O novo secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, colocou em dúvida, nesta terça-feira, a continuação dos eventos esportivos durante a fase roxa da pandemia do novo coronavírus. Com isso, o Campeonato Mineiro pode ser interrompido. Baccheretti disse que vai se reunir com a Federação Mineira de Futebol (FMF) para tomar uma decisão em conjunto com os dirigentes.
"Nós realmente consideramos para a área técnica incoerente qualquer tipo de jogo. Iremos discutir hoje com federações e todos os envolvidos, mas a área técnica acredita que, em uma medida tão restritiva como a onda roxa, a manutenção de jogos seria de certa forma muito complexa. Temos que avaliar que o jogo não é apenas o jogador dentro do campo, mas os riscos sanitários disso. Iremos avaliar e tomar a decisão mais assertiva", disse Baccheretti.
A Federação Mineira de Futebol entende que é possível seguir o Estadual, mas vai se reunir com representantes do governo mineiro para buscar um entendimento. Em contato com o Superesportes, o diretor de competição da FMF, Leonardo Barbosa, defendeu o prosseguimento da competição e disse que há um estudo da CBF que mostra que os casos de contaminação em jogos são ínfimos.
"Devemos ter uma reunião hoje (terça-feira), mas ainda não temos o horário. Neste encontro, vamos mostrar ao governo uma pesquisa da CBF, que fez o maior estudo relacionado ao futebol no mundo durante a pandemia. A pesquisa mostra que o número de casos são ínfimos, é praticamente impossível a contaminação de um jogador pelo outro. O contato em todas as interações durante o jogo entre um atleta e outro é de no máximo um minuto e vinte segundos. Para ser infectado, precisa de um contato de cerca de dez minutos. E isso não ocorre", afirmou.
"As chances dos outros envolvidos nos jogos se contaminarem é próxima de zero, porque todos mantêm distanciamento e usam máscaras. Nós não tivemos nenhum caso de nenhuma pessoa que foi contaminada por trabalhar assim", acrescentou Barbosa.
O dirigente ainda lembrou que Uberlândia recebeu um jogo do Campeonato Mineiro nesta segunda-feira mesmo estando na fase roxa. "A gente vai conversar com o governo, não vamos descumprir, mas Uberlândia, por exemplo, está na fase roxa, mas teve jogo ontem (segunda) contra o Pousa Alegre, porque a prefeitura autorizou".
O governador Romeu Zema (Novo) indicou, nesta segunda-feira (15/03), que os 853 municípios de Minas Gerais sigam a onda roxa, considerada a fase mais restritiva do Minas Consciente, por 15 dias, a partir desta quarta-feira (17/03). Na fase citada, municípios podem autorizar apenas o funcionamento de serviços essenciais, além da imposição do toque de recolher entre 20h e 5h. As cidades também terão que adotar barreiras sanitárias e proibir eventos públicos ou privados, além de vetar reuniões presenciais.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) nesta segunda-feira, o estado totaliza 974.594 casos e 20.687 mortes em decorrência do novo coronavírus.
Kalil defende jogos
Por sua vez, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, disse que os jogos não são um problema.
“Se o Cruzeiro volta de Roraima e pode jogar em Belo Horizonte, eu teria uma contradição ao proibir jogos de times de outros estados aqui. Eu tenho o estudo científico que indica que o problema não são os jogos”, disse Kalil, em entrevista ao Blog do PVC, no Globoesporte, no último domingo (14).
“Se alguém de São Paulo quiser abrir um bar em Belo Horizonte, não pode. Aqui não tem bar aberto. Mas se quiser jogar futebol em Belo Horizonte pode, porque estamos jogando futebol aqui”, complementou o prefeito.
Jogos de outros estados
Na quarta, São Bento e Palmeiras se enfrentam pela terceira rodada do Campeonato Paulista, no Independência, em BH. O jogo será realizado em Minas Gerais, porque São Paulo suspendeu as atividades esportivas coletivas em todo o estado. O secretário de Saúde de MG afirmou que o governo não permitirá a partida no estado.
"Seria muito incoerente tomar medida tão dura, tão restritiva, e permitir que jogos de outros estados ocorressem em Minas Gerais. Lembrando que, na onda roxa, os hotéis não podem receber turistas. Então, fica inviável o recebimento de jogos de outros estados", afirmou Fábio Baccheretti.