebol ofensivo, liderou a competição por algumas rodadas e só esteve fora do G-4 uma vez, na oitava rodada, quando perdeu por 3 a 1 para o Santos, fora de casa.
A equipe chegou até a 36ª rodada com chances de título, mas perdeu pontos preciosos contra equipes das últimas posições da tabela, como o Goiás, Botafogo, Vasco, Bahia e Fortaleza. E teve muitas dificuldades como visitante, sendo apenas a nona melhor campanha longe de Belo Horizonte.
Justamente pelos tropeços, as cobranças cresceram bastante. E culminaram com protesto de torcedores na porta da Cidade do Galo, em 26 de janeiro, na saída da delegação para o jogo com o Santos.
O treinador teria ficado decepcionado, pois esperava maior reconhecimento, especialmente por se tratar de um primeiro ano de trabalho, quando o time foi sendo montado aos poucos. E também não gostou do tratamento dado ao goleiro Everson, criticado até mesmo no perfil da esposa dele em redes sociais.
A insatisfação se juntou à chegada de proposta para assumir o clube de Marselha. Não era intenção sair agora, mas, diante de todo o quadro e com a vaga na fase de grupos da Copa Libertadores garantida pelo Atlético, ele decidiu retornar à Europa, onde já treinou o Sevilla-ESP.
Desgaste interno
Também houve relatos de desgaste dentro do clube. Sampaoli limitou a presença de funcionários nos campos de treinamentos e cercanias. Esses profissionais, incluindo gente como o craque Éder Aleixo, eram “instruídos” a não se aproximar quando o argentino estava trabalhando.
De qualquer forma, ele se mostrou grato a todos. “Queria agradecer a todo o clube. Aos jogadores, por sua entrega. A todos os empregados da instituição por deixar a alma neste projeto. Aos diretores, por nos darem grandes condições para poder trabalhar. À cidade, por nos tratar tão bem. (...) O Galo está destinado a brigar por grandes coisas. Sei que os triunfos ocorrerão. Eu adoro vocês e desejo que sigam caminhando tendo o coração como guia”, afirmou, na despedida.
Números do argentino
25 vitórias
9 empates
10 derrotas
79 gols marcados
49 gols sofridos
63,63% de aproveitamento
(*) Em quatro esteve ausente por suspensão
Título: campeão do Mineiro 2020