O antropólogo Philip Reno, professor da Universidade de Penn State, que participou do estudo, explica que, para identificar essas regiões, os cientistas utilizaram métodos de sequenciamento por computador. “A tecnologia nos permitiu investigar a fundo o genoma de humanos e de outros mamíferos para encontrar áreas que são únicas no homem. Agora podemos correlacionar essas informações com características humanas específicas”, explicou ao Correio.
Órgão sexual
Uma das peculiaridades, destacam os autores, está no pênis. Em muitos mamíferos, o órgão é recoberto por uma camada epitelial queratinizada, formando espinhos. “Graças a Deus, o pênis humano não é assim”, brinca Bejerano. “Essa diferença se deve ao fato de que, no processo de evolução, perdemos o decodificador de um gene (relacionado aos receptores do andrógino, o hormônio masculino)”, explica.
“A morfologia peniana simplificada tende à associação com estratégias reprodutivas monogâmicas em primatas. A falta de espinhos diminui a sensibilidade táctil e aumenta a duração da penetração, indicando que sua perda, na linhagem humana, pode estar associada à maior duração da cópula na nossa espécie, comparando-se aos chimpanzés”, diz o estudo. “Geralmente, pensamos que o tamanho do cérebro e a posição bípede são as características-chave que nos fazem humanos. Mas outra diferença é o comportamento sexual”, esclarece Philip Reno.
O pesquisador conta que outra área onde genes não codificadores existem apenas nos chimpanzés encontra-se perto de um gene supressor de tumores, que se expressa no cérebro. “Durante o desenvolvimento dos mamíferos, muitos neurônios morreram no processo de formação do cérebro. A falta da sequência que regula a expressão desse gene levou à morte das células e ao aumento do tamanho do órgão”, afirma Reno.