O goleiro Fábio , do Cruzeiro , em carta publicada nesta sexta-feira (8) no site The Players Tribune , revelou que em 2006 esteve na sede de um clube espanhol para assinar contrato, mas desistiu de última hora para continuar no clube celeste. Ele não cita o nome da equipe.
Fábio narra que estava de férias na Itália com a mulher Sandra e o filho Pablo, em 2006. No último dia da viagem, o empresário do goleiro ligou dizendo que havia uma proposta de um clube da Espanha . Fábio foi para o país Ibérico, onde foi recebido no aeroporto pelo dirigente do time em questão.
Quando observou o contrato, os valores não batiam com o que havia sido combinado. O dirigente refez o documento, mas Fábio não assinou, porque acreditou que aquele era um recado de Deus para ele continuar na Raposa (leia parte da carta no fim desta nota).
Em uma entrevista em 2019, Fábio disse que o time da Espanha serviria de ponte para o acerto posterior com o Arsenal - na carta publicada nesta sexta, o goleiro não mencionou a equipe inglesa. Embora não tenha sido citado, o clube espanhol era o Osasuna , que hoje ocupa a quinta posição no Campeonato Espanhol , com 14 pontos. O Real Madrid lidera o torneio, com 17.
Fábio ainda garantiu que estará no Cruzeiro para subir com o clube para a Série A . O contrato dele termina no fim do ano, quando deve ser renovado. "Apesar das adversidades, digo com total segurança: a gente vai voltar. Eu tenho certeza. Você pode me perguntar como eu posso ter tanta confiança, ainda mais no meio desse doloroso processo de reconstrução. Eu tenho. E repito: a gente vai voltar! Eu estarei aqui para viver esse momento", disse o goleiro.
Leia parte da carta escrita por Fábio:
Eu tinha 26 anos e estava de férias na Itália com a minha esposa. Meu empresário me liga:
- Ó, Fábio, vem pra Espanha porque nós fechamos com um time daqui.
- Dá tempo. Vai ser rápido. Está tudo pronto: você assina o contrato, volta pra Itália e pega seu voo pro Brasil.
Lá fomos nós, eu, a Sandra e nosso filho Pablo. Um dirigente do clube nos recebeu no aeroporto e já estava maluco com a minha chegada. "Você vai gostar muito daqui! A cidade é isso, a cidade é aquilo! Os torcedores te adoram!" A gente curtindo. Passamos no hotel pra deixar a Sandra e o Pablo e, quando eu estava saindo, a Sandra me puxa:
- Vem cá, vamos orar.
Achei estranho, porque a gente nunca tinha rezado junto. Oramos e ela falou assim:
- Senhor, se não for uma bênção para as nossas vidas, pode levar a gente embora, que tudo bem.
E eu pensando comigo: Oi?! Como assim?! O que minha mulher tá falando?! É o nosso sonho viver na Europa. Está tudo certo. Só assinar. Eu disse "amém" e fui pro estádio. Era Deus falando com ela, só podia ser. Entendi isso depois. Porque quando sentei na frente do dirigente e li o contrato, vi que estava tudo errado. Valores, duração, tudo. Eu balançava a cabeça e o dirigente:
- Tem alguma coisa errada, Fábio?
- Ô se tem. Só o meu nome está certo aqui.
Aí a gente esclareceu. Meu empresário tinha acertado com um agente espanhol, e esse agente não passou os termos corretamente pro clube. Mesmo assim, o dirigente me queria muito lá e continuou:
- Não tem problema. Pode rasgar esse contrato. A gente escreve outro agora mesmo. O que você quer?
Pedi tudo o que eu queria - aproveitei pra dar uma exagerada, inclusive hahah - e ele não disse um não. Mas, como estava demorando, enquanto redigiam o contrato novo eu dei uma saidinha pra ligar pra Sandra.
- Nossa, Fábio! Onde você está?! A gente vai perder o voo.
- É que estava tudo errado no contrato, mas já resolvi, fica tranquila. Estão refazendo e daqui a pouco eu tô aí.
- Mas você esqueceu da oração?
Eu fiquei mudo outra vez, como anos atrás lá no Paraná. Não respondi nada, desliguei o telefone e voltei pra sala do dirigente:
- Rasga esse contrato também. Eu não vou ficar.
- Nós colocamos tudo o que você pediu. Está errado ainda?
- Está certo agora. Mas, quando Deus fala, eu ouço.
E dessa vez eu ouvia que, apesar do meu sonho de jogar na Europa, e ali era só pegar a caneta pra realizar esse sonho, dessa vez eu ouvia que continuava tendo coisa pra mim no Cruzeiro. Quando entramos no táxi pra ir pro aeroporto, o motorista me olhou pelo retrovisor e disse:
- Gran portero! Você vai se dar bem aqui.
Comentei com a Sandra que podia ser Deus falando pra gente ficar. Ela respondeu que Deus não é da confusão, é da certeza. Eu quase chorei.