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Estado de Minas PRESERVAÇÃO

Patrimônio paleontológico em Minas vai receber aporte para integração científica

Complexo de Peirópolis, na zona rural de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde está rico acervo de fósseis de dinossauros, receberá aporte de R$ 3 milhões para sua total reestruturação Marta Vieira


postado em 21/02/2011 10:21 / atualizado em 21/02/2011 10:50

Clique aqui para visualizar a imagem (foto: Animação EM)
Clique aqui para visualizar a imagem (foto: Animação EM)

Nova conquista no trabalho de preservação do rico acervo que conta a história da evolução das espécies em Minas Gerais, o projeto Uberaba Terra dos Dinossauros começa, neste mês, a sair da promessa para se tornar realidade. A primeira parcela dos recursos públicos de R$ 3 milhões compartilhados entre a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas (Sectes) e o Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT) chega ainda em fevereiro à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), responsável pela gestão e execução do empreendimento.

Considerada a capital nacional dos dinossauros, Uberaba abriga no Bairro de Peirópolis, distante 25 quilômetros do Centro da cidade polo do Triângulo Mineiro, um complexo cultural e científico que conserva raridades da paleontologia brasileira, entre fósseis e registros biológicos datados do fim do período Cretáceo, de 80 a 65 milhões de anos. A preservação desses registros e jazigos paleontológicos especiais não só no Brasil como na literatura mundial tem sido garantida por instituições, como o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price e o Museu dos Dinossauros.

O novo projeto consiste no fortalecimento e reestruturação do complexo já instalado e na ocupação da área construída pela extinta Rede Nacional de Paleontologia. A liberação dos recursos pelo MCT depende dos últimos procedimentos que definiram a UFTM como a instituição gestora, informa Vicente Gamarano, subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado de Minas Gerais. "O objetivo era buscar integração com a comunidade científica, transferindo toda a gestão do complexo à universidade. O estado cumpriu o papel de vislumbrar Uberaba como grande centro paleontológico nacional e permanece atento a novas oportunidades para desenvolver projetos", afirma.

Do convênio de R$ 3 milhões, o ministério participa com R$ 1,8 milhão, e o governo estadual, com R$ 1,2 milhão. A conclusão e o redesenho do projeto negociado desde o ano passado refletem, de acordo com Gamarano, um esforço de aproximação entre a comunidade científica, a Sectes e a União. Vale destacar que o estado sai beneficiado com um avanço na proteção de seu patrimônio paleontológico, pouco depois de ganhar seu primeiro mapa paleontológico, que indica toda a riqueza descrita em Minas. O documento cartográfico foi elaborado pelo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) a pedido do Ministério Público Estadual.

O projeto Uberaba

Terra dos Dinossauros constitui as iniciativas de ocupação do prédio construído para abrigar a extinta Rede Nacional de Paleontologia com exposições e um centro cultural em torno do tema, a ampliação do acervo de fósseis, a criação de um jardim paleobotânico e a implantação do geoparque. A iniciativa é um dos mais audaciosos investimentos no país em integração da informação científica, geração de novos dados e conhecimento de paleontologia, na opinião de Luiz Carlos Borges Ribeiro, diretor do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price e do Museu dos Dinossauros.

"Se não houver uma constante geração de novos projetos que enfoquem a pesquisa, ensino, divulgação e preservação do patrimônio paleontológico local e regional, teremos um forte retrocesso", afirma Borges Ribeiro. O geoparque reforça, por sua vez, o chamado Projeto Geoparques do Brasil, do Serviço Geológico do Brasil/CPRM. A ideia é identificar, descrever, criar inventários e divulgar geossítios, com o objetivo de ampliar a influência e a visibilidade das atividades relacionadas às geociências, particularmente, à paleontologia, explica o geólogo Carlos Schobbenhaus, coordenador nacional do Projeto Geoparques pela CPRM e presidente da Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos.

Estão definidos cinco geossítios para a criação do geoparque, localizados num raio de 40 a 50 quilômetros do Bairro de Peirópolis. São eles: Ponte Alta, Caieira, Peirópolis, que abriga o complexo cultural e científico; Univerdecidade, Uberabense e Serra da Galga. O geossítio da Caieira tem um grande destaque em fósseis do Cretáceo continental brasileiro, com a descrição de seis fósseis únicos no mundo.

O Univerdecidade é formado por áreas da malha urbana de Uberaba, e o geossítio Serra de Galga foi o local onde os cientistas encontraram o fóssil do Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro do Brasil e um dos últimos animais da espécie a viver no planeta.

Incursão pela pré-história 

Uma viagem instigante a Uberaba de 70 milhões de anos atrás vai mostrar ao público a diversidade dos ecossistemas, que, hoje, podem ser considerados joias da paleontologia. Essa incursão se estenderá aos registros das primeiras formas de vida que povoaram outros estados do Brasil. Este será o novo desenho das exposições que vão ocupar o prédio destinado anteriormente à Rede Nacional de Paleontologia. O paleontólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, diretor do Centro de Pesquisas Llewelling Ivor Price revela que estão previstas 11 réplicas em tamanho natural dos animais descritos em Peirópolis e únicos no mundo.

As reproduções fazem parte do projeto Vida Pré-Histórica, que será estruturado no saguão principal da sede da extinta Rede Nacional de Paleontologia. A primeira réplica está pronta e dá vida ao Uberabatitan ribeiroi, dinossauro herbívoro do grupo dos titanossauros. Outra réplica está sendo confeccionada para retratar um grande dinossauro carnívoro denominado Abelissauro, também encontrado no município. O esqueleto estará disponível para visitação até junho. Borges Ribeiro destaca, ainda, a réplica de um mamífero conhecido como Eremotherium laurillardi, representação do animal fóssil mais novo de Uberaba, com idade indefinida entre 10 mil e 50 mil anos.

No projeto da Exposição de Fósseis do Brasil, o foco está em formas de vida que habitaram o país tanto em ambientes continentais quanto marinhos e em eras e períodos geológicos diversos, o que Luiz Carlos chama de "verdadeiro apanhado paleontológico do Proterozoico ao Pleistoceno do Brasil". "Vamos mostrar que nem todos os fósseis foram extintos e dar uma visão sistêmica de diversas formas de vida", conta o professor. Para aguçar a curiosidade, há dois exemplos da riqueza do projeto: troncos fósseis de samambaias e coníferas gigantes que viveram há 300 milhões de anos nos estados de Tocantins, Maranhão e Piauí.

Vida de 80 a 65 milhões de anos atrás

Os sítios paleontológicos de Peirópolis são reconhecidos no mundo por representar uma das mais ricas e diversificadas faunas de vertebrados e invertebrados do fim do período Cretáceo, datados de 80 a 65 milhões de anos. Na região foram descritos diversos dinossauros, crocodilomorfos e outros répteis, além de anfíbios, peixes, moluscos, crustáceos e vegetais.

Os fósseis estão em perfeito estado de conservação, retratando junto às rochas da região os ecossistemas terrestres que antecederam as grandes formações ambientais do fim da era Mesozoica, período em que houve a extinção em massa dos dinossauros e foram dizimados cerca de 70% da vida existente na terra e nos mares.

O que é o projeto?

>>Reestruturação do prédio da extinta Rede Nacional de Paleontologia, que passará a abrigar duas exposições:

>> Vida Pré-Histórica e Fósseis do Brasil, além de laboratórios de replicagem e preparação de fósseis e reserva técnica adequada para acondicionar os mais de 4 mil exemplares fósseis depositados no Centro Price e Museu dos Dinossauros

>>Ampliação e revitalização da exposição e edificações do Museu dos Dinossauros

>>Implantação do jardim paleobotânico

>>Construção do parque Cretáceo em Uberaba

>>Implantação do Geoparque Uberaba Terra dos Dinossauros


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