Jornal Estado de Minas

CAMPEONATO MINEIRO

Atlético confirma superioridade técnica e se impõe sobre o América


Deu a lógica no clássico entre América e Atlético, ontem, no Independência, pela sexta rodada do Campeonato Mineiro. Melhor time do Brasil em 2021, o Galo impôs sua maior qualidade, principalmente no segundo tempo, quando fez os gols do 2 a 0, ampliando a invencibilidade sobre o adversário para 19 jogos. Os americanos devem ter deixado o estádio preocupados, pois o time não foi páreo para um adversário que também está na Libertadores.



O duelo foi uma grande prova para ambos, que se preparam para desafios maiores na temporada. No domingo, o alvinegro decide a Supercopa do Brasil contra o Flamengo, em Cuiabá. Três dias depois, o Coelho recebe o Guaraní-PAR, no Horto, no confronto de ida da segunda fase da competição sul-americana, que disputa pela primeira vez na história. No Galo, a sensação é de que, aos poucos, o time vai retomando a forma de 2021, quando foi praticamente imbatível, só perdendo nove de suas 75 partidas.

“Feliz pela vitória. Nosso time é cascudo, sabe sofrer e aproveitar os contra-ataques. A gente vai sempre fazer um ou dois gols e, se não sofrermos gols, vamos sair com a vitória. Então, estamos muito felizes com estes três pontos e com a vitória no primeiro clássico do ano”, declarou o lateral-esquerdo Gui- lherme Arana, que abriu o caminho para a vitória. “A final da Supercopa do Brasil será entre dois times de qualidade e de muito investimento. Acredito que será um grande espetáculo e que vença o melhor”, disse, ao projetar o embate com o Flamengo.

Já no América, o atacante Wellington Paulista reconheceu que é preciso crescer para atingir o objetivo de ir à fase de grupos da competição continental, que vale prestígio e cerca de R$ 18 milhões em premiação. “Ainda não estamos 100% fisicamente e no final cansamos, sim, até porque não ficamos com a bola e tivemos de correr atrás. E ainda estamos nos adequando taticamente ao que quer o Marquinhos Santos para chegar bem na Li- bertadores”, disse o camisa 9. “Clássico se decide em detalhes, a gente não marcou um cruzamento bem-feito por eles e acabamos tomando o gol”, acrescentou.



No jogo de ontem, o América até tentou tomar iniciativa, mas logo o Atlético impôs sua maior qualidade e teve a primeira chance aos 3 minutos, em cabeçada de Nacho Fernández para fora. O Coelho só respondeu aos 19, em cruzamento de Juninho que Wellington Paulista desviou de cabeça, mas Everson mandou à linha de fundo.

A partir de então, o confronto ficou parelho. Mas as defesas levaram vantagem e poucos lances de perigo foram criados. A tensão cresceu após desentendimento entre Jair e Alê, com ambos recebendo cartão amarelo. Em seguida, os atleticanos pediram a expulsão do 10 americano por falta do adversário justamente sobre o 8.

Finalização mesmo, só aos 48 minutos, novamente de cabeça, com Éder, para fora. No minuto seguinte, Zaracho pegou de primeira depois de cruzamento de Nacho Fernández da esquerda e obrigou Jori a se esticar todo para desviar pela linha de fundo.



A segunda etapa foi de domínio alvinegro. Logo aos 6 minutos, Ademir foi lançado, invadiu a área e bateu cruzado, para boa defesa de Jori. Dez minutos mais tarde, Hulk, livre, desperdiçou grande chance ao cabecear para fora, após lançamento de Nacho da esquerda.

A resposta do Coelho veio em seguida. Da direita, Patric cruzou rasteiro da direita. Porém, nem Wellington Paulista nem Matheusinho conseguiram alcançar, com a bola atravessando toda a frente da meta alvinegra e saindo pela linha de fundo.

FAZENDO A DIFERENÇA

Melhor postado, o Galo abriu o placar aos 27min. Aproveitando erro de Alê, Keno cruzou da esquerda, Nacho Fernández escorou de cabeça e Guilherme Arana apareceu no meio da área para executar Jori com a perna esquerda.



Com a vantagem, o Atlético quase ampliou ao 32. Nacho recebeu de Keno na área, mas Jori conseguiu fazer a defesa. Aos 37min, Savarino não desperdiçou. Depois de o goleiro americano abafar Hulk na pequena área, o venezuelano pegou de voleio, com a bola ainda tocando no travessão antes de entrar.

O América só ameaçou aos 46min, com Matheusinho, que bateu da entrada da área, para fora. Na sequência, Jori salvou novamente o Coelho em lance em que Savarino chegou livre na área.

Mudança tática e Keno ajudam a abrir triunfo

O técnico Antonio “El Turco” Mohamed comemorou a vitória no primeiro clássico mineiro da carreira, mas reconheceu que o time encontrou dificuldades no primeiro tempo. Porém, depois da conversa no intervalo e a entrada de Keno, dominou a partida e conseguiu construir o placar que fez a torcida comemorar bastante.

“Tivemos um primeiro tempo muito ríspido, jogo muito picotado e não conseguimos colocar o ritmo que queríamos. No segundo, sim, conseguimos encontrar os espaços para jogar”, disse o treinador, que elogiou a mudança de comportamento dos comandados. “Nosso time soube recuperar a bola rápido e teve mobilidade, entendeu como devia jogar o segundo tempo. Assim, conseguiu desorganizar a defesa do rival.”



Agora, ele vai pensar no que fazer para o duelo de terça-feira, contra o Athletic, no Mineirão, pela sétima rodada. A intenção é colocar em campo uma formação mista, mas forte o suficiente para conquistar mais três pontos, que são importantes para a sequência da temporada, especialmente depois dos pontos perdidos para Villa Nova e URT, quando usou escalação alternativa.
“Nosso time foi ótimo, mas sempre se pode melhorar. Vamos chegar ao jogo de domingo em muito bom estado”, disse ele, referindo-se ao confronto com o Flamengo, valendo o título da Supercopa do Brasil.

1937

Ontem, o presidente Sérgio Coelho afirmou que o clube começou a montar um dossiê para tentar o reconhecimento do título da Copa dos Campeões, conquistada em 1937, como Campeonato Brasileiro. O clube mineiro está na fase de coleta de ‘provas’ antes de encaminhar toda a documentação à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).Mesmo com a derrota, técnico prevê evoluçãoA derrota no clássico contra o Atlético não vai mudar os planos do América. O técnico Marquinhos Santos lamentou o resultado, mas exaltou a aplicação dos jogadores e garante que o time estará melhor na partida do dia 23, contra o Guaraní-PAR, na estreia do clube na Copa Libertadores.

“Jogamos contra um grande clube, um grande time, que tem atletas convocados para seleções. Temos de ter equilíbrio, é início de temporada, os atletas que não puderam atuar fizeram falta, mas não lamentamos, não. Quem entrou foi bem. E procuramos uma estratégia para buscar a vitória. É um grupo em que eu confio, que chega forte para as pretensões que temos, em especial o jogo do dia 23”, afirmou o treinador americano referindo-se às ausências dos atacantes Everaldo e Felipe Azevedo, que testaram positivo para a COVID-19 e deverão ter condições de atuar no jogo de ida da segunda fase da competição sul-americana.



Para suprir as ausências dos referidos comandados, ele optou por uma formação com três volantes diante do rival, com um deles, Juninho, ficando incumbido de segurar os avanços de Guilherme Arana pela esquerda. Além disso, escalou o atacante Henrique Almeida mais aberto, o que, por outro lado, não funcionou.

Agora, ele vai pensar no que fazer para as partidas contra o Patrocinense, quarta-feira, e URT, sábado, as duas últimas antes do confronto mais importante deste início de ano, contra os paraguaios. “Gostei do que o time apresentou, estamos retomando aquela postura do ano passado, ainda é começo, mas gostei. A derrota dói, mas temos de seguir com equilíbrio. Estamos em um processo em que temos convicção do que está sendo feito, temos certeza de que o time vai evoluir”, declarou.