Dos troféus mais importantes que existem no seu esporte, a nadadora baiana Ana Marcela Cunha conquistou na terça-feira (3/8) o único que faltava: uma medalha olímpica, e nada menos que um ouro, na maratona aquática.
Agora, a conquista inédita para o Brasil se junta, na carreira da atleta de 29 anos, a um ouro no Pan-Americano de 2019; a cinco medalhas de ouro em campeonatos mundiais (de um total de 11, incluindo também prata e bronze); e a 25 medalhas de ouro no campeonato da Federação Internacional de Natação (Fina) Marathon Swim World Series (no qual ela já acumulou um total de 51 medalhas).
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Nascida em Salvador, Ana Marcela começou a nadar aos 2 anos de idade e tinha 16 quando participou da Olimpíada de Pequim, em 2008, a primeira edição da competição em que houve uma prova de maratona aquática. Ela ficou em quinto lugar.
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"Aprendi a ser feliz. Fui feliz fazendo o que eu amo e foi tudo bem", disse a baiana após a vitória em Tóquio, agradecendo ao seu clube, o Unisanta, aos pais e à namorada, em entrevista veiculada pelo canal SporTV.
Perfeccionismo
Seu técnico, Fernando Possenti — a quem Ana Marcela também agradeceu após a vitória — contou ao jornal Folha de S. Paulo sobre o perfeccionismo de ambos na preparação para a Olimpíada de Tóquio.
Um perfeccionismo que se mostrou, por exemplo, na busca pela frequência ideal de braçadas, medida meticulosamente no cronômetro durante os treinos na Espanha.
Na trajetória rumo a Tóquio, Ana Marcela contou com acompanhamento psicológico e, a cada semana, dez sessões de treino, quatro sessões de preparação física e duas de fisioterapia.
"Não aceitamos ser bom, tem que estar perfeito", disse Possenti à Folha, acrescentando que a competição no Japão teria como desafios a temperatura quente da água e a pouca profundidade.
Volta por cima
Na Rio 2016, a atleta deu uma entrevista ainda bastante chateada após ficar em décimo lugar. "Eu me preparei, e não foram quatro anos, foram oito anos lutando para voltar para uma Olimpíada. Em casa, cogitada como uma das favoritas, tenho certeza de que o que eu fiz aqui foi meu máximo", disse.
"Mas não é digno de uma atleta três vezes campeã de Copa do Mundo, não sei quantas vezes no pódio de Copa do Mundo, de Campeonato Mundial. Estou triste, é lógico."
Ela atribuiu seu desempenho ruim na época à pouca alimentação na prova, dizendo que deveria ter feito isso em três momentos, mas acabou comendo apenas a primeira ocasião. "Foi isso que fez a diferença para mim. Eu tentei, estava pronta, mas não deu."
Naquela edição da Olimpíada, outra brasileira levou medalha — de bronze — na maratona aquática, Poliana Okimoto. Ana Marcela comemorou o resultado: "A gente fez história, a Poliana foi pódio. A maratona entrou para a história com uma medalha em Jogos Olímpicos."
Agora, finalmente, foi a vez de Ana Marcela escrever seu capítulo na história do esporte nas Olimpíadas e da natação brasileira conquistando o tão sonhado ouro nos Jogos.
"Acreditar no sonho… Eu acredito e acreditei nisso. Eu sonhava muito com uma medalha olímpica, mas ia ter um gostinho especial ser campeã olímpica e eu estou muito, muito feliz."
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