Menos de duas semanas depois da conquista do título brasileiro, o torcedor atleticano viveu mais uma noite de gala. Em Belo Horizonte, no interior de Minas Gerais ou mesmo em Curitiba, as cores preto e branco voltaram a ser predominantes com a conquista do bicampeonato da Copa do Brasil, numa festa que invadiu a madrugada.
E mais uma vez o atleticano teve de comemorar o troféu bem distante do time e vendo o jogo pela televisão. Os bares foram o destino preferido de torcedores em BH. Embora o movimento tivesse sido menor ao que sucedeu ao confronto com o Bahia, que marcou a conquista do Brasileirão, a maioria dos estabelecimentos ficou lotada, especialmente na Região Centro-Sul da capital.
Tradicional ponto de encontro dos atleticanos, o bar do Salomão começou a ter movimentação de torcedores três horas antes de o duelo ter início em Curitiba. Durante a partida, todos se espremeram na parte coberta para se proteger da chuva. Não pararam de cantar em nenhum momento, mesmo inteiramente molhados.
A noite de ontem encerrou com bri- lhantismo uma temporada épica: "É uma emoção muito grande. O torcedor atleticano sente um orgulho muito grande. Esperamos o título brasileiro durante muito tempo e agora a Copa do Brasil veio para coroar este ano maravilhoso", afirma a professora Paula Coelho, de 29 anos.
Na visão do marceneiro Douglas Júnior, de 28, o grande ano do Atlético apaga uma sequência de várias temporadas de fracassos. "Independentemente do que passamos em anos anteriores, nunca deixamos de amar o Atlético. Isso não é da noite para o dia. Amamos esse clube em qualquer circunstância. Hoje (ontem) é um dia de festa, mas tenho certeza de que virão muitas glórias pela frente."
Na Savassi, bairro famoso pelos bares, o movimento foi abaixo da expectativa. No quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque foram colocadas grades para separar os estabelecimentos, muitos com lugares disponíveis poucos minutos antes de a bola rolar.
Até mesmo os vendedores ambulantes atestaram circulação menor. “Parece que o pessoal comprou tudo na conquista do Brasileiro. Ninguém quer gastar agora”, disse o ambulante Sérgio Adriano, de 50, que oferecia faixas, bandeiras e cavalinhos do Galo.
Quem também lamentou as vendas ruins e exibia muitos produtos alvinegros foi Klésio Francisco, de 42. "Está bem mais fraco que há duas semanas. Estou desde as 10h na correria e não vendi quase nada", contou.
Durante o jogo, os atleticanos nos bares da Savassi começaram apreensivos, mas o gol de Keno deu tranquilidade. No segundo tempo, festa para anulação de gol paraense e explosão com a cavadinha de Hulk, que ampliou o placar.
Além dos bares, a comemoração tomou também a sede de Lourdes, com direito a foguetório e ocupação das duas pistas da Avenida Olegário Maciel, e a Praça Sete, local que marcou os festejos do título brasileiro recente. Desta vez, não houve evento programado pelo Atlético – o clube recebeu multa da Prefeitura de Belo Horizonte por ter promovido o show do baiano Bell Marques sem autorização após o bi do Brasileirão. Ontem, o tempo chuvoso desanimou alguns fãs, mas outros marcaram presença com gritos de "bicampeão" e as habituais provocações ao arquirrival, Cruzeiro.
CLIMA HOSTIL
Em Curitiba, o clima foi hostil. A segurança teve de ser reforçada para evitar encontro das torcidas organizadas do Galo e do Furacão, que se provocaram muito antes do jogo. E na chegada dos jogadores do Atlético à Arena da Baixada, a delegação alvinegra foi recebida com pedras e latas. Vários vidros do ônibus foram quebrados.