O América concretizou, na última segunda-feira (30), aquela que, provavelmente, é a maior contratação de sua história. O experiente atacante argentino Mauro Zárate, de 34 anos, com passagens pelo futebol italiano e pelo Boca Juniors, da Argentina, fechou com o Coelho. Em entrevista ao Superesportes, Marcus Salum, coordenador de futebol clube-empresa do América, detalhou a negociação e destacou subida de patamar: 'É para mudar o paradigma'.
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Atlético não vende titulares e vê meta distante, mas ganha força por taçasLuxemburgo se prepara para dar salto em ranking de técnicos do CruzeiroCompetição de mountain bike vai agitar Mariana em outubroCruzeiro: veja o que diz a matemática sobre a pontuação ideal para o acessoZárate fala sobre saída do Boca Juniors e ambição do América: 'Muita fome'América: além do campo, Coelho está de olho na calculadora"A gente trabalha, hoje, com uma oferta muito grande de estrangeiros. Cada estrangeiro contratado hoje no Brasil, mais da metade 'passou na minha mão'. É difícil, porque o estrangeiro tem que passar por duas adaptações: a adaptação ao seu time e a do país. Em nível intermediário, a chance de você errar é maior", analisou.
"Nós fizemos análise, selecionamos alguns jogadores. O Zárate, quando surgiu, ficamos entusiasmados. Fizemos uma pesquisa dele, grande. Conversamos na Argentina com amigos. Todos elogiando o jogador tecnicamente. Dizendo que o momento era difícil quando saiu do Boca, mas que ainda joga em alto nível e que queria jogar no Brasil", disse.
Fator Mancini
Salum ressaltou o papel do técnico Vagner Mancini para a concretização da negociação. De acordo com o coordenador de futebol, uma boa estratégia para convencer um jogador é fazer com que ele sinta confiança no projeto a partir da visão do treinador.
Ele destacou a conversa entre Mancini e Zárate, antes do acerto, como fator 'decisivo'. Segundo Salum, o jogador se mostrou entusiasmado com o projeto americano e com as ideias do técnico de 54 anos.
O dirigente também revelou um diálogo com Mancini antes da vitória por 2 a 0 sobre o Ceará, quando foi praticamente 'selada' a contratação de Zárate.
"Ele (Zárate) não abriu mão de nada na negociação. Por isso, demorou um pouquinho. Comigo, é difícil, porque eu sou chato para negociar (risos). Todo mundo me conhece. Depois que estava tudo encaminhado, domingo, antes do jogo, chamei o Mancini no campo e falei: 'Eu vou trazer um craque. Eu preciso de você'. Ele gosta muito de jogadores de força, e o Zárate é mais técnico. 'Posso contar com você?', perguntei. 'Sou seu parceiro. Pode contar comigo', o Mancini respondeu", contou.
Conversa com o atleta
Após o acerto, Salum teve a possibilidade de conversar pessoalmente com Zárate em Belo Horizonte. Ao atleta, o dirigente frisou a organização do América, mas ressaltou que não se trata de um clube rico - como outros que o atacante defendeu na carreira.
"Fiquei muito feliz com a repercussão. Quando encontrei com ele para conhecer melhor, eu fiquei muito feliz. Quer jogar em alto nível. É um 'meninão', e nós vamos cuidar bem dele. Eu disse: 'Preocupa em jogar bola, Zárate. No América, você vai receber em dia, vai ter toda estrutura. Mas não somos um clube rico. Quero que você saiba disso. Tudo organizado, tudo de primeira, tudo por sua conta - mas não somos ricos'. Ele me agradeceu muito e se mostrou muito animado", disse.
'Grana' em jogo
Questionado sobre a parte financeira da contratação, Marcus Salum ressaltou o trabalho em equipe da direção do América. O dirigente explicou, mais uma vez, que sempre trabalha 'um passo à frente' daquilo que arrecada. Ele avaliou Zárate como a contratação 'de maior vulto' da história do clube.
"Nós somos muito entrosados. Eu trabalho com o Dower (Araújo) do meu lado, com o Euler (Araújo) do meu lado, controlando tudo. Eu pensava: na hora certa, de dar uma arriscada, eu preciso do orçamento. E estava programado esse valor. É lógico que eu trabalho gastando mais do que eu arrecado, como sempre fiz. Você tem que dar sempre um passo acima, mas não dois para não conseguir repor. É um passo ousado. É o jogador mais caro que eu já contratei na minha vida. A contratação de maior vulto do América", afirmou.
Confiança na permanência
Por fim, Salum demonstrou otimismo com relação à permanência do América na Série A do Campeonato Brasileiro. Neste momento, o clube mineiro ocupa a 17ª colocação na tabela, com 18 pontos.
O dirigente ressaltou o planejamento da diretoria para a temporada e destacou uma 'mudança de paradigma' na filosofia de trabalho dentro do clube. 'É para fazer diferente', garantiu.
"Se ele fez 17 pontos em 13 jogos, você pega o percentual, eu estaria muito longe do rebaixamento. E o trabalho está melhorando. Jogadores voltando, houve COVID-19... o Berrío estreou. Eu tenho muita esperança que vai dar certo e que nós vamos ter sucesso. O que eu resolvi fazer? Mudar o paradigma. Porque se a gente segura, segura, segura, você acaba sempre fazendo a mesma coisa. Esse ano, eu não fiz isso. Trouxemos o Berrío, que também é um jogador de nome, vai ajudar muito. Trouxemos um jogador de ponta... é para fazer diferente. É para dar um recado diferente", encerrou.