DANILO QUEIROZ
A Copa do Mundo de 2022 tem tudo para ser muito diferente para Neymar. Amado e, algumas vezes, odiado na mesma medida pelos torcedores brasileiros, o sempre intenso camisa 10 chega ao terceiro Mundial da carreira deixando no ar a possibilidade de ser o último. Por vários motivos, no Catar, o astro brasileiro está pronto para viver ao máximo a experiência que pode, de uma vez por todas, colocá-lo no patamar mais alto de idolatria do futebol nacional e fazê-lo ser lembrado muito mais pelos feitos mágicos nos gramados.
Em 2014, na trágica edição do Brasil marcada pela eliminação para a Alemanha com acachapantes 7 x 1, Neymar foi bem durante todo o torneio, mas ficou fora da fatídica queda, por lesão. Quatro anos depois, na Rússia, quando também foi atrapalhado por um problema médico meses antes da disputa, o camisa 10 ficou longe de demonstrar o melhor futebol. Terminou o torneio tachado pela pejorativa piada de "cai-cai" e com um status de decepção. Até mesmo pessoal.
No Catar, o destaque brasileiro chega com um semblante diferente. Neymar nunca teve um período pré-Copa tão positivo no quesito atuações em campo. Em números, o desempenho é resumido em 19 jogos com 15 gols e 11 assistências. Dados para reforçar a confiança. O próprio atacante vê um hexa de uma maneira diferente. Ontem, na viagem até Doha, postou uma foto no avião onde "bordou" a sexta estrela no escudo da Seleção.
Aos 30 anos, o atacante não deve mais ser rotulado como menino, assim como nas participações anteriores. Mais maduro na vida e no esporte, o astro do Paris Saint-Germain chega ao Catar com a responsabilidade de liderar outros nomes em ascensão. O agora "adulto Ney" é o mais velho da linha de frente. Mais do que isso: é referência de performance e fora de campo dos companheiros Vinicius Júnior, Raphinha, Rodrygo Richarlison, Antony, Pedro, Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli.
Revelado pelo Santos, o ex-menino da Vila Belmiro não precisa, necessariamente, se provar para ninguém. Multicampeão na passagem pela Europa, Neymar ainda corre atrás do sonho de levantar uma Copa do Mundo ostentando a famosa camisa 10 canarinha. No Catar, ele pode, inclusive, assumir a artilharia máxima da Seleção Brasileira e ultrapassar ninguém menos do que Pelé. A diferença de gols entre o Rei do Futebol e o candidato à príncipe é mínima: 74 contra 77. Se for bem na Copa, fatalmente baterá a marca.
A meta principal do camisa 10 tupiniquim, porém, é terminar o torneio com a taça. "A Copa do Mundo é o meu maior sonho. Foi desde que eu entendi o que era futebol. Agora, estou tendo outra chance. Então, espero conseguir. Todo mundo, obviamente, tem grandes esperanças para o Mundial e não me sinto exatamente ansioso, mas sim animado. Todo mundo quer estar na Copa do Mundo", ressaltou, em entrevista ao portal inglês The Telegraph.
Mesmo com duas Copas do Mundo nas costas, Neymar terá, no Catar, um torneio com desafios ainda não vivenciados na vitoriosa carreira. O protagonismo e a necessidade de ser o cara da Seleção Brasileira na caminhada em busca do hexacampeonato são os mesmos de 2014 e 2018. A liderança em campo e nos bastidores ganhou um upgrade provocado pelas novas necessidades adquiridas através da experiência na bola. Desta vez, o camisa 10 trintão aparenta um preparo, inclusive mental, mais apurado para encarar o desafio que, de uma vez por todas, vai separar o homem do menino.
Neymar
- Nome: Neymar da Silva Santos Júnior
- Nascimento: 5/2/1992
- Local: Mogi das Cruzes (SP)
- Posição: atacante
- Número da camisa: 10
- Clube: Paris Saint-Germain (FRA)
- Estreia na Seleção: 10/8/2010 - Brasil 2 x 0 Estados Unidos — amistoso
- Minutos em campo: 10.043
- Convocações: 129
- Jogos: 121
- Primeiro gol: 10/8/2010 - Brasil 2 x 0 Estados Unidos — amistoso
- Participações em Copas: 3 (2014, 2018 e 2022)
- Principais títulos: ouro nos Jogos Olímpicos de 2016, Copa das Confederações (2013), Libertadores
- (2011), Liga dos Campeões (2015), Mundial de Clubes (2015) Campeonato Francês (2018, 2019, 2020 e 2022) e Campeonato Espanhol (2015 e 2016)
Reinvenção e muita resiliência pela Copa
Um dos poucos jogadores do grupo da Seleção Brasileira a atuar no futebol nacional (Weverton e Pedro são os outros), o meia Everton Ribeiro precisou percorrer um grande caminho para superar a concorrência europeia pela vaga na Copa do Mundo. Porém, com base na resiliência demonstrada, principalmente, em um começo de ano abaixo do esperado, garantiu a convocação para a equipe.
Ribeiro sempre se entregou pela Copa. Nas férias de janeiro, manteve os treinamentos em dia para não perder espaço. Com o técnico português Paulo Martins, mudou de posição no Flamengo e ficou fora de alguns chamados do Tite. Com a chegada de Dorival Júnior no rubro-negro, voltou a atuar onde mais gosta, guiou o time carioca aos títulos e, enfim, garantiu o tão sonhado lugar no Catar.
Everton Ribeiro
- Nome: Everton Augusto de Barros Ribeiro
- Nascimento: 10/4/1989
- Local: Arujá (SP)
- Posição: meia
- Número da camisa: 22
- Clube: Flamengo (BRA)
- Estreia na Seleção: 6/9/2014 - Brasil 1 x 0 Colômbia — Amistoso
- Minutos em campo: 710
- Convocações: 33
- Jogos: 21
- Primeiro gol: 18/6/2021 - Brasil 4 x 0 Colômbia — Copa América
- Participações em Copas: Estreante
- Principais títulos: Campeonato Brasileiro (2013, 2014, 2019 e 2020), Copa do Brasil (2022), Supercopa do Brasil (2020 e 2021) e Libertadores (2019 e 2022)