Há pouco mais de um ano, o Atlético, ainda sob o comando do agora ex-presidente Sérgio Sette Câmara, mudou radicalmente o planejamento e incrementou significativamente os investimentos no departamento de futebol. A alteração na rota se explica pela aproximação de quatro empresários da gestão do clube, que se intensificou a partir de janeiro, quando começou a administração de Sérgio Coelho. E o atual mandatário admite: sem o grupo de investidores, conhecido como ‘4 R’s’, a situação financeira seria “complicada”.
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Lisca garante América corajoso na Série A: 'Vamos agredir pra caramba'Atlético planeja 'Business Day' e reorganização financeira em cinco anosAtlético comemora os 113 anos com mensagem em vídeo aos torcedoresJair projeta o Galo com 'vários times'Dívida do Atlético ultrapassa R$ 1 bilhão em meio a alto investimentoFelipe Conceição garante que Cruzeiro terá reforços para a Série BO grupo dos ‘4 R’s’ é formado pelos empresários Renato Salvador (Materdei), Ricardo Guimarães (Banco Bmg), Rafael Menin e Rubens Menin (ambos da MRV). Os dois últimos são responsáveis pela maior parte do investimento que chega aos cofres alvinegros, seja por meio de patrocínio, seja por empréstimos para quitação de dívidas ou contratação de jogadores.
“A dívida do Atlético com a família Menin é uma dívida em que o Atlético não paga juros, nem correção monetária, e nem tem um prazo pré-fixado para ser pago, independentemente se o dinheiro que veio através deles foi para pagar uma folha de pagamento ou se foi para comprar um jogador”, detalhou o presidente.
Contratações
Em 2020, clube e empresários firmaram um pacto para a busca de jogadores. A família Menin topou emprestar dinheiro para conseguir reforços jovens, com potencial de revenda. Assim, quando esses atletas forem negociados, o clube pagará os empréstimos que pegou ao contratá-los.
Porém, nesta temporada, o perfil de investimento mudou. Ao invés de jovens, o Atlético busca no mercado atletas experientes, com menos potencial de revenda. Foram os casos, por exemplo, do meio-campista Nacho Fernández e o atacante Hulk, que contaram com aporte financeiro dos Menin.
Mas se esses atletas não têm tanto potencial de revenda, como - e quando - o clube pagaria os mecenas? “Quanto aos jogadores como o Nacho e o Hulk, por exemplo, o que a gente espera desses jogadores é um retorno técnico, um retorno de futebol. Não vamos achar que seria fácil a gente fazer um time competitivo só com garotos novos”, justificou Sérgio Coelho.
“Independentemente se o dinheiro foi para comprar o Nacho ou o Marrony, por exemplo, já que é um jogador novo, o Atlético deve para eles (os Menin) um determinado valor. E esse valor não tem prazo para ser pago. No momento em que o Atlético puder pagar, nós vamos sentar e acertar com eles”, explicou.
Quando vai pagar?
Ao emprestar dinheiro ao Atlético, a família Menin oferece condições de pagamento melhores do que o praticado pelo mercado. Apesar disso, a diretoria alvinegra sabe que, eventualmente, terá que ressarcir os empresários pelos milhões repassados aos cofres do clube.
Sérgio Coelho revelou que em breve apresentará um planejamento estratégico para os próximos cinco anos. No documento, o clube estabelecerá metas para conseguir reduzir significativamente o endividamento com os Menin e outros credores.
“Nós estamos para apresentar o nosso planejamento estratégico. Nele, será detalhado o nosso plano de trabalho para os próximos cinco anos. O Atlético está fazendo algumas ações que são importantes para aumentar as suas receitas”, disse.
“A gente acredita que, tendo a Arena MRV, nossas receitas vão melhorar muito. Nós, investindo como estamos na base, também teremos um resultado importante. O time, sendo protagonista dos campeonatos que disputa, vai nos proporcionar uma receita a mais com venda de camisa, com Galo na Veia e diversos outros produtos”, frisou.
“Paralelamente, estamos com um trabalho também muito duro para diminuir as despesas em todos os sentidos que vocês imaginarem, porque a gente acha que tudo aquilo que a gente economizar, vai sobrar para a gente investir no futebol e pagar as dívidas”, prosseguiu.
“Esse planejamento não é para daqui um ano resolver a situação. É um planejamento para daqui a cinco anos, sendo corrigido anualmente, com um tempo a mais no futuro e com o objetivo de quitar dívidas e, ao mesmo tempo, ser um time protagonista”, finalizou Sérgio Coelho.