O cientista escocês Ian Wilmut, que liderou o experimento que levou à clonagem da ovelha Dolly, em 1997, anunciou que vai trocar a clonagem de embriões humanos por uma técnica que dispensa o uso de embriões no desenvolvimento de células-tronco.
Wilmut, da Universidade de Edimburgo, disse acreditar que um novo método desenvolvido no Japão, que se utiliza de fragmentos de pele, possa ser melhor e "socialmente mais aceitável", do que a polêmica técnica que ele desenvolveu dez anos atrás, para desenvolver a cura de uma série de patologias.
Ativistas contrários à manipulação científica de embriões humanos elogiaram a decisão de Wilmut, embora o cientista negue ter tomado a decisão por questões éticas. "Nós não tomamos esta decisão porque é eticamente melhor. Para mim sempre foi aceitável do ponto de vista ético pensar que, se você pode usar células de um embrião humano para desenvolver tratamentos para uma doença como as doenças neurológicas motoras, que são incuráveis, então é uma coisa aceitável a fazer."
Wilmut e a sua equipe foram parar nas manchetes dos jornais do mundo todo em 1997, quando revelaram Dolly, o primeiro mamífero a ser criado a partir de uma célula adulta.
Para criar Dolly, Wilmut desenvolveu uma técnica de clonagem que envolvia criar células-tronco - que podem se transformar em qualquer célula do corpo humano - a partir de embriões humanos.
Recentemente, porém, o cientista adotou uma técnica desenvolvida pelo professor Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, Japão, que envolve modificar geneticamente células adultas para torná-las tão flexíveis quanto as células-tronco. A pesquisa, que deverá sair em uma publicação científica nesta terça-feira, foi feita em ratos.
'Mais potencial'
Wilmut disse que a sua própria equipe decidiu em uma reunião que o método japonês tem mais potencial que o que usa células embrionárias. "O trabalho que foi descrito no Japão, de usar uma técnica para transformar células de um paciente diretamente em células-tronco, tem muito mais potencial", disse o cientista.
"Embora tenha sido descrito apenas para ratos, quando estávamos considerando qual caminho tomar, se clonar ou copiar o trabalho do Japão, decidimos copiar o trabalho do Japão".
No futuro, a técnica poderá permitir desenvolver tecidos para substituir partes do corpo desgatadas.
Atualmente, porém, as células derivadas do processo são instáveis e potencialmente cancerígenas; portanto, os cientistas ainda precisarão aperfeiçoar o método para que ele seja usado em transplantes.
Wilmut diz acreditar, no entanto, que em cinco anos a nova técnica já oferecerá uma alternativa melhor, e mais aceitável do ponto de vista ético, à clonagem de embriões humanos.