Tóquio – Os três primeiros dias são de isolamento (quase) total para boa parte dos credenciados que chegam a Tóquio para a cobertura da Olimpíada. Mas mesmo neste semicativeiro, a mais de 18 mil quilômetros de casa, a gente descobre que Minas Gerais é como o sertão de Guimarães Rosa: está em toda parte. No único lugar que posso visitar por enquanto, encontrei algo cuja forma de produção é considerada patrimônio imaterial mineiro. Sim, pão de queijo!
Para reduzir o risco de transmissão da COVID-19, só é permitido sair do quarto para atravessar a rua até a unidade mais próxima de uma empresa internacional de lojas de conveniência. Em 15 minutos (cronometrados), podemos comprar comida e retornar ao hotel.
As aventuras gastronômicas do primeiro dia renderam boas descobertas, como a mikan (fruta cítrica, sem semente e muito parecida com a tangerina), o chá preto de ceylon (produzido originalmente no Sri Lanka a partir de folhas ressecadas da planta Camellia sinensis) e um salgadinho de milho no formato de 14 pokémons (quem foi criança nos anos 1990 e 2000 entenderá minha escolha).
Mas o ponto alto da visita às prateleiras japonesas foi mesmo encontrar pão de queijo. Ao lado de pratos tradicionais de outros países, como o croissant francês e a pizza italiana, o “patrimônio” mineiro é vendido em uma embalagem com três unidades em um rótulo com a tradução para o inglês (“cheese buns”). O pacote custou 192,24 ienes, quase R$ 10 na cotação atual, já incluídos os impostos.
Em japonês, a empresa destaca o produto da “confeitaria ocidental: pão de queijo para os amantes de queijo”, em tradução livre. O som emitido para falar o nome do produto é muito similar ao português e soa como “pondequejo”, tudo junto mesmo.
O produto é feito com óleo, queijo, trigo, ovo, sal e leite. Teoricamente, parecido com aquele a que nos acostumamos a ver em Minas Gerais. Se é gostoso? Bem... Eu diria que as semelhanças param na lista de ingredientes e no nome dado ao prato.