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Estado de Minas Catar 22

Catar 22 // Um exemplo de camisa 9

Richarlison chega com a missão de balançar as redes após os centroavantes Fred e Gabriel jesus passarem em branco em 2014 e 2018. Mas a pressão não o assusta


23/11/2022 04:00 - atualizado 22/11/2022 23:44

Danilo Queiroz

Richarlison pode resgatar a magia da camisa 9 na Seleção Brasileira
Richarlison pode resgatar a magia da camisa 9 na Seleção Brasileira (foto: Silvio Avila/AFP)


Richarlison é um centroavante com um estilo próprio não visto há tempos na Seleção Brasileira. Irreverente e autêntico nas declarações como Romário e carismático no estilo como Ronaldo Fenômeno, tem na Copa do Mundo de 2022 a missão de ser goleador como as referências do tetra e do penta para clarear o caminho do hexacampeonato. Assim como na sua trajetória pessoal, o Pombo garantiu a participação no primeiro Mundial da carreira com perseverança, resiliência, humildade, solidariedade e muito talento.

O camisa 9 do técnico Tite cresceu na cidade capixaba de Nova Venécia em meio à simplicidade e encontrou no esporte uma forma de desabrochar. O atacante leva os aprendizados da época como características principais de sua personalidade. Ciente da responsabilidade de ser um astro bem-sucedido do mundo da bola, faz questão de dividir as conquistas por meio de ações sociais para os menos favorecidos. Richarlison também é forte defensor de causas sociais. Sempre que necessário, se posiciona a respeito de questões importantes na sociedade. Frequentemente, é exaltado por ser exemplo.

Ilustração Richarlison
(foto: Ilustrações: Kleber)


No maior espetáculo esportivo do mundo, onde mais de 5 bilhões de pessoas devem ser impactadas, o brasileiro pretende manter a postura tradicional do menino que começou a jogar bola em clubes pequenos do Espírito Santo. Isso inclui defender o que acredita. “Hoje, vivemos em um mundo muito perigoso, onde não podemos ter opiniões. Independentemente de qualquer coisa, seja contra o racismo, do movimento LBGT, eu apoio qualquer causa”, apontou.

Na Copa do Mundo, ele terá uma missão especial. Matar a saudade dos brasileiros de ver o camisa 9 da Seleção marcar um gol em uma edição do torneio. A última vez foi no longínquo 28 de junho de 2010. À época com 13 anos, Richarlison viu Luís Fabiano marcar um dos gols da tranquila vitória do time canarinho por 3 x 0 sobre o Chile, nas oitavas de final da África do Sul. Em 2014, no Brasil, Fred passou em branco. Em 2018, na Rússia, Gabriel Jesus também não honrou a mágica mística do número. Agora, chegou a vez de Richarlison resgatar a íntima relação das redes com essa história.

A cobrança para encerrar a série negativa existe. Richarlison, entretanto, não foge dela. “Quando você veste a 9, a primeira coisa que vem na cabeça é fazer gols. Graças a Deus, eu tenho bastante gols com a camisa da Seleção, jogando como 9. Com esses companheiros que tenho no ataque, creio que os gols vão sair naturalmente”, reforçou. “Na última Copa, a gente viu o esforço do Gabriel Jesus, o papel importante que ele fez na equipe, mas a cobrança vem porque ele é o 9, e o 9 tem que marcar gols. É normal”, seguiu.

Sonho do goleador A pressão será sentimento pequeno perto do que Richarlison sentiu em outubro, quando temeu perder a Copa por uma lesão. O atacante se recuperou a tempo de realizar a conquista mais almejada da carreira. “Esse sempre foi o meu sonho. Esse momento chegou. O professor Tite confia em mim, e eu agradeço por essa confiança de me dar a camisa 9. Ele sabe que sou um cara que faço muitos gols. Por isso, me deixou com a camisa nove. Ela muito pesada, a que tem mais gols em Copa do Mundo, e eu espero aumentar essa marca”, garantiu.

Os desafios dos próximos dias para Richarlison na Copa do Mundo serão muitos. Os mesmos superados no caminho de idolatria dos outros centroavantes, hoje idolatrados e com papel de referência para o jogador de 25 anos. Porém, com a evolução conquistada ao longo da vida, da infância em Nova Venécia até o ápice da carreira profissional em Doha, o atacante tem motivos de sobra para acreditar na possibilidade de ser um camisa 9 da Seleção Brasileira exemplar. Dentro dos gramados, com bolas na rede e talento, e fora deles, com a personalidade marcante de um campeão.


Richarlison

Nome: Richarlison de Andrade
Nascimento: 10/5/1997
Local: Nova Venécia (ES)
Posição: atacante
Número da camisa: 9
Clube: Tottenham (ING)
Estreia na Seleção: 8/9/2018 
Estados Unidos 0 x 2 Brasil - Amistoso
Minutos em campo: 2.185
Convocações: 43
Jogos: 38
Primeiro gol: 12/9/2018
El Salvador 0 x 5 Brasil - Amistoso
Participações em Copas: estreante
Principais títulos: ouro nos Jogos Olímpicos (2016) e Copa América (2019)


Ilustração Pedro


O rosto do  clamor popular

Vem Copa, vai Copa, a torcida brasileira sempre escolhe um nome para adotar como favorito e pedir incessantemente na Seleção. Na reta final do ciclo de preparação para da edição do Catar, o escolhido para receber tal carinho foi o atacante Pedro. Em grande fase no Flamengo, ele se reergueu após ganhar uma vaga como titular e, de gol a gol, clareou o percurso para ser um dos 26 convocados do técnico Tite.

De talento na área indiscutível, Pedro precisava apenas se encontrar. Mesmo quando não estava em grande fase no Flamengo, ganhava afagos de Tite e via as portas do time canarinho sempre abertas. Deslanchar no clube carioca foi apenas questão de uma série de oportunidades. Conforme ficou de bem com a rede, ganhou força popular e virou nome praticamente indiscutível na Copa. Mesmo como reserva. Apesar de estar no banco, ele é o centroavante de características únicas na Seleção Brasileira. Richarlison e Gabriel Jesus têm suas valências, mas Pedro pode ser considerado o nove raiz. O homem de área há tanto tempo ausente entre as opções do futebol nacional. Com vaga garantida no Catar, tem tudo para ser o homem responsável por mudar o estilo de jogo da equipe e deslanchar a fazer a tradicional referência à torcida após os gols.

Pedro

Nome: Antony Matheus dos Santos
Nascimento: 24/2/2000
Local: Osasco (SP)
Posição: atacante
Número da camisa: 19
Clube: Manchester United (ING)
Estreia na Seleção: 8/10/2021 - 
Venezuela 1 x 3 Brasil - Eliminatórias
Minutos em campo: 368
Convocações: 12
Jogos: 11
Primeiro gol: 8/10/2021
Participações em Copas: estreante
Principais títulos: ouro nos Jogos Olímpicos (2016) e Campeonato Holandês (2021 e 2022)


Ilustração Gabriel Jesus


A nova chance de salvação


A primeira Copa do Mundo de Gabriel Jesus, na Rússia, em 2018, terminou com pegada de apedrejamento. Com a responsabilidade de ser o camisa nove da primeira versão da família Bachi, o então atacante do Manchester City foi titular em todos os cinco jogos da Seleção Brasileira. Mesmo com uma média de 81 minutos em campo a cada partida, o atacante não colocou nenhuma bola na rede.

O sentimento de frustração foi mútuo. Nítido nas reclamações da torcida e nas autocríticas de Gabriel. No Catar, ele terá uma segunda chance de salvação do hexacampeonato tupiniquim. Desta vez, porém, ele não é o primeiro nome da posição e enfrenta forte concorrência para figurar no time titular. Mesmo assim, em grande fase no Arsenal, tem em mente a possibilidade de ser muito útil. 

Mais experiente e com a fase ruim superada após um processo de amadurecimento pessoal, Gabriel Jesus chega ao segundo Mundial da carreira carregando paz de espírito para fazer diferente no gramado. Em parte da passagem pelo City, inclusive, acostumou-se a se destacar e marcar gols entrando no segundo tempo das partidas. Bom presságio para o papel a ser cumprido por ele no Catar.


Gabriel Jesus

Nome: Gabriel Fernando de Jesus
Nascimento: 3/4/1997
Local: São Paulo (SP)
Posição: atacante
Número da camisa: 18
Clube: Arsenal (ING)
Estreia na Seleção: 1/9/2016 
Brasil 3 x 0 Equador - Eliminatórias
Minutos em campo: 3.739
Convocações: 62
Jogos: 56
Primeiro gol: 1/9/2016
Participações em Copas: 2 (2018 e 2022)
Principais títulos: Copa América (2019), ouro nos Jogos Olímpicos’2016, Campeonato Inglês (2018, 2019, 2021 e 2022), Campeonato Brasileiro (2016) e Copa do Brasil (2015)

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