Tóquio – Ao longo dos últimos anos, Tóquio foi preparada para mostrar ao mundo durante a Olimpíada duas faces marcantes da sociedade japonesa contemporânea: a tecnologia avançada e o respeito ao passado. Esses conceitos se materializam nas 42 instalações que receberão 339 eventos de 33 esportes a partir de hoje, com o primeiro jogo de softbol, até 8 de agosto, data da cerimônia de encerramento.
O descentralizado mapa olímpico de 2021 é dividido em dois. Ao Norte, a Zona da Herança abriga várias instalações esportivas utilizadas nos Jogos que Tóquio recebeu em 1964 e serão novamente utilizadas nesta edição. É o resgate do passado de um evento icônico, que simbolizou a reconstrução japonesa após o bombardeio estadunidense a Hiroshima e Nagasaki, menos de 20 anos antes da edição anterior.
Ao Sul, a Zona da Baía de Tóquio serve “como um modelo para o desenvolvimento urbano”, nas palavras dos organizadores. Os desenhos das duas áreas formam o símbolo do infinito, cuja interseção é a Vila Olímpica, feita para receber 18 mil pessoas durante a Olimpíada e 8 mil na Paralimpíada.
Foram construídas oito instalações especificamente para os Jogos, que ainda terão dez locais de uso temporário. São 16 arenas fora das duas zonas de Tóquio. Localizada a mais de mil quilômetros da capital, Sapporo é a que mais terá eventos. A cidade vai receber a marcha atlética, a maratona e partidas de futebol. Fuji, Izu, Enoshima, Tsurigasaki, Kashima, Sendai e Fukushima também serão sedes de algumas disputas até agosto.
As cerimônias de abertura e encerramento serão no novo Estádio Olímpico, completamente reconstruído para o evento. As obras foram financiadas pelo Estado e geraram críticas em 2015, quando o projeto inicial elaborado pela arquiteta britânico-iraquiana Zaha Hadid foi aprovado. Os custos da construção seriam de impressionantes US$ 2,3 bilhões, que tornariam o local a mais cara arena do planeta.
SEM PÚBLICO Diante dos protestos, o governo local mudou os planos e executou o projeto do japonês Kengo Kuma, menos caro que o anterior. O gigante com capacidade para 68 mil pessoas, porém, terá um ar melancólico diante da ausência de público, determinada em função do avanço da pandemia da COVID-19 no país.
Outras instalações também chamam a atenção, como o Centro Aquático e sua piscina de 50m modular (que pode ser dividida em duas de 25m), a Ariake Arena (ultramoderno palco do vôlei), o Nippon Budokan (histórico tempo das artes marciais, com teto que faz referência ao Monte Fuji) e o estádio de beisebol de Azuma, simbólico por estar situado em Fukushima, região mais afetada pelo triplo desastre de 2011 (terremoto, tsunami e acidente nuclear, que mataram 20 mil pessoas).