Ex-jogador do Cruzeiro e com experiência também de gerente de futebol pelo clube, Tinga disse que "o modismo de técnico estrangeiro no Brasil assusta". Dos 20 clubes da Série A, entre os quais os favoritos Atlético (o argentino Antonio Mohamed), Palmeiras (Abel Ferreira) e Flamengo (Paulo Sousa), oito são comandados por gringos. Assim como a Raposa, com o uruguaio Paulo Pezzolano.
"Nada contra essa invasão. Pelo contrário, por eu ter trabalhado na Alemanha, no Japão e em Portugal, aprendi muito com essas experiências com treinadores estrangeiros e reconheço tudo o que o Jorge Jesus e o Abel fizeram pelo futebol brasileiro e até da América do Sul. Porém, sou avesso aos modismos. Essa fixação de seguir o que os demais fazem é muito simplório, acaba mostrando falta de convicção, falta de pesquisa do mercado, falta de conhecimento genuíno", criticou Tinga em seu Blog no UOL Esporte.
O ex-dirigente da Raposa argumenta que nascer no exterior não é sinônimo de competência, citando os fiascos com o espanhol Domènec Torrent no Flamengo, e os portugueses Jesualdo Ferreira, no Santos, António Oliveira, no Athetico, e Ricardo Sá Pinto, no Vasco. "A história já nos expôs que há estrangeiros competentes e outros nem tanto, assim como os profissionais do futebol que são brasileiros", acrescentou.
Ele acusa cartolas de surfarem na onda e aponta desprestígio injustificado dos brasucas. "Estamos esquecendo da nossa origem. Esse modismo se transforma em falta de respeito aos nossos profissionais. Esses estrangeiros não têm culpa alguma, óbvio", adicionou.
O ex-jogador questionou até a condição financeira para as contratações. "Como os clubes brasileiros estão conseguindo bancar esses caras?”, pontua, observando que não foram trazidos os da primeira prateleira, como Jürgen Klopp, Pep Guardiola ou Carlo Ancelotti.
CUCA
Tinga elogiou Cuca, ex-técnico do Atlético. "Vejamos, quem foi campeão brasileiro e da Copa do Brasil em 2021 com campanhas avassaladoras? Cuca, que já havia ganho o Brasileirão pelo Palmeiras anos antes. Assim como o Rogério Ceni alcançou, bem ou mal, este feito pelo Flamengo no ano anterior. E o Renato Gaúcho foi último brasileiro a conquistar a Libertadores (Grêmio, em 2017)."
"É impressionante como depreciam o esforço e energia depositado pelos treinadores, auxiliares e demais membros de comissões do país. Se fosse um estrangeiro que tivesse deixado o Galo, e não o Cuca, estaríamos falando até hoje o quanto esse gringo faz falta. Assim como ainda ocorre na relação Flamengo e Jorge Jesus", apontou Tinga.