"Justiça para Keishla!"
O pedido é de Bereliz Rodríguez, irmã de Keishla Rodríguez Ortiz, uma mulher grávida de 27 anos que desapareceu em Porto Rico na quinta-feira passada (29/4) e cujo corpo foi encontrado no sábado (1/5) sob uma ponte na lagoa de San Juan, capital de Porto Rico.
E o suspeito de matá-la é o famoso boxeador portorriquenho Félix "Diamante" Verdejo. Ele é acusado de sequestro com resultado em morte, furto violento de veículo com resultado de morte e homicídio de um nascituro, acusações pelas quais pode receber pena de morte.
Verdejo, também de 27 anos, é lutador da categoria peso-leve e competiu nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.
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Rival do Atlético tem brasileiros, algoz do Cruzeiro e 'prodígio' no elencoResponsável por lançar Bissoli, Dorival Júnior analisa reforço do CruzeiroAtlético recebe Cerro Porteño e busca liderança isolada na LibertadoresVerdejo se entregou às autoridades no domingo (9/5) depois de se recusar a colaborar com as investigações, segundo a polícia. No dia seguinte, a Justiça decidiu que ele ficaria preso sem fiança.
O caso chocou os cidadãos da ilha. A investigação está sendo conduzida pela divisão do FBI de Porto Rico em colaboração com a polícia local.
Dezenas de pessoas bloquearam a ponte Teodoro Moscoso, sob a qual o corpo da jovem foi encontrado, para lembrar a vítima e protestar por mais um episódio de violência contra as mulheres. No final de janeiro, o governador de Porto Rico, Pedro Pierluisi, declarou estado de emergência na ilha pelo elevado número de casos de agressões e mortes de mulheres.
De acordo com o relatório do desaparecimento, Rodríguez Ortiz conversou pela última vez com sua mãe, Keila Ortiz, por volta das 7 horas da manhã de quinta-feira (29/04).
Ortiz disse ao jornal El Nuevo Día que, nessa última conversa, a jovem lhe disse que Verdejo estava a caminho para irem juntos ver o resultado do teste de gravidez.
"Eu disse a ela 'tome cuidado' porque ele a ameaçou para que não tivesse o bebê, dizendo que tinha família, que era boxeador, uma figura pública", disse Ortiz Rivera ao jornal portorriquenho.
Agentes das forças de segurança rastrearam os dados no celular da jovem para descobrir quais foram seus últimos passos e com quem ela falou antes de desaparecer.
Informações do telefone de Rodríguez Ortiz levaram as autoridades a Verdejo e à ponte. Os policiais também interrogaram a esposa do boxeador, que disse saber sobre a relação de Verdejo com Rodríguez Ortiz.
Uma testemunha decisiva
A investigação do assassinato de Keishla Rodríguez Ortiz progrediu rapidamente principalmente por causa da colaboração de uma testemunha que teria ajudado o autor do crime e que, depois, fez uma confissão ao FBI.
O FBI descreve a testemunha como alguém "com conhecimento de primeira mão" sobre o que aconteceu. Sua identidade não foi divulgada.
Em seu depoimento, a testemunha acusou o boxeador olímpico Verdejo de cometer o crime.
A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, entrou em contato com o escritório do FBI, que enviou o documento oficial contendo a denúncia.
De acordo com a denúncia federal assinada pelo agente especial do FBI Lorenzo Vilanova Pérez, o boxeador profissional entrou em contato com a testemunha e pediu sua ajuda "para acabar com a gravidez".
Sempre de acordo com o depoimento, Verdejo, a testemunha e Rodríguez Ortiz se encontraram na noite de quinta-feira no veículo preto do boxeador.
A certa altura, ainda dentro do carro, Verdejo golpeou a jovem no rosto e injetou-lhe "uma seringa com substâncias" que não foram detalhadas na denúncia.
Então Verdejo e a testemunha amarraram as mãos e os pés de Keishla Rodríguez Ortiz com cabos.
Também amarraram um peso a ela, de acordo com a acusação, e colocaram o corpo no veículo que ela havia dirigido para se encontrar com Verdejo.
O boxeador e a testemunha dirigiram os dois veículos em direção à Ponte Teodoro Moscoso, perto da capital portorriquenha.
Lá, os dois homens jogaram o corpo da mulher na lagoa San José. Mais tarde, eles abandonaram o carro dela. O veículo foi encontrado no dia seguinte.
O FBI conseguiu apurar que Verdejo e Rodríguez Ortiz se comunicaram por telefone no dia do sequestro.
Imagens de uma câmera de segurança mostram um carro semelhante ao do boxeador estacionado na via de emergência da ponte, corroborando o depoimento da testemunha e as suspeitas expressas pela família da jovem.
Sem fiança
Na segunda-feira (3), Verdejo compareceu perante uma juíza virtualmente. Ele falava de uma prisão federal.
"Devido à natureza das acusações e às circunstâncias do caso, senhor Verdejo, o senhor continuará detido sem fiança", ordenou a juíza.
Foi a audiência inicial, em que o Verdejo ainda não tinha de se declarar culpado ou inocente.
A Top Rank, empresa de Las Vegas que agencia o boxeador, removeu a página de Verdejo de seu site e divulgou um comunicado na noite de sábado (02/05): "Os pensamentos e orações da Top Rank estão com a família e amigos de Keishla Marlen Rodríguez Ortiz e o povo de Porto Rico neste momento de luto. Estamos profundamente incomodados com a notícia e continuaremos acompanhando a evolução do caso."
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