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Estado de Minas PROTOCOLOS DESRESPEITADOS

Kalil convoca coletiva para falar sobre presença de público nos estádios

Coletiva de imprensa foi marcada para hoje, às 10h, no Salão Nobre da Prefeitura de Belo Horizonte. Atlético, Cruzeiro e América divulgam posição sobre decisão


23/08/2021 04:00 - atualizado 22/08/2021 23:00

No jogo entre Atlético e River Plate, cerca de 18 mil torcedores se amontoaram nas arquibancadas(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
No jogo entre Atlético e River Plate, cerca de 18 mil torcedores se amontoaram nas arquibancadas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), marcou uma entrevista coletiva para hoje (23/08), às 10h, quando vai falar sobre a presença de público nos estádios da capital e as partidas de futebol que serviram de evento-teste na última semana. O encontro ocorrerá no Salão Nobre da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), no Centro da capital mineira. Em contrapartida, dirigentes de Atlético, Cruzeiro e América manifestaram seus posicionamentos sobre o fechamento dos estádios.

A coletiva foi anunciada depois que a reportagem do Superesportes adiantou que o Executivo municipal reprovou os dois eventos-teste na cidade na última semana e vai voltar a proibir a realização de jogos e outros eventos esportivos com público. A decisão será publicada hoje no Diário Oficial do Município (DOM).

Uma reunião organizada pela Prefeitura de BH entre representantes do governo municipal, clubes de futebol – América, Atlético e Cruzeiro – e Minas Arena (concessionária responsável pela gestão do Mineirão) estava prevista para as 9h de hoje. Contudo, o encontro foi desmarcado e a decisão foi tomada ontem.

A Prefeitura de BH, por meio do Comitê de Enfrentamento à COVID-19, já fez a análise dos eventos-teste e não titubeou em informar a decisão. Segundo o Executivo, descumprimentos das regras e dos protocolos estabelecidos para a realização das partidas sustentaram a medida. O Mineirão foi o palco dos dois jogos com público. O primeiro teste ocorreu na última quarta-feira (18), na partida entre Atlético e River Plate, da Argentina, pela volta das quartas de final da Copa Libertadores. Mesmo com uma série de restrições e regras pré-estabelecidas, a partida registrou aglomeração e desobediência às normas.

Diante do observado na quarta-feira, a Prefeitura de BH se reuniu com os representantes para breves correções visando à partida entre Cruzeiro e Confiança, na última sexta-feira (20), pela 20ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. As cenas, contudo, foram semelhantes às do jogo entre Atlético e River, mas em menor escala.

O Mineirão, que geralmente divulga o público pagante e presente ainda com o jogo em andamento, ainda não divulgou esses dados. O Cruzeiro, mandante do jogo, também ficou de informar no sábado o número de torcedores, mas ainda não se manifestou. A Prefeitura de BH divulgou uma nota a respeito da decisão.

A PBH anunciou que será publicada na próxima edição do Diário Oficial do Município portaria que proíbe torcida nos estádios da capital. “Após análise dos dois eventos-teste realizados na última semana, a decisão foi tomada pelo Comitê de Enfrentamento à COVID-19 diante do descumprimento das regras e dos protocolos estabelecidos para a realização das partidas”. 
 
Na partida entre Cruzeiro e Confiança, o público foi bem menor, mas sem respeito aos protocolos(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Na partida entre Cruzeiro e Confiança, o público foi bem menor, mas sem respeito aos protocolos (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 

SETE ERROS NOS JOGOS DO ATLÉTICO E CRUZEIRO

1 – Torcedores sem ingresso na aglomeração
2 – Venda de bebidas alcoólicas no entorno do Mineirão
3 – Atraso para abrir a Esplanada do Mineirão
4 – Demora na entrada causou aglomeração nas catracas
5 – Fiscalização ineficiente quanto ao uso de máscaras e aglomerações
6 – Desrespeito ao distanciamento nas arquibancadas
7 – Aglomeração na saída do estádio

O QUE DIZEM OS CLUBES

CRUZEIRO

O Cruzeiro cogita mandar os jogos da Série B fora de Belo Horizonte para que continue recebendo torcedores. O clube recebeu com respeito a decisão da prefeitura da capital mineira de proibir o público, porém, reforçou a “crença na segurança dos protocolos adotados” de prevenção à COVID-19. Por isso, a diretoria estuda a viabilidade de agendar as partidas em locais onde a presença de espectadores esteja liberada. A intenção do Cruzeiro é mudar o palco do confronto com a Ponte Preta, pela 23ª rodada da Série B. Até então, o compromisso está marcado para terça-feira, 7 de setembro, às 16h, no Mineirão. Na última sexta-feira, o Cruzeiro contou com o apoio de sua torcida na vitória por 1 a 0 diante do Confiança, no Mineirão.
De acordo com a Rádio Itatiaia, o estádio recebeu 4.223 pagantes, mas o boletim financeiro até o momento não foi divulgado. Mesmo com público pequeno, houve desrespeito a vários protocolos sanitários, como a retirada de máscaras nas arquibancadas e a aglomeração no acesso ao Gigante da Pampulha.

ATLÉTICO

O presidente do Atlético, Sérgio Coelho, recebeu com surpresa a decisão da prefeitura de Belo Horizonte de proibir a presença de torcedores em jogos de futebol. Para demonstrar seu descontentamento com a PBH, Sérgio Coelho gravou um vídeo sem máscara na Feira Hippie – tradicional ponto de comercialização de arte, artesanato, roupas e comida aos domingos na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte. O mandatário alvinegro direcionou o recado ao secretário de Saúde da capital, Jackson Machado, e ao prefeito Alexandre Kalil. “Sempre venho aqui na Feira Hippie, acho super-bacana, muita gente trabalhando, show de bola. Fui surpreendido com a notícia, mas antes de dar qualquer posicionamento, gostaria de ouvir o Dr. Jackson Machado, secretário de Saúde do município de Belo Horizonte, e também o prefeito – não sei se ele vai dar esse prazer para a gente de se explicar”, afirmou Coelho.
“Se não pode ter público no estádio, onde os torcedores vão obrigatoriamente testados, por que a Feira Hippie com 30 mil pessoas, ninguém testado e todos sem máscara, pode ter? Depois que ouvir a explicação, a gente se posiciona. Por enquanto, ficamos mineiramente quietinhos”, complementou.

AMÉRICA

O América se posicionou a respeito da volta da proibição de público nos estádios de Belo Horizonte determinada pela Prefeitura. Dos três times da capital, o Coelho é o único que não chegou a jogar com seus torcedores. "Vamos nos manter seguindo o protocolo da CBF que assinamos. Assim que a entidade liberar, estando liberado também o estado e o município, vamos nos organizar para o retorno do público", disse o América por meio de sua assessoria.
O presidente do Coelho, Alencar da Silveira Júnior, tinha esperança de ter ao menos os conselheiros e sócios-torcedores contra o Bragantino, hoje, às 20h, no Independência, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. "Por determinação da CBF, no Campeonato Brasileiro da Série A, não foi permitido ainda, porque já temos essa discussão. Então, o América não volta. O máximo que vou tentar acertar até segunda-feira (hoje) é um convite aos conselheiros do América, ao sócio-torcedor do clube, para fazermos um esquema dentro do estádio", afirmou Alencar na sexta-feira (20).

Infectologistas justificam decisão da PBH

Em entrevista ao Superesportes e ao Estado de Minas, o infectologista Carlos Starling, que compõe o Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da PBH, afirmou que “houve rupturas de protocolos” nas partidas do Atlético, na última quarta-feira (18/8), e do Cruzeiro, na sexta-feira (20/8). “Por terem sido jogos-testes, o comitê tem que analisar, a Secretaria Municipal (de Saúde) tem que analisar os resultados. A princípio, houve várias rupturas de protocolos. Portanto, é importante que essas rupturas sejam analisadas do ponto de vista sanitário, epidemiológico. Não é anormal (voltar atrás), porque foram jogos-testes. E testes têm que ser analisados antes de se dar sequência”, afirmou.

Também componente do comitê da prefeitura, o professor Unaí Tupinambás, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse que “exigir máscara naquele cenário é quase impossível”. Para Unaí, os dois jogos, principalmente o do Atlético, “não passaram no teste”. Ainda mais pela ameaça da variante delta do novo coronavírus.

O infectologista da UFMG defendeu a discussão sobre um retorno dos torcedores aos estádios somente quando mais de 80% da população estiver totalmente imunizada contra a doença, ou seja, com as duas doses. A estimativa dele é que isso aconteça até o fim do ano.



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