Autor de três gols nos últimos dois jogos, o atacante Vítor Roque vai conquistando cada vez mais espaço no Cruzeiro. A ponto de muitos já começarem a compará-lo a outro atleta que estreou aos 16 anos no time principal celeste e que logo mostrou faro de gol: Ronaldo Nazário, hoje o manda-chuva do futebol no clube, depois de assinar, em dezembro, intenção de compra de 90% das ações do Cruzeiro Sociedade Anônima do Futebol (Cruzeiro SAF).
Ainda que seja cedo para colocar tanta responsabilidade nas costas do garoto, que fará 17 anos na segunda-feira, os números são próximos. Enquanto Vítor Roque marcou três gols nos primeiros nove jogos oficiais, Ronaldo fez dois em igual número de partidas. Se forem incluídos amistosos, o Fenômeno supera o agora pupilo: foi quatro vezes às redes.
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Para ter Vítor Roque, o Cruzeiro investiu cerca de R$ 1,5 milhão em 2019, incluindo valores pagos ao empresário André Cury e ao pai do jogador. Tentando evitar briga judicial com o América, onde ele jogava, cedeu 35% dos direitos ao rival. A multa rescisória seria de 300 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão), quase o dobro da dívida total do clube.
Alheio a comparações e valores, a promessa parece cada dia mais à vontade entre os companheiros, sejam eles bem mais experientes ou igualmente saídos da Toca da Raposa I. “Marcar gols com a camisa do Cruzeiro é sempre especial. Tenho de agradecer a Deus e ao time todo, no qual é um correndo pelo outro. Assim, vamos alcançar nossos objetivos”, disse o jogador, ainda em Aracaju, onde fechou a goleada por 5 a 0 sobre o Sergipe com dois gols, ajudando a Raposa a avançar à segunda fase da Copa do Brasil.
Ele entrou no intervalo, quando o jogo estava 0 a 0, e foi fundamental para dobrar o time sergipano, o que garantiu ao Cruzeiro mais R$ 1,5 milhão de premiação pela disputa da segunda fase do torneio. “No segundo tempo conseguimos nos impor e fazer um placar elástico. Agora, é continuar trabalhando firmes para chegar no clássico preparados para sair com a vitória”, declarou o prata da casa, referindo-se ao jogo contra o Atlético, em 6 de março, no Mineirão.
O técnico Paulo Pezzolano se mostra satisfeito com a evolução do garoto, mas ressalta que ele ainda “é um menino”, que precisa seguir “melhorando como jogador e como pessoa”. “A única coisa que faço como treinador é pedir que ele aproveite dentro do campo. Tento colocá-lo num lugar em que fique cômodo. Que pegue a bola, que faça o que ele sabe. Um jogador potente, no um contra um ele é muito bom. Tento fazer com que fique tudo fácil pra ele quando entrar, porque é muito menino e tem de aproveitar. É futebol. E nós, dentro desse desfrute dele, utilizamos as qualidades que tem, porque tem muita potência e qualidade com a bola”, argumentou o treinador.
Firme
Como Ronaldo, lançado por Pinheiro, Vítor Roque também recebeu a primeira chance no time principal de um treinador experiente. Se coube a Pinheiro lançar o Fenômeno, em 1993, diante da Caldense, em jogo do Campeonato Mineiro, na Série B do Campeonato Brasileiro de 2021 foi Vanderlei Luxemburgo quem colocou o camisa 39 em campo pela primeira vez, no empate sem gols contra o Botafogo. Ele entrou aos 15min da etapa final, no lugar de Bruno José.
Depois, atuou também diante de Brusque, Vitória, Sampaio Corrêa e Náutico. Neste último jogo, teve contato com o Mineirão lotado por mais de 60 mil pessoas e não se acanhou.
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Plantão médico
Elogiado pelo técnico Paulo Pezzolano pelas boas atuações, o armador Giovanni reclamou dor no joelho direito e será reavaliado em Belo Horizonte, pois ontem a delegação passou o dia em Aracaju, onde fez trabalho regenerativo após os 5 a 0 sobre o Sergipe. Há expectativa de que o zagueiro Sidnei e o atacante Vítor Leque fiquem à disposição do treinador, depois de se recuperar de contusões e de fazer trabalho de recondicionamento físico.
Volta para casa
Os funcionários administrativos do Cruzeiro estão deixando as instalações da WeWork, empresa de escritórios compartilhados localizada no Boulevard Shopping, na Região Leste de Belo Horizonte. A intenção é realocá-los nas sedes do Barro Preto e Campestre, em busca de economia. Há multa pelo rompimento do contrato, que terá de ser negociada. O clube ficou um ano no chamado co-working, tentando justamente cortar custos com o uso da sede administrativa da Rua Timbiras, que foi alugada a uma rede de supermercados.