Motivo de preocupação no Atlético, o valor total da dívida foi apresentado oficialmente nesta sexta-feira, durante o Galo Business Day: R$ 1,209 bilhão. No evento, o clube alvinegro apresentou planos para diminui-la para R$ 341 milhões até 2026.
Entre 2019 e 2020, a dívida atleticana aumentou em R$ 462 milhões. Foram R$ 209 milhões (45%) de financiamento do déficit de caixa e R$ 253 milhões (55%) em investimentos no elenco.
Mesmo assim, o clube fechou o balanço financeiro do ano passado com superávit de R$ 19 milhões, em função de receitas não recorrentes (valorização da Arena MRV e do Diamond Mall, além de valores decorrentes da venda de parte do shopping).
Veja abaixo o perfil do valor devido:
- 42% oneroso (dívidas passadas, dívidas bancárias e processos na Fifa);
- 36% não oneroso (empréstimos de apoiadores e investimentos em atletas em 2021);
- 22% no Profut/Parcelamento de impostos.
“Isso vem acontecendo há 40 anos. O Atlético vem acumulando déficit. O Atlético foi pedalando, e o problema foi crescendo. A dívida do passado todo ano cresce um pouquinho, com os juros”, disse Rafael Menin, vice-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, sobre a dívida onerosa do clube.
Nos últimos dez anos, o clube teve uma despesa de R$ 480 milhões apenas referentes aos juros da dívida onerosa.
"O não oneroso são os apoiadores, os 4 R’s (grupo de empresários formado por Ricardo Guimarães, Rafael Menin, Rubens Menin e Renato Salvador, que compõem a gestão do clube). De fato, a gente vem apoiando o Atlético nessa transição. Em algum momento, o Atlético tem que caminhar com pernas próprias", completou Rafael Menin.
O débito com Ricardo Guimarães, integrante do órgão colegiado, poderia ser muito maior. De acordo com Rafael Menin, ao longo das últimas duas décadas, o ex-presidente fez várias negociações que baixaram o valor de R$ 250 milhões para R$ 105 milhões - redução de 42%.
Para chegar aos R$ 341 milhões em 2026, o Atlético tem como primeiro objetivo pagar todas as dívidas onerosas. A partir disso, quitar os débitos com os apoiadores se tornará prioridade. E, por último, o Profut, que são cerca de 30 anos em parcelamentos. Desta forma, o alvinegro deseja ter "o balanço financeiro mais limpo do futebol brasileiro", nas palavras de Menin.
Planos para redução da dívida
O plano de gestão estratégica do Atlético foi apresentado no Galo Business Day. O clube tem seis temas a serem observados com cuidado nos próximos anos: endividamento, alienação de ativos, folha salarial, investimento em atletas, utilização da base e mercado + scouting. Veja abaixo.
- Endividamento: reduzir e alterar perfil da dívida com foco na dívida onerosa;
- Alienação de ativos: otimização e alienação de ativos imobiliários;
- Folha salarial: cumprir limite de folha salarial;
- Investimento em atletas: respeitar teto dos investimentos em atletas;
- Utilização da base: aumentar a utilização de atletas da base no time profissional;
- Mercado scouting: ser referência no Brasil na compra e venda de atletas.
As premissas desse planejamento também foram apresentadas. Entre elas, um teto de folha salarial anual e maior aproveitamento das categorias de base no elenco profissional.
- Teto de gastos com folha salarial: R$ 200 milhões ao ano
- Teto de investimentos em atletas/base: R$ 50 milhões ao ano
- Vendas de atletas: R$ 120 milhões anuais em média
- Limitação do tempo de contrato de acordo com idade de atletas
- Alienação de ativo(s) em 2021/2022
- 33% do elenco profissional formado nas categorias de base
- Receita bruta projetada da Arena MRV: R$ 66 milhões anuais em média