A decisão do Campeonato Mineiro entre Atlético e Cruzeiro, sábado, às 16h30, no Mineirão, promete vários duelos peculiares. Um deles será entre o jogador mais velho dos dois elencos, o zagueiro atleticano Réver, de 37 anos, e o mais novo, o atacante cruzeirense Vítor Roque, de 17. Comparadas as idades, um poderia ser pai, o outro, filho, mas em campo as relações profissionais vão prevalecer, com cada um prometendo lutar por seu quinhão.
Com nada menos que 316 jogos com a camisa alvinegra, Réver está a quatro partidas de se igualar à lenda Zé do Monte, 20º jogador que mais atuou pelo Galo. Ainda que não seja titular absoluto, nesta temporada pode chegar ao 17º lugar, superando Willian (330 jogos), Haroldo (331) e Jorge Valença (333). Já para igualar Sérgio Araújo (360) ficaria um pouco mais difícil.
É também um dos mais vencedores da história do clube, tendo sido importante em conquistas de títulos como a Libertadores de 2013 e a Copa do Brasil de 2014, além de ter atuado nas conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil do ano passado. Em termos de Mineiro, vai em busca do penta, depois de levantar a taça em 2012, 2013, 2020 e 2021.
“Esta é uma semana totalmente diferente, por ser de clássico e ainda ser de final de campeonato. São dias especiais que temos de vivenciar tanto quanto possível. Nosso grupo é jovem e um ou outro jogador talvez não saiba o que é o clássico mineiro, mas a gente resume bem para eles chegarem preparados no jogo. A gente espera aproveitar bem os treinamentos para fazer um grande jogo no sábado, mas sem carregar uma carga maior que a necessária. Temos essa decisão, mas depois temos outros compromissos ao longo do ano”, disse o experiente defensor, que está em seu nono ano de Cidade do Galo.
Com a carreira já se aproximando do fim, ele não faz planos, ainda que esta possa ser a última partida contra a Raposa. Afinal, um time disputa a Série A do Brasileiro, enquanto o outro está na B. O contrato vai até o fim de 2022, até quando pretende continuar contribuindo para mais conquistas alvinegras.
“Não tenho pensado em último jogo, último clássico. Vivo dia após dia, procuro dar o melhor sempre. Então, sábado é um jogo diferente, decisão em uma partida única, e temos de nos adaptar. Espero que no sábado a gente consiga um bom resultado e saia campeão”, declarou.
Mas Réver é apenas uma das opções do técnico Antonio “El Turco” Mohamed. Se Nathan Silva parece ter vaga garantida, o parceiro dele na zaga ainda é incógnita, com Godín e Junior Alonso, além de Igor Rabello, também se credenciando para atuar na finalíssima.
No caso de Vítor Roque, a titularidade parece estar garantida. Até porque no primeiro clássico da carreira, na fase de classificação do Estadual, em 6 de março, ele deixou um belo cartão de visitas, tendo aberto o placar sobre o alvinegro. O Cruzeiro acabou tomando a virada nos minutos finais, mas isso não tirou o brilho de quem vem sendo apontado como a grande joia da Raposa nos últimos anos.
“Feliz pelo gol, mas trocaria pelo resultado de vitória”, declarou o prata da casa, mostrando que incorporou o espírito de equipe exigido pelo técnico Paulo Pezzolano de todos os comandados neste início de temporada, o que inclui ter de ajudar na marcação.
Vice-artilheiro
O jovem atacante soma 22 jogos no time principal do Cruzeiro, sendo nove nesta temporada, na qual fez seis gols e deu uma assistência. Ele já é o vice-artilheiro da Raposa, atrás apenas de Edu, que fez três a mais e com quem tem mostrado bom entrosamento.
“A garotada tem vindo junto com quem é mais experiente. Eles escutam bastante e se doam ao máximo no dia a dia. Estão sempre procurando evoluir. E ter um frio na barriga faz parte, inclusive para nós, que somos mais velhos”, afirma o meio-campista Fernando Canesin, de 30 anos, ao ser questionado sobre os jovens valores da Raposa.
Raposa tenta apoio para ‘salvar’ a SAF
A diretoria do Cruzeiro e representantes da Tara Sports, que tem Ronaldo Nazário como sócio, vão se reunir hoje, às 18h30, com conselheiros no Parque Esportivo do Barro Preto. A intenção é esclarecer dúvidas sobre a proposta feita pela empresa para a aquisição de 90% dos direitos da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e que gerou descontentamento de parte do Conselho Deliberativo, o que levou a mesa diretora até a declarar que o negócio era “lesivo” ao clube.
“É uma reunião técnica, detalhada, da qual não vou participar. Mas estarei ali por perto para cumprimentar os conselheiros. De certa forma, é uma política que estamos enfrentando. Estamos fazendo essa política para conseguir a aprovação do projeto”, disse Ronaldo.
Na segunda-feira, haverá reunião do órgão colegiado para apreciar pedido da empresa para que sejam incluídas no contrato a cessão das Tocas da Raposa I e II à SAF em troca do pagamento da dívida fiscal, hoje na casa de R$ 190 milhões e já parcelada com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
O craque já declarou que se não houver a aprovação, a situação do clube ficará “insustentável”. “Não tem tempo hábil para outra gestão entrar, para preparar o futuro do clube. As dívidas, essas que dão o transfer ban, a gente vai ter algumas já para a próxima semana. Mas estou confiante (na aprovação).”
Árbitro definido
E mais...
Árbitro definido
O educador físico Felipe Fernandes de Lima, de 34 anos, será o árbitro da decisão do Campeonato Mineiro de 2022. Ele terá como assistentes Guilherme Dias Camilo e Celso Luiz da Silva. Já Emerson de Almeida Ferreira será o responsável pelo auxílio por meio do vídeo. Lima vai para o segundo clássico na carreira. Em 2020, ainda na primeira fase do Estadual, ele apitou Atlético 2 x 1 Cruzeiro. Neste Mineiro, ele foi escalado em seis partidas, sendo duas do Atlético (1 a 1 com o Villa Nova, em Nova Lima, e 2 a 0 sobre o América) e duas do Cruzeiro (2 a 1 sobre a Caldense, em Poços, e 2 a 0 sobre o Athletic, no primeiro duelo das semifinais).
Mariano abre mão do rótulo de favorito
Mesmo diante da grande fase do Atlético (multicampeão em 2021, com os títulos do Estadual, Copa do Brasil e Brasileiro e já com a taça da Supercopa nesta temporada), o lateral-direito Mariano rechaçou o favoritismo alvinegro diante do Cruzeiro, atualmente na Série B.
“Papel, nome e elenco não ganham jogo. É dentro de campo. Já tivemos exemplos de que não basta ter uma equipe de nome se você não fizer o melhor dentro de campo. Sabemos do elenco e do time que temos, do que conquistamos no ano passado. Mas, sábado, é 11 contra 11. Vai ter uma outra equipe que vai tentar dar o seu melhor, assim como estamos trabalhando para fazer nosso melhor”, comentou o experiente defensor, de 35 anos.
Ele espera o adversário com postura diferente em relação ao confronto da fase classificatória, com vitória alvinegra por 2 a 1. “Independentemente se uma equipe está superior ou inferior à outra, ou se é de Série A ou de Série B, clássico é clássico. Sabemos da dificuldade e da rivalidade, ainda mais em uma final de campeonato. Cada jogo é um jogo. Acho que eles estão trabalhando para fazer melhor do que fizeram no último jogo, assim como nós. Acredito que as duas equipes virão diferentes nessa final”, projetou.
Emprestado Com poucas oportunidades no elenco profissional do Atlético, o zagueiro Micael foi emprestado ao Houston Dynamo, dos Estados Unidos. No acordo pela cessão, o Galo ampliou o contrato do jogador de 21 anos e estabeleceu opção de compra dos direitos econômicos do atleta para a equipe, que disputa a Major League Soccer (MLS). Os valores e o período do empréstimo não foram divulgados. Destaque na categoria sub-20, com 50 partidas disputadas, Micael integrou o elenco vencedor do Triplete Alvinegro, com os títulos do Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, mas raras vezes atuou.