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Estado de Minas EM Tóquio

Muito além do pódio


21/07/2021 04:00

Tóquio – O esporte, por sua natureza repleta de imprevisibilidade, raramente tem respostas exatas. Historicamente, no entanto, os Jogos Olímpicos sempre tiveram o domínio dos Estados Unidos. Desde 1996 – quatro anos depois de a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), criada após a desintegração da União Soviética, vencer as disputas em Barcelona –, os EUA lideram o quadro de medalhas. Mas a própria derrota dos norte-americanos na Catalunha para a CEI mostra que os cenários político-sociais sempre tiveram influência no desempenho dos atletas.

A liderança dos EUA poderia ser ainda maior caso, por exemplo, não fizessem boicote aos Jogos Olímpicos de 1980, em Moscou – uma resposta à invasão soviética ao Afeganistão, à sombra da ainda Guerra Fria. Entre os eventos de Helsinque (1952) e Montreal (1976), as duas nações se revezaram na liderança e vice-liderança do quadro de medalhas: cinco vitórias soviéticas e duas dos americanos.

Em meio às disputas entre comunistas e capitalistas, outra potência esportiva à esquerda surgiu: Cuba. Em 1959, a pequena ilha do Caribe teve sua revolução, derrubando o governo militar de Fulgencio Batista. Logo de cara, foram criados no país dois órgãos que tiveram influência direta no desempenho dos cubanos: a Direção-Geral de Esportes e o Instituto Nacional de Esporte, Educação Física e Recreação (Inder, na sigla em espanhol).

Os trabalhos do Inder, a partir dos investimentos no esporte com apoio da também comunista União Soviética e outros países aliados do Leste Europeu por meio do Conselho para Assistência Econômica Mútua, fizeram com que Cuba virasse fortaleza olímpica. Até a primeira edição dos Jogos em Tóquio (1964), o país somava sete medalhas em 18 megaeventos. Só nas disputas de Munique (1972), atletas da ilha subiram ao pódio oito vezes. O recorde veio em 1992: 31 medalhas.

O país totaliza 213 honrarias, o que o coloca em 21º lugar na série histórica, melhor desempenho entre todos os latinos. Na sequência, aparecem Brasil (129) e Argentina (74). Porém, Cuba tem conquistado cada vez menos medalhas nas últimas edições dos Jogos. Desde as 29 de Sidney (2000), só caiu em rendimento. No Rio (2016), foram 11 pódios, com destaque, como sempre, no boxe e na luta olímpica.

CHINA EM ALTA 


Se Cuba amarga queda no quadro de medalhas, movimento inverso tem ocorrido com a China. Após atingir seu recorde em casa (Pequim, 2008) e conseguir 100 pódios, a potência asiática emendou sua segunda e terceira melhores participações nas duas últimas edições: Londres (2012) e no Rio de Janeiro (2016), respectivamente, com 88 e 70 pódios. E tem dominado completamente os Jogos Paralímpicos, superando até mesmo os EUA.

O país é potência em diversas modalidades, como levantamento de peso, tênis de mesa, tiro esportivo, natação, saltos ornamentais, atletismo e badminton. A meta do Partido Comunista da China é investir US$ 813 milhões no esporte até 2025, com foco desde as escolas até o alto rendimento.

EUROPA CONSOLIDADA 

Ao longo dos 125 anos da história olímpica da Era Moderna, algumas nações europeias apresentaram menos oscilações e ocupam o topo de forma perene. A Grã-Bretanha, por exemplo, liderou o quadro geral de medalhas apenas em 1908, quando a capital, Londres, sediou o evento. Mesmo assim, está perto dos 900 pódios e só fica atrás de EUA e da União Soviética na classificação geral.

A Alemanha aparece na sequência. O país desponta nas primeiras posições desde 1896, em Atenas. Na emblemática Olimpíada de 1936, liderou o quadro de medalhas em Berlim, num evento que serviu em grande parte para fortalecer o regime nazista de Adolf Hitler, iniciado oficialmente três anos antes. França e Itália são outras nações europeias que também têm desempenho consistente.

VOOS ÚNICOS 

Do outro lado da tabela histórica do quadro de medalhas estão 26 países que conquistaram somente um pódio. Entre eles estão pequenos territórios independentes, como Kosovo, Antilhas Holandesas, Ilhas Virgens Americanas, Tonga e Macedônia.

Três bandeiras foram hasteadas pela primeira vez justamente no Rio de Janeiro: Fiji (Oceania), Jordânia (Ásia) e Kosovo (Europa). Esse último comitê olímpico estreou justamente em 2016, quando Majlinda Kelmendi conquistou o ouro na categoria meio-leve do judô.

Com participações desde Moscou (1980), a Jordânia levou sua primeira medalha também nas artes marciais: Ahmad Abughaush faturou o ouro na categoria leve do taekwondo. Já Fiji foi também ao lugar mais alto do pódio ao vencer a disputa do rúgbi de 7, modalidade na qual os países da Oceania são referência mundial.

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