Intensidade, toque de bola, criatividade, volume de jogo, seriedade, respeito e responsabilidade. Predicados que o Atlético apresentou diante da Caldense, ontem, no Mineiro, na partida de volta da semifinal, mesmo com larga vantagem, para fazer seu papel e decretar seu lugar em mais uma final do Campeonato Mineiro, competição da qual é o maior vencedor: 46 conquistas. Desta forma, o Galo avançou pelo 16º ano consecutivo à decisão do Estadual. Não fica de fora desde 2006. Os atleticanos poderiam perder até por dois gols de diferença, mas não se acomodaram com tamanha vantagem ou favoritismo. E, mais uma vez, o alvinegro se impôs à equipe de Poços de Caldas. O placar? Goleada por 3 a 0, gols de Sasha, Keno e Ademir. Assim, a edição de 2022 coloca o Galo diante da rival Raposa e lhe dá a chance da revanche de 2019, quando perdeu o título para o Cruzeiro.
O Galo chega à final para buscar o terceiro título mineiro consecutivo. Dos 15 anos seguidos em que esteve na finalíssima, levantou a taça oito vezes. A final será em jogo único, no sábado, dia 2 de abril, às 16h30, no Mineirão. Em caso de empate no tempo normal, o campeão será definido nos pênaltis. E o Atlético chega credenciado com o melhor ataque da competição, com 28 gols marcados, e defesa menos vazada, com apenas cinco gols sofridos. Ainda que não leve nenhuma vantagem por ter sido o melhor durante todo o campeonato, apenas ocupar o vestiário principal e ficar no túnel número 1, atrás do assistente.
O JOGO
O primeiro tempo foi um treino de luxo para o Atlético, que enxerga o Campeonato Mineiro como preparação para as grandes disputas que terá pela frente. Mas os comandados do técnico Antonio Mohamed levaram tudo muito a sério. E a Caldense, que precisava reverter o placar, tendo de vencer por três gols de diferença, se encolheu e foram 45 minutos de ataque contra defesa. O Galo dominou, armou seu jogo com toque de bola, movimentação, ritmo lá no alto, tomando iniciativa das ações.
A Caldense apostou nos contra-ataques, mas não conseguir encaixar uma jogada. E apesar de só se defender, jogou limpo, na bola, em um jogo de poucas faltas. Presa fácil, a Veterana não ameaçou o Atlético, que tinha nove desfalques. Sem Hulk, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, mais seis jogadores convocados para as Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar e dois no departamento médico. Ao menos o lateral-direito Mariano retornou, recuperado de um edema na coxa, sofrida ainda no clássico contra o Cruzeiro, em 6 de março, entrando no segundo tempo.
Dando as cartas do jogo, antes de marcar o primeiro gol, o Atlético teve boas chances com Sasha, Zaracho e Igor Rabello. Aí, aos 19min, Nacho cobrou escanteio, Jair cabeceou e a bola sobrou par Sasha mandar para o gol: 1 a 0. A Caldense, que já estaca encurralada, encontrava muita dificuldade para sair jogando diante da marcação alta e só encontrou como saída arriscar de fora da área para tentar ameaçar o goleiro Rafael.
RESPEITO
Sem mudar o ritmo, aos 28min, em contra-ataque, Zaracho disputou a bola, tocou para Keno que arrancou do meio-campo até a entrada da área para deixar sua marca, na saída do goleiro Renan Rinaldi: 2 a 0. Gol que teve homenageado, tem bebê a caminho: “Feliz pelo gol, trabalho muito para fazer. Não sei se é menino ou se é menina, fiquei sabendo há três dias. Agora é voltar ao segundo tempo, ter tranquilidade para poder garantir a vaga na final”.
No segundo tempo, naturalmente, o ritmo do Atlético diminuiu. Já a Caldense, na tentativa de levar alguma pressão para o Galo, adiantou a marcação. Aos 19min, Rubens fez um lançamento milimétrico, Ademir dominou pela direita, invadiu a área e fez 3 a 0.
Ainda que mais cadenciado, o Atlético não deixou de buscar o gol. Respeito aos mais de 29 mil atleticanos no Mineirão e à Caldense, abatida em campo. Em partida tranquila, que não teve um cartão, sem VAR, sem polêmica, vitória do melhor futebol. Dia feliz para Ademir, que mostrou novamente que o grupo pode contar com ele: “É muita alegria poder estar na final em pouco tempo de clube. Entrar, fazer gol, receber o carinho da torcida. É continuar evoluindo, trabalhando para conquistar títulos e fazer história. O importante é ser campeão, que vai ser importantíssimo para a nossa trajetória esse ano”. A Caldense disputará o título de campeã do interior com o Athletic em jogos de ida e volta.
“Que seja uma festa esportiva”
No dia do seu aniversário, em que completará 52 anos, 2 de abril (ele é de 1970), Antonio Mohamed, técnico do Atlético, estará no Mineirão para disputar seu segundo título à frente do Galo (foi campeão da Supercopa diante do Flamengo). Desta vez, o desafio será diante do grande rival, o Cruzeiro. Imagina qual presente ele deseja? “Antes de mais nada, que seja uma festa esportiva, que a rivalidade seja apenas nos 90 minutos. Não sei como será um aniversário ideal, mas espero que seja o melhor e com sorrisos”.
Para Mohamed, claro, este duelo é especial porque tem particularidades: “Não posso pensar como será a partida, mas final e clássico são diferentes. Estamos preparados para imaginar as situações táticas que o rival vai nos apresentar. Mas não falo de rival por respeito (não quis falar de ninguém individualmente), não é meu costume. É um time de qualidade e tem nosso respeito como todo adversário. Estamos concentrados e toda energia está no clássico. Já tenho a equipe na cabeça, mas só direi no sábado”.
Indagado se o Galo já tem a sua assinatura mais do que a de Cuca, o treinador disse que “se há alguns traços do antigo treinador, o Cuca, a equipe agora é minha responsabilidade. O grupo está em boas condições, mas temos muito para evoluir ainda”.
Mohamed destacou que ainda não está preocupado nas próximas competições: “O mais importante sempre é o próximo jogo. Agora, é o de sábado, a final. O grupo está pronto, mas tem muito para melhorar e teremos ainda mais intensidade, não chegamos no topo. Enfim, espero que seja uma festa esportiva. Estamos preparados e é muito importante jogar uma final”
FICHA TÉCNICA
Atlético 3 x 0 Caldense
ATLÉTICO: Rafael; Guga (Mariano, intervalo), Igor Rabello, Réver e Rubens; Allan (Otávio 23 do 2º), Jair, Zaracho (Ademir, 14 do 2º) e Nacho Fernández; Keno (Dylan Borrero 23 do 2º) e Eduardo Sasha (Fábio Gomes, 33 do 2º)
Técnico: Antonio Mohamed
CALDENSE: Renan Rinaldi; Yuri Ferraz, Jonathan Costa, Lula e Matheus Muller (Michael 20 do 2º); Guilherme Borges; Ikaro (Paulo Vítor 20 do 2º), Alemão, Filipe Sousa (Gabriel Braga 42 do 2º); Marco Aurélio (Kaíque, intervalo) e Neto Costa (Douglas Eskilo 42 do 2º)
Técnico: Gian Rodrigues
Semifinal do Campeonato Mineiro
Estádio: Mineirão
Gols: Sasha, 19, e Keno, 28 do 1º; Ademir, 19 do 2º
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro
Assistentes: Marcus Vinicius Gomes e Fernanda Nandrea
VAR: Igor Junio Benevenuto de Oliveira
Público pagante: 29.184
Renda: R$ 464.837,74
Homenagem ao artilheiro
Suspenso do jogo de volta da semifinal, o atacante Hulk não só foi torcer para os companheiros no Mineirão como ser homenageado. Antes da bola rolar, o atacante recebeu um bastão por ter se tornado o maior artilheiro do estádio no pós-reforma, com 32 gols. No gramado, o jogador posou para fotos com o prêmio e assinou um termo de compromisso para que, caso seja superado, ele repasse o bastão ao futuro artilheiro. Hulk fez 32 gols em 39 jogos em pouco mais de um ano. No histórico geral, o maior artilheiro do Mineirão segue sendo Reinaldo, maior ídolo do Atlético, com 151 gols.