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Estado de Minas PRIMEIRO GRAND SLAM DO ANO

Novak Djokovic: as reviravoltas sobre entrada do tenista nº1 do mundo na Austrália

O que poderia ser o início de um novo ano de glória no tênis se transformou em uma tempestade diplomática


06/01/2022 13:05 - atualizado 07/01/2022 12:15


Novak Djokovic em quadra reage com surpresa
Novak Djokovic falhou nos requisitos da vacina para entrar na Austrália, mesmo com uma "isenção" aprovada pelas autoridades do tênis (foto: PA WIRE)

Quando o sérvio Novak Djokovic anunciou no início desta semana que jogaria no Aberto da Austrália isento de apresentar comprovante de vacinação, isso gerou uma reação furiosa entre australianos.

Agora, o tenista número um do mundo está em um hotel da imigração australiana, lutando contra sua deportação após ter seu visto revogado e sua entrada negada no país. Uma decisão é esperada para a próxima segunda-feira (10/1).

Falando sobre seu rival, o espanhol Rafael Nadal afirmou que a vacina "é a única maneira de parar esta pandemia".

"Todos são livres para tomar suas próprias decisões, mas existem algumas consequências", acrescentou.

O que poderia ser o início de outro Grand Slam para Djojovic se transformou em uma tempestade diplomática. Entenda:

Como Djokovic tinha sido autorizado a entrar na Austrália?

A notícia de que Djokovic havia sido aprovado para jogar o Aberto da Austrália, que começa no dia 17 de janeiro, foi divulgada pelo próprio jogador na terça-feira (4/1).

A Austrália exige que todos os visitantes estrangeiros que entram no país tenham esquema de vacinação completo. Caso contrário, precisam permanecer 14 dias em quarentena.

Mas Djokovic, que disse que se opõe à vacinação, anunciou nas redes sociais que ganhou uma isenção médica para jogar no Grand Slam.

A Tennis Australia — órgão esportivo que comanda o Aberto da Austrália — confirmou que o sérvio teve o lugar garantido no torneio sob sua política de "isenções". Ele recebeu isenção médica por dois painéis independentes organizados pela Tennis Australia e pelo estado de Victoria.

Razões válidas para isenções incluem uma condição médica aguda — como uma doença cardíaca inflamatória. Uma infecção por covid nos últimos seis meses também faz parte da política da Tennis Australia.

As regras foram anunciadas em dezembro e endossadas pelo governo do Estado de Victoria. As autoridades federais, naquela época, não apresentaram objeções à política.

Qual foi a reação dos australianos?

O cenário mudou depois que o público soube da isenção concedida a Djokovic. Muitos australianos ficaram irritados com a decisão de autorizá-lo a entrar no país.

Djokovic gerou polêmica durante a pandemia - ele já havia falado abertamente contra a vacinação. No primeiro ano da pandemia, também organizou uma turnê comercial de tênis, durante a qual ele e outros jogadores acabaram contraindo covid-19. Mais tarde, se desculpou por colocar as pessoas em risco.

Enquanto isso, na Austrália, os moradores viveram meses de confinamento e restrições. A maioria seguiu as instruções do governo para se vacinar — mais de 90% da população adulta já recebeu duas doses da vacina.

Mas o país também está agora no pior momento da covid-19 — com mais de 70 mil novos casos registrados apenas na quinta-feira, o que coloca enorme pressão sobre hospitais e empresas.

Inicialmente, o primeiro-ministro do país, Scott Morrison, disse aceitar a decisão do governo do estado de Victoria de conceder isenções médicas a Djokovic e outros jogadores de tênis.

Ele disse na terça-feira que as autoridades federais — que controlam as fronteiras — iriam "agir de acordo" com a decisão do Estado pois "é assim que funciona".

"Os Estados fornecem isenções para as pessoas entrarem... isso tem acontecido nos últimos dois anos", disse ele.

Mas em meio à indignação pública, na quarta-feira ele voltou atrás. Morrison avisou que Djokovic seria mandado para casa se não fornecesse provas médicas adequadas.

Por que Djokovic foi barrado no aeroporto?


Fã enrolado na bandeira sérvia olha para o Park Hotel em Melbourne, onde Novak Djokovic estaria detido
Fãs de Djokovic se reuniram em frente a hotel em Melbourne onde ele estaria temporariamente detido (foto: EPA)

Na quarta-feira à noite, por volta das 23h30 (9h30 de Brasília), Djokovic pousou na Austrália, no aeroporto de Melbourne. Ele foi prontamente avaliado e barrado. Seu visto foi cancelado no local, e o tenista foi levado para uma detenção temporária de imigração.

Djokovic não apresentou provas de que foi vacinado duas vezes ou de que recebeu uma isenção legítima para isso, explicou Morrison em uma entrevista coletiva na manhã seguinte. Ele também argumento que uma infecção recente por covid-19 não era um motivo válido de acordo com as regras federais.

A imprensa australiana informou que o restante da equipe de Djokovic teve permissão para entrar na Austrália porque seu status de vacinação foi aprovado.

Djokovic foi levado por agentes de fronteira australiana para um hotel de detenção de imigração, onde agora aguarda uma decisão sobre seu destino.

O contexto

O governo federal da Austrália rejeitou a decisão do Estado de Victoria neste caso. A Austrália é uma federação, mas sua constituição atribui o controle das fronteiras ao governo central, não às autoridades estaduais.

Ou seja, embora a Tennis Australia tenha concedido a aprovação de Djokovic sob uma política endossada pelo estado de Victoria, a mesma política não foi aprovada por Canberra.

Na quinta-feira, Morrison disse que a Força de Fronteira Australiana (ABF, na sigla em inglês) havia enviado cartas à Tennis Australia em novembro descrevendo as condições federais para a entrada de vacinados. Ele disse que uma infecção recente de covid (ou nos últimos seis meses) não era um motivo válido.

O premiê também disse não ser incomum que as pessoas sejam rejeitadas ao desembarcar na Austrália, porque os funcionários da imigração avaliam o cumprimento do visto na chegada, e não antes da entrada.

Mas um ex-comissário da força de fronteira escreveu que a culpa não poderia ser atribuída apenas às autoridades estaduais, já que os oficiais federais teriam assinado a concessão inicial do visto.

E, como Morrison observou na terça-feira, durante a pandemia, os Estados receberam o poder de conceder a entrada a estrangeiros sem o veto do governo central.

Morrison enfrentará uma eleição dentro de alguns meses. Ele tem sofrido críticas intensas devido à rápida disseminação da variante ômicron no país e Djokovic se tornou um "bode expiatório", dizem alguns analistas políticos.

Nesse processo, a Sérvia defendeu seu campeão nacional, com o presidente Aleksander Vucic acusando as autoridades australianas de "assediar" Djokovic. O governo australiano negou essa afirmação.

Qual é a situação de Djokovic agora?

A equipe de Djokovic está furiosa com a reviravolta repentina e diz que ele se tornou um bode expiatório. Além disso, há três outros jogadores de tênis desconhecidos que receberam isenções e foram autorizados a entrar no país, informou a imprensa local.

Djokovic apelou contra o cancelamento do visto imediatamente após ser detido. Ele moveu uma ação judicial para obter uma liminar para impedir sua deportação — para que pelo menos possa permanecer no país.

A audiência foi adiada para segunda-feira, então a estrela do tênis pode ter que passar o fim de semana detido.

Djokovic está livre para deixar o país. Alguns analistas dizem que ele poderia ir para outro país e aguardar a decisão sobre seu caso na Justiça ou refazer os trâmites burocráticos para entrar novamente na Austrália.

O tenista, nove vezes vencedor do Aberto da Austrália, ainda não comentou sobre o cancelamento de seu visto e veto à sua entrada.

Ainda não está claro se ele ainda jogaria no evento, mesmo que tenha permissão para ficar.

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